O que faz com que pessoas de distintos setores abandonem qualquer forma de participação em uma comunidade de fé?, é a principal pergunta do arcebispo de Porto Alegre, dom Jaime Spengler, diante dos números do Censo de 2022 sobre a religião dos brasileiros. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou no dia 6 de junho. O número de católicos no Brasil continua caindo, passando de 65,1% da população no último Censo, de 2010, para 56,7% agora. O crescimento dos autodeclarados evangélicos continua crescendo, passando de 21,6% da população em 2010 para os atuais 26,9%.
A parcela dos que se declaram sem religião que preocupa dom Jaime passou de de 7,9% em 2010 para 9,3% hoje.“Ainda que o número dos ditos desigrejados fosse mínimo, isto deveria engajar toda a comunidade eclesial”, disse o cardeal, que é também presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Eclesial Latino-Americano e Caribenho (CELAM) à ACI Digital. “Afinal, Jesus veio para todos”.
“Ainda que o número dos ditos desigrejados fosse mínimo, isto deveria engajar toda a comunidade eclesial”, disse o cardeal, que é também presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Eclesial Latino-Americano e Caribenho (CELAM) à ACI Digital. “Afinal, Jesus veio para todos”.
Para dom Jaime, “importante é ter presente em que consiste a missão evangelizadora da Igreja: anunciar o Evangelho, estando atentos aos sinais dos tempos, sem transcurar as consequências sociais da mensagem cristã assumida pessoal e comunitariamente, como também nos orientou o papa Francisco com documentos como a Laudato Sì, Laudate Deum, Querida Amazônia, Frateli Tutti”.
Até os anos 1960, mais de 90% da população brasileira se declarava católica. “É sabido que houve um movimento para desestabilizar um modelo de vida cristã na América Latina, a partir dos anos 1960”, disse dom Jaime. “Ao mesmo tempo, não se pode ignorar as grandes transformações sociais no Ocidente a partir de 1968. No aspecto eclesial houve opções de distintos setores, em diferentes contextos que a partir sobretudo dos anos 1980 produziram consequências que continuam repercutindo no presente.”
Mesmo que os autodeclarados católicos ainda sejam a maioria da população pesquisa internacional em 36 países do mundo mostrou que o cumprimento do preceito de ir à missa dominical no Brasil é dos mais baixos: 8%. Menos do que na França, país de longa tradição anticlerical. Números da arquidiocese de São Paulo (SP) levantados no sínodo arquidiocesano que teve início em 2017 mostram que a situação é ainda pior na cidade. Apenas 6% dos católicos vão à missa no domingo.
“Certamente a frequência à celebração eucarística é fundamental para alimentar a vida de fé e a vida da comunidade”, diz do Jaime. “No entanto, é a partir da Palavra, do Evangelho que podemos compreender o que significa ter o direito de participar regularmente da Mesa da Palavra e da Mesa do Corpo do Senhor”.
“A Igreja não é constituída simplesmente de adeptos, mas de discípulos e discípulos do Senhor. Isto implica formação, o cultivo de senso de pertença e de corresponsabilidade pela comunidade. A Igreja do Brasil tem se empenhado em promover a vida comunitária. Neste sentido, as Paróquias são convidadas a ser ‘comunidade de comunidades’. Ao mesmo tempo se faz necessário resgatar e promover sempre mais o lugar da Palavra em nossas comunidades. Creio que o verdadeiro futuro para a Igreja, e também da sociedade se encontra na Palavra, que conserva a promessa de Deus para a humanidade de todos os tempos. A Palavra nos restitui a nossa identidade: somos todos, todos filhos e filhas de Deus, e irmãos entre nós. Todo e qualquer esforço para promover a evangelização, seja em que ambiente for, passa pelo conhecimento, estudo, aprofundamento e oração a partir da Palavra”, disse dom Jaime Spengler.
Reportagem: Marcos Koboldt
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