UMA VIDA DE PROFUNDA FÉ, RESILIÊNCIA E CARIDADE INABALÁVEL.
Dos doentes (principalmente de Câncer); dos idosos; das crianças; das mulheres grávidas que estão para dar a luz ou que deram a luz em pouco tempo.
Festa Litúrgica, dia 09 de julho.
ORAÇÃO
Ó Santa Paulina, que puseste toda a confiança no Pai e em Jesus e que, inspirada por Maria, decidiste ajudar o povo sofrido, nós te confiamos a Igreja que tanto amas, nossas vidas, nossas famílias, a Vida Consagrada e todo o povo de Deus.
(Fazer os pedidos)
Santa Paulina, intercede por nós junto a Jesus, a fim de que tenhamos a coragem de lutar sempre na conquista de um mundo mais humano, justo e fraterno. Amém.
HISTÓRIA
SANTA PAULINA DO CORAÇÃO AGONIZANTE DE JESUS, nasceu em 16 de dezembro de 1865, em Vigolo Vattaro, no Tirol, uma região que à época pertencia ao Império Austro-Húngaro (atual Itália). Seus pais, Antônio Napoleone Visintainer e Anna Peinezzer, eram humildes agricultores, dedicados à substência da família através do cultivo da terra.
Foi batizada no dia seguinte do seu nascimento, 17 de dezembro de 1865, na Igreja de São Pedro, em Vigolo Vattaro. Recebeu o nome de Amábile Lúcia Visintainer, em hora a Nossa Senhora, seguindo a tradição católica da época.
A infância de Amábile foi marcada pela simplicidade e pelo trabalho árduo da vida camponesa europeia do século XIX. Em sua casa humilde, mas acolhedora, a participação na missa, a recitação do terço e o auxílio aos vizinhos era práticas diárias que moldaram a espiritualidade da menina.
No entanto, a pobreza e a escassez de oportunidade no Tirol Levaram muitos a buscar uma nova vida. Em 1875, quando Amébile tinha apenas 9 anos, sua família tomou a difícil decisão de emigrar para o Brasil. A longa e precária viagem de navio foi um experiência transformadora, expondo a jovem Amábile às fragilidades da condição humana e fortalecendo seu espírito de adaptação e perseverança.
Ao desembarcar no Brasil, os Visintainer se estabeleceram em Vígolo, uma pequena colônia de imigrantes em Nova Trento, Santa Catarina. A vida de pioneirismo exigia esforço extremo: desbravar a mata, construir moradias e cultivar a terra. Amábile, mesmo em tenra idade, participava ativamente das tarefas domésticas e agrícolas, desde o cuidado com os irmãos mais novos até a ajuda na lavoura, Essa rotina de sacrifício forjou sua disciplinas, praticidade e capacidade da superação.
Apesar das dificuldades materiais, a vida espiritual de Amábile florescia. A fé era o centro da comunidade de Vígolo, que se reunia em torno de uma pequena capela. Amábile era assidua às celebrações, participava da catequese e auxiliava nas atividades da igreja, demonstrando uma notável devoção e pureza de coração.
O despertar de sua vocação para o serviço ao próximo ocorreu de forma concreta em 1887. Aos 22 anos, foi confrontada com uma situação de extremo sofrimento: Angela Viviani, uma mulher idosa da comunidade, estava gravemente enferma com câncer em estágio avançado, vivendo em condições de total abandono e miséria, em um casebre insalubre. Movida por uma profunda compaixão, Amábile, sem hesitar, dedicou-se integralmente aos cuidados dessa senhora, oferecendo-lhe não apenas o auxílio físico e higiênico, mas também conforto espiritual e dignidade.
Esse ato de caridade radical, realizado sem qualquer estrutura formal, revelou-lhe um chamado irrefutável de Deus para servir aos mais vulneráveis. A partir dessa experiência, a notícia de seu desprendimento e caridade se espalhou, e outras pessoas doentes e idosas, que a sociedade havia esquecido, começaram a ser acolhidas em sua própria casa. Essa situação de necessidade urgente e sua resposta incondicional a ela foram o ponto de partida para a formalização de sua vida religiosa e a fundação da futura congregação.
O semente da futura congregação nasceu em 12 de julho de 1890, quando Amábile, com o apoio de sua amiga Virgínia Rosa Nicolodi e sob a orientação do jesuita Padre Luigi Rossi, fundou a obra que se tornaria as Irmãzinhas da Imaculada Conceição. O local era um simples barracão de pau a pique, doado por seu pai, onde as primeiras irmãs viviam, rezavam e cuidavam dos doentes. Foi onde Amábile, estabeleceu a máxima que guiaria a congregação: "nunca, jamais desanimar, embora venham ventos contrários."
Em 1895, a crescente comunidade foi reconhecida oficilamente pelo Bispo de Curitiba, Dom José de Camargo Barros. Amábile, ao fazer seus votos religiosos adotou no nome de Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus, expressando sua devoção ao sofrimento de Cristo e sua identificação com os aflitos. Ela foi eleita a primeira Superiora Geral, e sob sua liderança, a congregação expandiu-se rapidamente, fundada novas casas e Santa Catarina e, posteriormente, em São Paulo.
Em 1903, para atender às necessidades de uma cidade em crescimento e por solicitação do Bispo, a Casa Geral da Congregação foi transferida para São Paulo. Esse movimento representou um passo audacioso, mas também o inicio de novos desafios.
Um momento muito difícil e, ao mesmo tempo, de grande crescimento espiritual na vida de Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus começou em 1909. Devido a complexas intrigas internas e influências externas, ela foi retirada do cargo de Superiora Geral. A decisão, que a atingiu profundamente, foi aceita com uma humildade extraordinária e uma obediência exemplar. Sem reclamar ou questionar, ela foi enviada para a Casa Provincial em Bragança Paulista e, posteriormente, retornou à Casa Geral no bairro do Ipiranga, em São Paulo, onde viveu por quase três décadas na obscuridade.
Durante esse longo período de "exílio silencioso", Irmã Paulina dedicou-se aos trabalhos mais simples e humildes da casa: cuidando dos doentes e idosos (aqueles por quem sua vocação havia nascido), realizando serviços de limpeza, cozinha e costura. Sua paciência inabalável, sua resignação total à vontade de Deus e sua capacidade de perdoar as injustiças sofridas foram testemunhas vivos de sua profunda união com Cristo, Ela vivia o carisma da Congregação em sua forma mais pura, sem poder formal ou reconhecimento, tornando-se um modelo de serviço abnegado e de profunda fé vivida na simplicidade.
O reconhecimento Tardo e a Morte Santificada
O reconhecimento da grande injustiça sofrida por Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus começou em 1933, por ocasião dos 60 anos da chegada dos imigrantes tiroleses ao Brasil e dos 40 anos da Congregação. O arcebispo de São Paulo. Dom Duarte Leopoldo e Silva, reconheceu publicamente seu papel fundacional e a grandeza de sua vida. Esse gesto trouxe consolo e reparação.
Em 1942, pouco antes de seu falecimento, Irmã Paulina foi oficialmente reconhecida como Co-Fundadora e Eterna Superiora da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, um tardio, mas significativo, reconhecimento.
Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus faleceu em 9 de julho de 1942, aos 76 anos, na Casa Geral da Congregação em São Paulo. Sua morte foi serena, após uma vida de total entrega a Deus e ao próximo, marcada por dores físicas (perdeu a visão e sofria de diabetes), mas sempre com uma paz interior que emanava de sua fé inabalável. Seu corpo foi sepultado no cemitério da Consolação, em São Paulo.
O caminho para os altares e o Legado eterno.
O processo de canonização de Irmã Paulina do Coração Agonizante de Jesus teve início em 1966, impulsionado pela crescente devoção popular e pelos relatos de milagres atribuídos à sua intercessão.
• Beatificação: Em 18 de outubro de 1991, em Florianópolis, Santa Catarina, a Irmã Pauliana foi beatificada pelo Papa João Paulo II.
O milagre que fundamentou sua beatificação foi a cura de Eluíza Rosa de Souza, que se recuperou de um henorragia uterina grave e incurável.
• Canonização: Em 19 de maio de 2002, no Vaticano, o Papa João Paulo II a canonizou, proclamando-a a primeira santa do Brasil sob o nome de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus.
O milagre que levou à canonização foi a recuperação surpreendente de Isis Regina Machado de Souza, que se curou de um como profundo e irreversível após um acidente de carro em 1992.
O legado de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus é imenso e continua a inspirar a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, por ela fundada, atua incansavelmente no Brasil e em diversos outros países, dedicando-se as obras de educação, saúde, assistência social e cuidado aos idosos, crianças e marginalizados.
A vida de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus é um poderoso testemunho de:
• Fé inabalável: Sua confiança em Deus permaneceu firme mesmo nas maiores provações.
• Caridade radical: Entregou sua vida ao serviço dos mais pobres e abandonados vendo neles a face de Cristo.
• Humildade e obediência: aceitou com serenidade as humilhações e o afastamento, vivendo o Evangelho de forma autêntica.
• Resiliência e perseverança: Superou as adversidades da imigração, da pobreza e das injustiças pessoais com notável coragem.
Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus não é apenas uma figura histórica; ela é um convite perene à vivência do amor cristão, à entrega total a Deus e ao serviço desinteressado ao próximo. Sua história continua a ressoar profundamente no coração do povo brasileiro, lembrando-nos do poder transformador da fé e da compaixão.
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