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quinta-feira, 26 de setembro de 2024

SÉRIE SANTOS CASADOS.

A santidade no matrimônio ao longo dos séculos

SANTA ISABEL e SÃO ZACARIAS
Os pais de São João Batista
Na transição entre a Antiga e a Nova Aliança, encontramos um casal ao qual as Sagradas Escrituras prestam enorme louvor:

Houve no tempo de Herodes, rei da Judeia, um sacerdote chamado Zacarias, de ordem de Abias, e sua mulher era da descendência de Aarão, e chamava-se Isabel. E ambos eram justos diante de Deus, caminhando irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor, e não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e ambos se achavam em idade avançada.
(Lc 1,5-7) 

De acordo com a passagem, Zacarias era da ordem sacerdotal de Abias, a oitava de vinte e quatro ordens em que todo o sacerdócio do Antigo Testamento estava dividido e que eram designadas, por sorte, para oferecer incenso diariamente no templo (Lc 1, 8-9). Zacarias (em hebraico: zekaryah, "o Senhor lembra"), então, era filho de um sacerdote. Não se obrigava a casar o filho de um sacerdote judeu com a filha de um sacerdote judeu, mas este era considerado um sinal especial de fidelidade à Lei do Senhor. Ainda é assim entre as família rabínicas ortodoxas, Zacarias seguiu o costume e casou-se com uma virgem da mais alta classe de Aarão, chamada Isabel (em hebraico: elisheba, "Deus jurou"; outras interpretações: "Deus é sete", ou seja, a perfeição; outros, ainda, afirmam que é um nome derivado do nome hebraico de Deus, El, e beth "lar", "casa de Deus").

Ao contrair matrimônio respeitando fielmente seus costumes ancestrais, o casal viveu sua vida conjugal estritamente de acordo com os preceitos e comandos de Deus. Eram ambos - como dizem as Escrituras em Lucas 1,6 "justos diante de Deus, caminhando irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor". Tal julgamento acerca da conduta de um casal israelita era de fato bastante elogiosa. "Um profundo sentimento religioso interior e uma piedade exemplar caracterizou a vida dessa casal".

Nem todas as pessoas casadas viviam daquela maneira, nem mesmo as famílias sacerdotais em Israel. Havia também uma abordagem menos rigorosa. Seus adeptos acreditavam que eram mais liberais, que seguiam seu tempo. Não queriam entrar em conflito com Deus, mas também não queriam conflito com o mundo. Estar de acordo com a cultura contemporânea era mais importante do que viver estritamente de acordo com a Torá. Especialmente nas classes sacerdotais superiores, havia defensores desse modo saduceu de pensar.

Ao louvar as virtudes dos esposos Zacarias e Isabel, a intenção do evangelista Lucas era dar a devida atenção à ausência de filho do casal. Entre as pessoas de Israel na época, tal condição não era considerada apenas um pesado fardo, mas também uma sentença divina, a punição por graves pecados cometidos contra Deus. Se Zacarias e Isabel, mesmo em seu profundo pesar pela falta de filhos, não deixaram de viver de maneira justa, sua piedade então resistiu à prova de fogo. 

Eles carregaram sua cruz humildade. Talvez por isso mereceram um favor especial de Deus: "Não temas, Zacarias, porque foi ouvida a tua oração; e tua mulher Isabel te dará à luz um filho, e Pôr-lhe-ás o nome de João" (Lc 1,13) (Iôannês é o nome grego para o hebraico (Yehôhanan, "Deus é misericordioso"). Aquele era de fato o nome mais adequado à criança que iria preparar o caminho do Redentor e anunciar o tempo da graça do Senhor.

É humanamente compreensível que Zacarias ficasse perplexo com o anúncio do anho e perguntasse: "Como terei certeza disso? Porque eu sou velho, e minha mulher está avançada em anos" (Lc 1,18). A dúvida de Zacarias, no entanto, mereceu um castigo expiatório, pois tratava-se de um anjo, um mensageiro de Deus, que lhe havia comunicado esse milagre, e o fizera em um lugar sagrado, num templo. Para um sacerdote do Antigo Testamento, aquilo deveria ter bastado para evocar a sua fé e uma grata e jubilosa confirmação do que lhe fora revelado. 

Da parte de Isabel, não há registro de dúvidas e hesitações nas Sagradas Escrituras. A opinião de Pe. Ketter provavelmente está correta: "Sua alma feminina conhecia melhor aquele campo misterioso, onde a natureza encontra o sobrenatural, do que conhecia a alma sacerdotal de seu marido". 

Uma nova fase da vida começou para aquele casal, especialmente para Isabel. Apenas as mães conseguem compreender na pele que transformação se deu em todo o seu ser, quando o Criador a convocou ao Seu serviço, mesmo que ela já se encontrasse em idade avançada.

"E aconteceu que, depois de terem acabado os dias do seu ministério, retirou-se para sua casa; e, alguns dias depois, Isabel, sua mulher, concebeu, e durante cinco meses esteve escondida, dizendo: Eis a graça que o Senhor me fez, nos dias em que me olhou para tirar meu opróbrio de entre os homens (Lc 1,23-25). O que podemos deduzir a partir desse solilóquio de Isabel que Lucas nos transmitiu? Por um lado, ela tinha  consciência de que a criança que concebera fora um bênção e um sinal da generosidade divina, afinal, ela e o marido haviam desejado um filho por longo tempo e rezado juntos anos após ano com tal intenção. Além disso, ela era grata a Deus por libertá-la da vergonha que carregava os olhos dos homens. Mas por que Isabel permaneceu em total reclusão por cinco meses? Será por querer aparecer novamente entre os vizinhos apenas quando ficasse evidente que Deus lhe livrara de sua vergonha de não ter filhos? Outro motivo, mais sublime, a manteve em casa em silêncio: ela refugiou-se das atividades do mundo para ficar sozinha com Deus e assim oferecer a seu bebê, naqueles cinco meses de retiro e silêncio, um ambiente propício para seu desenvolvimento e também as bênçãos abundantes de um diálogo ininterrupto com Deus. Astuciosamente, observou-se que nesse período silencioso de Isabel, tornou-se parte da carne e do sangue de seu filho o amor o silêncio e à solidão que ele mais tarde viria a procurar no deserto. E a base fundada durante esses cinco meses de crescimento silencioso no ventre de sua mãe foi completada, então, no sexto mês, com o sopro do Espírito Santo ao Maria visitar Isabel. O primeiro encontro das duas mães abençoadas foi acompanhada de milagres da graça, e ainda mais abundante foi a corrente de bênçãos que jorrou durante os três meses que aquelas duas mulheres grávidas passaram juntas (cf. Lc 1,39-56).

Quando, ao fim dos nove meses, Isabel deu à luz seu filho e segurou-o em seus braços, foi um dia glorioso não apenas para ela e seu marido, Zacarias: "E os seus vizinhos e parentes, ouviram como o Senhor tinha assinalado com ela a sua misericórdia, e congratulavam-se com ela" (Lc 1,58). Depois de anunciar o nascimento de um filho a Isabel, o anjo Gabriel dissera a Zacarias: "será para ti motivo de gozo e de alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento" (Lc 1,14). Zacarias comemorou ademais o fato de ter-lhe sido tirado o castigo da mudez. Podendo falar novamente, louvou e agradeceu a Deus, profeticamente e com todo o seu coração: "E Zacarias, seu pai, foi cheio do Espírito Santo, e profetizou, dizendo: 'Bendito seja o Senhor, Deus de Israel'" (Lc 1,67-68)

Não sabemos o que aconteceu depois da vida do casal Isabel e Zacarias. As Sagradas Escrituras não tratam do assunto. De todo modo, os louvores divinos cantados por Zacarias ainda ressoam, no cântico conhecido como Benedictus, recitado na hora litúrgica das Laudes, e proferido todos os dias por religiosos e sacerdotes no Ofício Divino. De acordo com o apócrifo Apocalipse de Zacarias, da virada do século IV, Zacarias foi assassinado por Herodes, no templo. Não há dúvidas de que ele foi considerado santo desde as mais antigas eras cristãs, e seu dia é 5 de novembro, o mesmo de sua santa esposo, Isabel. Embora apenas depois da reforma do calendário litúrgico, iniciada pelo Concílio Vaticano II, os santos casados passassem a ser celebrados no mesmo dia, e não em dias separados (Joaquim e Ana, pais da Santíssima Virgem, e o casal imperial Santo Henrique e Santa Cunegundes, por exemplo), os pais de João Batista sempre foram celebrados na mesma data e aparecem mencionados juntos no Martirológio Romano, no registro de 5 de novembro: "O santo sacerdote e profeta Zacarias, pai de São João Batista, mensageiro do Senhor, e Santa Isabel, mãe do futuro santo profeta".

HOLBÖCK, Ferdinand. Santos Casados: A santidade no matrimônio ao longo dos séculos. P. 16, RS: Minha Biblioteca Católica 2020.


TRECHOS BÍBLICOS

Lc 1,8-9
"Ora, aconteceu que, ao desempenhar ele as funções sacerdotais diante de Deus, no turno de sua classe, coube-lhe por sorte, conforme o costume sacerdotal, entrar no Santuário do Senhor para oferecer o incenso".

Lc 1,6
"Ambos eram justo diante de Deus e, de modo irrepreensível, seguiam todos os mandamentos e estatutos do Senhor."

Lc 1,13
"Disse-lhe, porém, o Anjo: "Não temas, Zacarias, porque a tua súplica foi ouvida, e Isabel, tua mulher, via te dar um filho, ao qual porás o nome de João".

Lc 1,18
"Zacarias perguntou ao Anjo: "De que modo saberei disso? Pois eu sou velho e minha esposa é de idade avançada".

Lc, 23-25
"Completamos os dias do seu ministério, voltou para casa. Algum tempo depois, Isabel, sua esposa, concebeu e se manteve oculta por cinco meses, dizendo: "Isto fez por mim o Senhor, quando se dignou retirar o meu opróbrio perante os homens!"

Lc 1, 39-56
"Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente a uma cidade de Judá. Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite? Pois quando a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu ventre. Feliz aquela que creu, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!"
Maria, então disse:
"Minha alma engradece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meus Salvador, porque olhou para a humildade de sua serva.
Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor.
Seu nome é santo e sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem.
Agiu com a força de seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso.
Depôs poderosos de seus tronos, e a humildade exaltou. 
Cumulou de bens e famintos e despediu ricos de mãos vazias.
Socorreu Israel, seu servo, lembrado de sua misericórdia - conforme prometera a nossos pais - em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre!"
Maria permaneceu com ela mais ou menos três meses e voltou para casa".

Lc 1, 58
"Os vizinhos e os parentes ouviram dizer que Deus a cumulara com sua misericórdia e com ela se alegraram".

Lc 1,14
"Terás alegria e regozijo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento". 

Lc 1,67-68
"Zacarias, seu pai, repleto do Espírito Santo, profetizou: 
Bendito seja o Senhor Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo".

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

COMEÇA HOJE A NOVENA AOS SANTOS ANJOS DA GUARDA.

"Invoque seu Anjo da Guarda, que irá iluminar você e guiá-lo. Deus o deu a você por este motivo. Portanto, valha-se dele", dizia são Pio de Pietrelcina, que durante sua vida teve uma grande proximidade com seu anho da guarda, o qual se tornou seu confidente e conselheiro.

Próximo da festa dos anjos da guarda, que é celebrada em 2 de outubro.

- Pelo sinal da Santa Cruz...
- Em nome do Pai do Filho...

Oração Inicial
Santo Anjo da Guarda, guardai-nos de todas as ciladas do inimigo astucioso. Deus, vinde em meu auxílio. Apressai-vos, Senhor, em socorrer-me.
- Glória ao Pai ao Filho ao Espírito...

Ó Santo Anho da minha Guarda, dou-vos graças pelos cuidados que tivestes comigo desde os primeiros dias de minha vida, livrando-me dos perigos espirituais e corporais. Ajudai-me com suas santas aparições, para que, sendo fiel a elas, consiga viver santamente, neste mundo, e gozar, depois, de vossa companhia na pátria celestial. Amém.

PRIMEIRO DIA
Intenção: Para que o Senhor nos torne dignos de sermos abrasados de uma perfeita caridade.
 - Pai-Nosso que estais nos céus...
- 3 Ave- Marias 

    

domingo, 22 de setembro de 2024

SETEMBRO, MÊS DA BÍBLIA

DEVOÇÃO A BIBLIA SAGRADA

A devoção à Bíblia Sagrada no Brasil.
A bíblia Sagrada foi usada pela primeira vez em solo brasileiro durante a famosa celebração da Missa realizada logo após a chegada dos portugueses. Durante os anos que se seguiram, certamente, os missionários não mediram esforço para ensinar as Sagradas Escrituras e, com o crescimento das instituições religiosas, e o surgimento de gráficas nas quais puderam ser impressos muitos exemplares, a Bíblia Sagrada, depois de mais de quinhentos anos de história, é bem conhecida em nosso país. Como se disse acima, a Igreja Católica dedica o mês inteiro de setembro a propagar o livro sagrado e a refletir sobre o lugar de destaque que a Palavra de Deus merece na vida dos seguidores e seguidoras de Cristo. Em muitos lugares do país acontecem festas dedicadas a celebrar a devoção à Bíblia Sagrada e, já há cinquenta anos, ela é celebrada no último domingo de setembro, conhecido como o Domingo da Palavra de Deus. E você, tem alguma manifestação diferente de devoção à Bíblia Sagrada para compartilhar conosco? 

sábado, 21 de setembro de 2024

SETEMBRO, MÊS DA BÍBLIA.

DEVOÇÃO A BÍBLIA SAGRADA

Santos que foram devotos da Bíblia Sagrada.
Todos os santos e santas que conhecemos dedicaram muitos esforços para adequarem as suas vidas à Palavra de Deus, e por esta razão são chamados de santos. Em todos o registros e biografias desses nossos irmãos que foram exemplos para nós certamente poderemos encontrar alguma passagem ou acontecimento importante, ligados às Sagradas Escrituras. De Santo Agostinho a São Francisco de Assis, inúmeros são os exemplos de conversão ocorrida durante a leitura e audição da Bíblia Sagrada. É o caso de São Jerônimo, de Strídon (347-420). A ele foi dada a missão de traduzir as sagradas, que foram escritas originalmente em grego e em hebraico, para o latim, atendendo ao pedido do papa Dâmaso. Conta-se que a dedicação de Jerônimo a essa tarefa e, depois, ao estudo apaixonado e incessante das sagradas escrituras, consumia toda sua energia, ao lado da atividade como pregador. Teria morrido com 80 anos, no dia 30 de setembro do ano 420. Para saber mais a respeito da vida de São Jerônimo, visite nossa artigo História de São Jerônimo. Em razão de sua devoção exemplar, é comemorado nesse dia (30 de setembro) e, justamente por sua causa, a Igreja dedica o mês de setembro a divulgar a devoção à Bíblia Sagrada.

sexta-feira, 20 de setembro de 2024

SETEMBRO, MÊS DA BÍBLIA.

DEVOÇÃO A BÍBLIA SAGRADA
Atos de devoção à Bíblia Sagrada.
Como se sabe, os atos de devoção podem se inúmeros e de várias naturezas. Desde o ato de pensar várias vezes por dia em um determinado objeto, até a dedicação de um tempo para algum ritual específico, que pode variar entre enfeitar uma mesa com flores para colocar a Bíblia Sagrada em destaque, até dedicar horas de estudo e oração, completamente absorvidos pela atividade de ler e contemplar as escrituras sagradas. Há pessoas que recitam sempre um versículo ou texto bíblico específico, de acordo com cada situação da vida - um dos mais famosos exemplos é o versículo do Salmo 22, que diz 'O Senhor é meu pastor e nada me faltará'; e outro, do salmo 90, que fala sobre a proteção divina, 'ainda que eu passe pelo vale das sobras, não temerei'. Outras pessoa dedicam um pequeno tempo do dia, ou mesmo iniciam o dia com a leitura de algum texto bíblico, buscando orientação e a presença de Deus, pela sua Palavra. Outros dedicam sua vida à pregação dessa Palavra, alguns organizam festas e celebrações, outros, como o filósofo Pascal Blaise, por exemplo, costuram um trecho da Palavra de Deus na parte da roupa que repousa sobre o coração; enfim, existem várias devoções.  

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

SÉRIE SANTOS CASADOS:

A santidade do matrimônio ao longo dos séculos

SANTA ANA e SÃO JOAQUIM
(Pais de Nossa Senhora; avôs de Jesus)
Esse nobre casal que, através da filha, encontrou seu lugar na Nova Aliança, não pode ser esquecido em uma obra acerca dos santos casados, mesmo com as pouquíssimas informações históricas que podemos resgatar a seu respeito. Estamos falando, é claro, dos pais da Santíssima Virgem Maria, os avós do Deus-Homem, Nossa Senhor Jesus Cristo.

Os nomes e vidas lendárias de Santa Ana e seu marido, Joaquim, estão no apócrifo Protoevangelho de Tiago, escrito em meados do século II. Outras informações vêm do assim chamado Evangelho do Pseudo-Mateus, ou "Livro sobre a origem da Bem-Aventurada Virgem Maria" (Liber de ortu Beatae Mariae Virginis), do século V, e também do igualmente apócrifo Evangelho do Nascimento de Maria, do século VI.

As informações contidas nessas fontes, resumidamente, nos apresentam o seguinte retrato do casal: Joaquim era da Galileia; casou-se com Ana e foi com ela morar na Porta das Ovelhas, em Jerusalém. Viveu uma vida exemplar ao lado de sua esposa e era bastante caridoso. O casal viveu durante décadas sem ser abençoado com a chegada de uma criança. Certo dia, quando Joaquim foi oferecer o sacrifício no templo, os sacerdotes mandaram-no embora, pois ele não tinha filhos. Ao ser insultado dessa maneira, partiu para o deserto, onde viveu uma vida ainda mais piedosa e caridoso. Depois de vinte anos de matrimônio ser filhos, Ana foi a primeira a ser consolada por um anjo: "Ana, Ana, o Senhor ouviu as suas preces. Você irá conceber uma criança, e a sua descendência será conhecida ao redor do mundo". De maneira semelhante o anjo aproximou-se de Joaquim e disse: "Joaquim, Joaquim, o Senhor ouviu as suas preces. Vá embora daqui (volte a Jerusalém, à sua esposa, Ana)!" Ana estava à porta e viu Joaquim chegar. Ela correu em sua direção, colocou-lhe os braços em volta do pescoço e disse: "Agora eu sei que o Senhor Deus irá me cobrir de bênçãos: eis que, depois de viver como viúva. viúva já não sou mais, e, ainda sem filhos, hei de conceber". Logo foi gerada e concebida a tão esperada criança: seu nome tinha de ser Maria!

Santa Ana
O nome "Ana" vem do hebraico "Hanna" e significa "graça". Santa Ana era de família descendente do sacerdote Aarão.

Santa Ana se casou muito jovem como toda moça em Israel naquele tempo. A tradição diz que seu esporo era Joaquim, um homem de posses e bem situado na sociedade. 

Ana, porém, tinha um grave problema: era estéril. Não conseguia engravidar mesmo depois de anos de casada. Em Israel daquele tempo a esterilidade era sempre atribuída à mulher, por causa da falta de conhecimento. A mulher estéril era vista como amaldiçoada por Deus. Por isso, Ana sofreu grandes humilhações. Seu esposo Joaquim, por sua vez, era censurado pelos sacerdotes por não ter filho. Tudo isso fazia com que o casal sofresse bastante.

Por esse motivo São Joaquim resolveu retirar-se no deserto, para rezar e fazer penitência. Nessa ocasião, um anjo lhe apareceu e disse que sua orações tinha sido ouvidas.

Ao mesmo tempo o anjo apareceu também a Santa Ana confirmando que as orações do casal tinham sido ouvidas. Assim, pouco tempo depois que São Joaquim voltou para casa, Ana engravidou. Parece que através do sofrimento do casal para gerar a Maria, que deu a luz a redenção dos pecadores.

São Joaquim
São Joaquim, conhecido como o patriarca silencioso, ocupa um lugar de grande estima na tradição cristã. A história de sua vida, embora não esteja diretamente registrada nas Escritura, foi transmitida através de documentos apócrifos e se tornou parte integral da tradição católica.

São Joaquim foi o esposo de Santa Ana e pai de Maria, a mãe de Jesus. Originário de Nazaré, Joaquim pertence à tribo de Judá e à linhagem do Rei Davi.

A tradição conta que ele e Santa Ana permaneceram sem filho por muitos anos, o que na época era visto como uma grande desonra. No entanto, a fé de ambos permaneceu inabalável, e eles continuaram a orar por um filho. A resposta a suas orações veio de uma forma mais grandiosa do que eles poderiam imaginar. Anunciada por um anjo, nasceu-lhes uma filha, a quem chamaram de Maria. Maria, que mais tarde seria a mãe de Jesus, foi uma bênção que superou todas as suas expectativas.

São Joaquim, juntamente com sua esposa Santa Ana, desempenhou um papel crucial na formação da fé de Maria. Eles a criaram num lar piedoso, ensinando-lhe as Escrituras e a tradição judaica. Certamente, a fé profunda e o caráter humilde de Maria, que aceitou prontamente a vontade de Deus de ser a mãe de Jesus, não reflexos da educação e do exemplo de seus pais.

São Joaquim, embora seja muitas vezes esquecido em meio a figuras destacadas da Bíblia, é um exemplo poderoso de fé e devoção. Ele demonstra a importância da paciência e da perseverança na fé apesar dos desafios e, também a importância do papel crucial dos pais na formação da fé de seus filhos. É por isso que a Igreja Católica celebra São Joaquim como o patrono dos pais, avós e homens casados. Sua festa, que é comemorada juntamente com a de Santa Ana no dia 26 de julho, é uma oportunidade para refletir sobre o seu legado e pedir sua intercessão.

São Joaquim é recordado como um homem de fé inabalável que permaneceu fiel apesar da adversidade, nas circunstâncias mais difíceis, e foi abençoado não só com uma filha, mas com uma linhagem que mudou o curso da humanidade. Que sua história inspire a todos nós a manter a fé, não importando os desafios que enfrentemos, e a reconhecemos o papel crucial que cada um de nós desempenha na vasta tapeçaria da fé cristã, assim como ele soube reconhecer o seu papel no plano divino.

Ao celebrar a vida de São Joaquim, somo lembrados do valor da paciência, da perseverança e da importância da oração constante. Com sua devoção a Deus e à sua família, ele deixou um legado espiritual que continue a inspirar os cristãos até hoje. Ele é modelo de fé e persistência, e demonstra que a confiança no Senhor é fonte de grandes bênçãos.

Joaquim e sua esposa Ana nos mostra o impacto poderoso que um é um lar amoroso e espiritualidade engajado pode ter na formação da fé de uma criança.

O casal Joaquim e Ana, casal bem-aventurado e verdadeiramente sem mancha! Pelo fruto do vosso seio fostes reconhecidos, segundo a palavra do Senhor: Pelos seus frutos os reconhecereis (Mt 7,16) A vossa conduta foi agradável a Deus e digna daquela que nasceu de vós. Tendo levado uma vida casta e santa, engendrastes a joia da virgindade, aquela que deveria permanecer Virgem antes, durante e depois do parto, a única sempre Virgem de espírito, de alma e de corpo.

SETEMBRO, MÊS DA BÍBLIA.

DEVOÇÃO A BÍBLIA SAGRADA

Em que sentido se fala de 'Devoção à Bíblia Sagrada'.
Em nosso artigo Significado e simbolismo da Bíblia Sagrada, pensamos um pouco sobre o caráter sagrado deste livro, ou seja, sobre o fato de ele ser considerado como a 'Palavras de Deus' para as pessoas que vivem no Cristianismo, principalmente. É um livro inspirado pelo próprio Deus, conforme se afirma nesse universo religioso, como dogma de fé: 'Na Sagrada Escritura, Deus fala ao homem à maneira dos homens. Portanto, para bem interpretar a Escritura, é necessário prestar atenção ao que os autores humanos realmente quiseram dizer, e àquilo que aprouve a Deus manifestar-nos pelas palavras deles.' (Catecismo da Igreja Católica, 109). Desta forma, são escrituras que merecem, de fato, essas atenção especial, essa dedicação, esse interesse, essa devoção.

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

SETEMBRO, MÊS DA BÍBLIA.

DEVOÇÃO A BÍBLIA SAGRADA

O que é 'Devoção", exatamente?
Conforme encontramos no Dicionário, a palavra 'devoção', devotio, em latim, significa 'observância de certas práticas religiosas e piedosas; veneração especial; afeto, dedicação. Sendo assim, 'devoção' também pode ser definida como ao ato de dar uma atenção especial a algo ou alguém. Existem devotos e devotas de todos os tipos, dedicados a muitos santos e santas. Mas quando fazemos uma busca rápida pelos artigos da Internet, não encontramos muitos textos ligados diretamente ao assunto 'devoção à Bíblia Sagrada'. Por esta razão, vamos dedicar um tempo neste artigo a exploramos juntos mais essa possibilidade de devoção, pois está claro que as Sagradas Escrituras são consideradas muito dignas de atenção, em qualquer manifestação religiosa. Não seria diferente no Cristianismo, que considera suas escrituras sagradas como "Palavra de Deus'. Assim, faz todo sentido falar, então, de 'devoção à Bíblia Sagrada.

terça-feira, 17 de setembro de 2024

SETEMBRO MÊS DA BÍBLIA

SIGNIFICADO E SIMBOLISMO DA BÍBLIA

O significado espiritual da Bíblia Sagrada.
Para além desses aspectos mais técnicos e interpretativos que trouxemos acima, existe ainda um relação muito interessante entre o livro sagrado e os praticantes da religião em questão, e essa relação acontece em todas as religiões. Nos referimos ao fato de os seguires de determinada religião considerarem aqueles escritos como inspirados por sua divindade, ou seja, o aspecto sagrado do texto. Para o universo cristão, por exemplo, a Bíblia Sagrada é considerada a Palavra de Deus, escrita por inspiração do autores dos livros selecionados para compor o cânon (veja nosso artigo História da Bíblia Sagrada). E até esta seleção é considerada como inspirada por Deus nessa Tradição. Desta forma, o uso da Bíblia Sagrada enquanto Palavra de Deus perpassa os cultos, rituais e celebrações, fazendo parte da vida individual do cristão e cristã, sendo usada para oração pessoal e familiar, de diversas maneiras. Uma das mais conhecidas é a Leitura Orante. 

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

CELEBRAMOS HOJE SÃO CORNÉLIO E SÃO CIPRIANO.

Amigos e defensores da fé.
Hoje (16/9), a Igreja celebra o papa São Cornélio e o bispo são Cipriano, dois amigos que se opuseram às heresias e blasfêmias de seu tempo. O que os levou a morrer como mártires.

Cornélio significa "duro como chifre" e durante sua vida honrou seu nome, pois enfrentou com firmeza a heresia de Novaciano, que proclamava que a Igreja Católica não tinha poder para perdoar os pecados. Entretanto, o papa se opôs e sustentou o perdão para o pecador verdadeiramente arrependido.

Entre os quer apoiava o papa estava são Cipriano, o qual o respaldou contra a heresia de Novaciano.

Porém, o sofrimento de são Cornélio não seria apenas por questões internas na Igreja, mas também pela perseguição aos cristão por parte do imperador Décio. Foi enviado ao desterro e morreu decapitado no ano 253.

Cipriano, bispo de Cartago, por sua vez, sofreu do mesmo modo a perseguição de Décio e do imperador Valeriano. Mais tarde, decretaram pena de morte a ele por continuar celebrando cerimônias religiosas e se opor a oferecer sacrifícios aos deuses. Ele, ao ouvir sua sentença, exclamou: "Graça sejam dadas a Deus". Em seguida, foi decapitado em setembro de 258.

Assim, os dois amigos, unidos na fé e no apoio em tempos difíceis, padeceram o mesmo suplício e deram testemunho aos demais cristãos para que permaneçam firmes na Verdade.