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terça-feira, 8 de abril de 2025

MEDITAÇÃO DE HOJE.


DOS NUMEROSOS PECADOS.

"Filho, pecaste? Não tornes a pecar; mas roga pelas culpas antigas, a fim de que te sejam perdoadas" (Eclo 21,1). Assim te adverte, ó cristão, Nosso Senhor, porque deseja salvar-te. "Não me ofendas, filho, novamente, mas pede perdão dos pecados cometidos." Quanto mais tiveres ofendido a Deus, meu irmão, tanto mais deves temer a reincidência em ofendê-lo, porque talvez mais um pecado que cometeres fará pender a balança da justiça divina, e serás condenado. Falando absolutamente, não quero dizer, porque não o sei, que não haja perdão se cometeres novo pecado; afirmo, porém, que isto pode acontecer.

Porque conseguinte, quando te assaltar a tentação, deves considerar: quem sabe se Deus me perdoará outra vez ou ficarei condenado?
Dize-me, por favor: provarias uma comida que supusesses estar provavelmente envenenada? Se presumisses fundamento que em determinado caminho estavam teus inimigos à espreita para matar-te, passarias por ali, podendo tomar outra via mais segura? 
Do mesmo modo, que certeza ou que probabilidade podes ter de que, tornando a pecar, sentirás logo verdadeira contrição e não voltarás à culpa detestável? Ou ainda, se novamente pecares, não te fará Deus morrer no próprio ato do pecado ou te abandonará depois da queda? Ao comprar uma casa, tomas prudentemente as necessárias precauções para não perderes teu dinheiro. Se vais usar algum remédio, procurarás certificar-te que não te possa fazer mal. Ao atravessar um rio, evitas o perigo de cair nele. E, por um vil prazer, por um deleite brutal, arriscas tua salvação eterna dizendo "eu me confessarei". Mas, pergunto eu: quando te confessarás? - No domingo. - E quem te assegura que no domingo estarás vivi? - Amanhã mesmo. E quem te afiança esse dia de amanhã, quando não sabes sequer se tens ainda uma boa hora de vida? "Tendes um dia", diz Santo Agostinho, "quando não tendes certeza de uma hora?". "Deus", prossegue o mesmo santo, "promete o perdão ao que se arrepende, não promete o dia de amanhã a quem o ofende". Se agora pecares, Deus talvez te dará tempo de fazer penitência, ou talvez não. E se não te der, que será de ti eternamente? E, não obstante, queres perder tua alma por um mísero prazer e a expões ao perigo da perdição eterna.

Arriscarias mil ducados por essa vil satisfação? Digo mais: darias tudo, fazenda, casa, poder, liberdade e vida, por um breve gosto ilícito? Não, sem dúvida. E, contudo, por esse mesmo indigno prazer, queres perder tudo: Deus, a alma e o céu. Dize-me, pois: as coisas que ensina a fé são verdades altíssimas, ou não passam de puras fábulas que haja Céu, Inferno e eternidade? Crês que se a morte te surpreender em pecado estarás perdido para sempre? Que temeridade, que loucura, condenares a ti mesmo às penas eternas com a vã esperança de remediá-la mais tarde! "Ninguém que enfermar com a esperança de curar-se", diz Santo Agostinho. Não teríamos por louco a quem bebesse veneno dizendo "depois por meio de um remédio me salvarei"? E tu queres a condenação à morte eterna, fiado em que talvez mais tarde possas livra-te dela? Loucura terrível, que tantas almas tem levado e leva ao Inferno, segundo a ameaça do Senhor! "Pecaste confiado temerariamente na misericórdia divina; mas o castigo virá de improviso sobre ti, sem que saibas donde vem" (Is 47,10-11). 

segunda-feira, 7 de abril de 2025

PAPA FAZ PRIMEIRA APARIÇÃO PÚBLICA DEPOIS DE SAIU DO HOSPITAL.


O papa Francisco fez sua primeira aparição pública ontem, ao saudar fiéis que participavam da missa do Jubileu dos Enfermos, na praça de São Pedro, no Vaticano.

Ao fim da celebração dominical, o pontífice fez uma aparição surpresa. De cadeiras de rodas e usando uma cânula debaixo do nariz, ele acenou brevemente para os fiéis. Segundo o Vaticano, havia 20 mil peregrinos reunidos na Praça de São Pedro. Em uma breve intervenção, Francisco disse: "Bom domingo a todos. Muito obrigado", disse com uma voz cansada e com dificuldades em respirar quando lhe aproximaram o microfone. 

O papa acompanhou a missa pela televisão, de acordo com o arcebispo Fisichella, que presidiu a celebração. Fisichella leu durante a cerimônia uma homilia preparada por Francisco, na qual ele disse que Deus não nos deixa sozinhos durante momentos de doença.

"Na doença, Deus não nos deixa sozinhos e, se nos abandonarmos a Ele, precisamente onde as nossas forças falham, podemos experimentar a consolação da sua presença", escreveu o papa na homilia.

Na homilia, o papa também compartilhou com os fiéis sobre como foi se sentir frágil e dependente dos outros no período em que ficou doente. "Convosco, queridos irmãos e irmãs doentes, neste momento da minha vida, estou a partilhar muito: a experiência da enfermidade, de me sentir frágil, de depender dos outros em tantas coisas, de precisar de apoio" escreveu. 
"Nem sempre é fácil, mas é uma escola na qual aprendemos todos os dias a amar e a deixarmo-nos amar, sem exigir nem recusar, sem lamentar nem desesperar, agradecidos a Deus e aos irmãos pelo bem que recebemos, abertos e confiantes no que ainda está para vir", continuou. 
Ao final da missa, foi lida uma mensagem de agradecimento de Francisco, O papa agradeceu do fundo do coração as orações dirigidas a Deus pela sua saúde.  

Francisco atravessou o corredor isolado que divide uma das zonas da Praça São Pedro, onde estavam reunidos centenas de fiéis que o receberam com grande entusiasmo e festejaram de alegria ao vê-lo.

Segundo informações, antes de saudar os fiéis, o papa "recebeu o sacramento da reconciliação na basílica de São Pedro, reuniu-se em oração e atravessou a Porta Santa". 

A Santa Sé ainda não se pronunciou sobre a possível presença do papa Francisco nos ritos da Semana Santa. A sala de Imprensa indicou que "ainda é prematuro falar sobre isso" e garantiu que dará detalhes posteriormente.

APARIÇÕES DE NOSSA SENHORA.

17ª APARIÇÃO DE NOSSA SENHORA DE LOURDES.
7 de abril de 1858
- Há 167 anos

A virgem chamou-a já durante a noite de 6 de abril. Tendo-se espalhado que a vidente iria à gruta, 1200 pessoas já a aguardavam quando ela chegou por volta das 6 horas.

O êxtase durou 45 minutos. O Dr. Dozous e outros constataram durante 15 minutos o "milagre do círio":
Bernadette juntou as mãos sobre o fogo de um círio, como para protegê-lo do vento.
A chama encostava na pele das mãos e saía entre seus dedos. "Está se queimando", bradou alguém. Mas a vidente prosseguia, insensível. 
O médico verificou depois que ela não tinha sofrido qualquer queimadura.

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA.

SEGUNDA-FEIRA DA 5ª SEMANDA DA QUARESMA.

A PAIXÃO DE CRISTO É REMÉDIO CONTRA TODOS OS PECADOS.

A todos os males que contraímos pelo pecado, encontramos remédio na Paixão de Cristo. Contraímos pelo pecado cinco males: O primeiro, é a própria mancha do pecado. Quando um homem peca, cunspurca a sua alma, porque, como a virtude embeleza, o pecado a enfeia. Lê-se em Baruc: "Por que estás, ó Israel, na terra dos inimigos e te contaminaste com os mortos?" (Br 3,19).

Mas a Paixão de Cristo lavou esta mancha. Cristo, na sua Paixão, fez do seu sangue um banho para nele lavar os pecadores: "Lava-os do pecado no sangue" (Ap 1, 5). No Batismo a alma é lavada no Sangue de Cristo, por que este recebe do Sangue de Cristo a força regeneradora. Por isso, quando alguém batizado se macula pelo pecado, faz uma injúria a Cristo e o seu pecado é maior que o cometido antes do batismo. Lê-se na Carta aos Hebreus: "O que desprezou a lei de Moisés, após ouvido o testemunho de dois ou três, deve morrer" (Heb 10, 28-29). Como não deve merecer maiores suplícios, aquele que pisou no Sangue do Filho de Deus e considerou impuro o Sangue da Aliança?

O segundo mal que contraímos pelo pecado é nos tornarmos objeto da aversão de Deus. Assim como quem é carnal ama a beleza da carne, do 65 mesmo modo Deus ama a beleza espiritual, que é a beleza da alma. Quando, por conseguinte, a alma se deixa contaminar pelo mal do pecado, Deus fica ofendido e odeia o pecador. Lê-se no Livro da Sabedoria: "Deus odeia o ímpio e a sua impiedade" (Sb 14, 9). Mas a Paixão de Cristo remove essas coisas, por que ela satisfez ao Pai ofendido pelo pecado, cuja satisfação não poderia vir do homem. A caridade e a obediência de Cristo foram maiores que o pecado e a desobediência do primeiro homem.

O terceiro mal é a fraqueza. O homem, pecando pela primeira vez, pensa que depois pode abster-se do pecado. Acontece, porém, o contrário: debilita-se pelo primeiro pecado e fica inclinado a pecar mais. O pecado vai dominando cada vez mais o homem, e este, por si mesmo, coloca-se em tal estado que não pode mais se levantar. É como alguém que se lançou num poço. Só pode sair dele pela força divina. Depois que o homem pecou, a nossa natureza ficou debilitada, corrompida, e, por isso mesmo, ficou ele mais inclinado para o pecado.

Mas Cristo diminuiu essa fraqueza e debilidade, bem que não as tenha totalmente apagado.

O homem foi fortalecido pela Paixão de Cristo e o pecado, enfraquecido, de sorte que este não mais o dominará. Pode, por esse motivo, auxiliado pela graça divina, que é conferida pelos sacramentos cuja eficácia recebem da Paixão de Cristo, esforçar-se para sair do pecado. Lê-se em S. Paulo: "O nosso velho homem foi crucificado juntamente com Ele, para que fosse destruído o corpo do pecado" (Rm 6, 6).Antes da Paixão de Cristo, poucos havia sem pecado mortal. Mas, depois dela, muitos viveram e vivem sem pecado mortal.

O quarto mal é a obrigação que temos de cumprir a pena do pecado. A justiça de Deus exige que o pecado seja punido, e a pena é medida pela culpa. Como a culpa do pecado é infinita, porque ela vai contra o bem infinito, Deus, cujo mandamento o pecador desprezou, também a pena devida ao pecado mortal é infinita.

Mas Cristo pela sua Paixão livrou-nos dessa pena, assumindo-a Ele próprio. Confirma-o S. Pedro: "Os nossos pecados (i. é., a pena do pecado) Ele carregou no seu corpo" (1 Pd 2, 24).

Foi de tal modo exuberante a virtude da Paixão de Cristo, que ela só foi suficiente para expirar todos os pecados de todos os homens, mesmo que fossem em número de milhões. Eis o motivo pelo qual aquele que foi batizado, foi também purificado de todos os pecados. É também por este motivo que os sacerdotes perdoam os pecados. Do mesmo modo, aquele cujo sofrimento mais se assemelha ao da Paixão de Cristo, consegue um maior perdão e merece maiores graças.

O quinto mal contraído pelo pecado foi nos termos tornados exilados do reino do céu. É natural que aqueles que ofendem o rei sejam obrigados a sair da pátria. O homem foi afastado do paraíso por causa do pecado: Adão imediatamente após o pecado foi expulso do paraíso, e sua porta lhe foi trancada. Mas Cristo, pela sua Paixão, abriu aquela porta e novamente chamou os exilados para o reino. Quando foi aberto o lado de Cristo, foi também a porta do paraíso aberta; quando o seu Sangue foi derramado, a mancha foi apagada, Deus foi aplacado, a fraqueza foi afastada, a pena foi expiada, e os exilados foram convocados para o reino. Por isso é que foi logo dito ao ladrão: "Estarás hoje comigo no Paraíso" (Lc. 23, 43). Observe-se que nesse momento não foi dito — outrora; que também não foi dito a outrem — nem a Adão, nem a Abraão, nem a David; foi dito, hoje, isto é, logo que a porta foi aberta, e o ladrão pediu e recebeu perdão. Lê-se na carta aos Hebreus: "Confiantes na entrada no santuário pelo Sangue de Cristo" (Heb. 10, 19). Fica assim esclarecido como a Paixão de Cristo foi útil, enquanto remédio contra o pecado. 

MEDITAÇÃO DE HOJE.


A DOR DA SANTÍSSIMA VIRGEM NA PAIXÃO DE CRISTO.

Lê-se em São Marcos que no Calvário havia muitas mulheres fazendo companhia a Jesus crucificado, mas de longe: Encontravam-se também ali algumas mulheres que observavam de longe, entre as quais estava Maria Madalena (Mc 15,40). Assim, julgava-se que entre essas mulheres se encontrava também a divina mãe. São João, porém afirma que a Santíssima Virgem não estava longe, mas perto da Cruz, juntamente com Maria Cléofas e Maria Madalena (cf. Jo 19,25). Eutímio procura resolver esta dificuldade, dizendo que a Santíssima Virgem, vendo que seu Filho estava prestes a expirar, aproximou-se mais que as outras mulheres da Cruz, vencendo o temo dos soldados que a circundavam e sofrendo com paciência todos os insultos e injúrias que lhe dirigiam os mesmos soldados que guardavam os condenados, para poder aproximar-se mais do seu amado Filho. O mesmo afirma em douto autor que escreveu a vida de Jesus Cristo: "Ali estavam os amigos que o observavam de longe. Mas a Santíssima Virgem, Madalena e uma outra Maria estavam junto da Cruz com João. Vendo então Jesus sua mãe e São João, disse-lhes: Mulher, eis o teu filho". Escreve Guerrico, abade: "Verdadeiramente mãe, que não abandonava o filho nem no terror da morte". Fogem as mães à vista de seus filhos agonizantes: o amor não lhes permite assistir a tal espetáculo, tendo de vê-los morrer sem os poder socorrer. A Santíssima Virgem, porém, quanto mais o Filho se avizinhava da morte, mais se aproximava da Cruz.

Estava, pois, a aflita mãe junto à cruz, e, assim como o Filho sacrifica a vida, sacrificava ela a sua dor pela salvação dos homens, participando com suam resignação de todas as penas e opróbrios que o Filho sofria ao expirar. Diz um autor que desabonam a constância de Maria os que a representam desfalecida aos pés da Cruz: ela foi a mulher forte que não desmaia e não chora, como escreve Santo Ambrósio: "Leio que estava em pé e não leio que chorava". A dor, que a Santíssima Virgem suportou na Paixão do Filho, superou a todas as dores que pode padecer um coração humano. A dor de Maria, porém, não foi uma dor estéril, como a das outras mães vendo os sofrimentos de seus filhos, foi, pelo contrário, uma dor frutuosa: pelos merecimentos dessa dor e por sua caridade, diz Santo Agostinho, assim como é ela mãe natural de Jesus Cristo, nossa cabeça, tornou-se também então mãe espiritual dos fiéis, membros de Jesus, cooperando com sua caridade para nosso nascimento e para fazer-nos filhos da Igreja.
Escreve São Bernardo que no Monte Calvário estes dois grandes mártires, Jesus e Maria, se calavam: a grande do que os oprimia tirava-lhes a faculdade de falar. A mãe contemplava o filho agonizante na cruz, e o filho, a mãe agonizante ao pé da cruz, toda extenuada pela compaixão que sentirá por suas penas.

domingo, 6 de abril de 2025

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA.

QUINTO DOMINGO DA QUARESMA.

A PAIXÃO DE CRISTO.

"E como Moisés levantou no deserto a serpente, assim também importa que seja levantado o Filho do homem, a fim de que todo o que crê nele tenha a vida eterna." (Jo 3,14-15).

Aqui há três coisas que devemos considerar:

1. A figura da Paixão: "E como Moisés levantou no deserto a serpente". Ao povo judeu, que dizia: "a nossa alma está enfastiada deste alimento levíssimo" (Nm 21, 5), Deus, para lhes castigar, enviou serpentes. Em seguida, ordenou que fizessem uma serpente de bronze como remédio contra as serpentes e em figura da Paixão. É próprio da serpente possuir veneno, mas a serpente de bronze não era venenosa. Do mesmo modo, Cristo não tinha pecado, que é um veneno, mas assemelhou-se ao pecador, conforme esta palavra de são Paulo: "enviou Deus seu Filho em carne semelhante à do pecado" (Rm 8, 3). Por isso, Cristo produziu o efeito da serpente de bronze contra o ímpeto das concupiscências abrasadas.

2. O modo da Paixão: "importa que seja levantado o Filho do homem", o que se compreende do levantamento da cruz. Cristo quis morrer levantado:

a) Para purificar o céu. Pela santidade da sua vida, purificara já a terra, restava purificar o ar.

b) Para triunfar sobre o demônio, que prepara a guerra nos ares.

c) Para atrair nossos corações a si: "Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim" (Jo 12, 32).

Ao morrer na Cruz, foi exaltado, pois triunfou de seus inimigos, a ponto de sua morte ser chamada exaltação. Diz o Salmo: "Beberá da torrente no caminho, por isso levantará a sua cabeça" (Sl 109).

E foi a cruz a causa de sua exaltação, como diz são Paulo: "Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso também Deus o exaltou" (Fl 2, 8).

3. O fruto da Paixão. O fruto é a vida eterna. Por isso diz: a fim de que todo o que crê nele, e faça boas boas, não pereça, mas tenha a vida eterna". Este fruto corresponde ao fruto figurado da serpente de bronze. Com efeito, quem se voltasse para ela, curava-se do veneno e salvava sua vida. Volta-se para o Filho do Homem exaltado na cruz quem crê em Cristo crucificado e, assim, curando-se do veneno e do pecado, conserva-se para a vida eterna.

MEDITAÇÃO DE HOJE.


O QUE COME DESTE PÃO VIVERÁ ETERNAMENTE (Jo 6,59)

Queria o profeta Isaías que fossem manifestas a todos as maneiras amorosas que Deus encontrou para ser amado pelos homens. E quem jamais teria conseguido pensar, se ele próprio o não tivesse feito, que o Verbo Encarnado se teria colocado sob a espécie de pão para fazer-nos nosso alimento? Não parece uma loucura, dia Santo Agostinho, dizer: Comei da minha carne, bebei do meu sangue? Nonne Insania videtur dicere: Manducate mean carnem, bibite meum sanguinem? Quando Jesus Cristo revelou aos seus discípulos este sacramento que queria deixar-nos, eles não conseguiram crer-lhe e se dispensaram de segui-lo, dizendo: "Como pode este homem dar-nos de comer a sua carne?" (Jo 6,52). "Isto é muito duro! Quem o pode admitir?" (Jo 6,60). Mas o que os homens não podiam pensar nem crer, pensou-o e fê-lo o grande amor de Jesus Cristo. Accipite et manducate ("tomai e comei") disse Ele aos discípulos, e por meio deles a todos nós, antes de ir morrer. Tomai e comei! Mas que alimento será este, ó Salvador do mundo, que antes de morrer quisestes regalar-nos? Accipite et manducate: hoc est corpus meum (I Cor 11,24). "Este alimento não é terreno: sou eu mesmo que me dou a todos vós".

E, oh, com que desejo Jesus Cristo anseia por vir às nossas almas na santa comunhão! Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa (Lc 22,15). Assim disse ele na noite em que instituiu este sacramento de amor. Desiderio desoderavi; assim o fez falar, escreve São Lourenço Justiniano, o amor imenso que nos tinha: "Estas palavras de amor são muitíssimo ardentes". E, fim de que todos pudessem facilmente recebê-lo, quis sujeitar-se sob a espécie do pão.

Caso tivesse transubstanciado sob a espécie de algum alimento raro ou de grande preço, os pobres teriam sido privados d'Ele; mas não, Jesus quis pôr-se sob a espécie do pão, que custa pouco e se acha em toda a parte, para que todos em todos os lugares possam encontrá-los e recebê-lo. A fim de nos incutir o desejo de recebê-lo. A fim de nos incutir o desejo de recebê-lo na santa comunhão, não apenas nos exorta a tanto com tantos convites: Vinde comer o meu pão e beber o vinho que preparei (Pr 9,5); amigos, comei e bebei, falando deste pão e vinho celeste (Ct 5,1), mas também no-lo impõe por preceito: Tomai dele e deste comei: este é meu corpo (I Cor 11,24). Ademais, para que o busquemos, seduz-nos com a promessa do Paraíso: O quie come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna (Jo 6,55). O que come deste pão viverá eternamente (v. 58). Também nos ameaça com o Inferno e a exclusão do Paraíso se nos recusarmos a comungar. Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós (v. 54). Esses convites, essas promessas essas ameaças nascem todos do grande desejo que Nosso Senhor tem de vir até nós neste sacramento.

sábado, 5 de abril de 2025

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA.

SÁBADO DA 4º SEMANDA DA QUARESMA

O MODO MAIS CONVENIENTE PARA A LIBERAÇÃO DO GÊNERO HUMANOS.

Tanto um meio é mais conveniente para conseguir um fim, quanto mais ele faz concorrerem elementos conducentes ao fim. Ora, o ser o homem liberado pela paixão de Cristo foi causa de concorrerem muitos elementos conducentes à salvação do mesmo, além da liberação do pecado.

1. Assim, primeiro, desse modo o homem conhece quanto Deus o ama; o que o excita a amá-lo mais, e nisso consiste a perfeição da salvação humana. Donde o dizer o Apóstolo: "Deus faz brilhar a sua caridade em nós, porque ainda quando éramos pecadores, morreu Cristo por nós" (Rm 5, 8).

2. Segundo, porque por esse meio nos deu o exemplo da obediência, da humildade, da constância, da justiça e das demais virtudes, reveladas na paixão de Cristo e que são necessárias à salvação humana. Por isso diz a Escritura (1 Pd 2, 21): "Cristo padeceu por nós, deixando-vos exemplo para que sigais as suas pisadas".

3. Terceiro, porque Cristo, com sua paixão, não somente liberou o homem do pecado, mas ainda lhe mereceu a graça justificante e a glória da beatitude.

4. Quarto, porque, assim, uma necessidade maior impôs ao homem conservar-se imune do pecado, segundo aquilo do Apóstolo (1 Cor 6, 20): "Porque vós fostes comprado por um grande preço; glorificai, pois, e trazei a Deus no vosso corpo".

5. Quinto, porque contribuiu para maior dignidade do homem, de modo que assim como fora vencido e enganado pelo diabo, assim também fosse ele mesmo quem vencesse o diabo; e assim como o homem mereceu a morte, assim também, morrendo, a vencesse a ela, conforme o dizer do Apóstolo (1 Cor 15, 57): "Graças a Deus, que nos deu a vitória, por Jesus Cristo".

Por isso foi mais conveniente que, pela paixão de Cristo fossemos liberados, do que pela só vontade de Deus.

MEDITAÇÃO DE HOJE.


VOSSA TRISTEZA HÁ DE CONVERTE-SE EM ALEGRIA. (Jo 16,20).

Procuremos sofrer com paciência as aflições da vida presente, oferecendo-as a Deus, em união com as dores que Jesus Cristo sofreu por nosso amor e alentando-nos com a esperança da glória. Esses trabalhos, penas, angústias, perseguições e temores hão de acabar um dia e, se nos salvamos, serão pra nós motivos de gozo e alegria inefável no reino dos bem-aventurados. É o próprio Senhor que nos anima e consola: "Vossa tristeza há de converter-se em alegria" (Jo 16,20).

Meditemos, portanto, sobre a felicidade da glória. Mas que diremos desta felicidade, quando nem os santos mais inspirados souberam dar uma ideia acertada das delícias que Deus reserva aos que o amam? Davi apenas soube dizer que a glória é o bem infinitamente desejável (cf. Sl 83,2). E tu, insigne São Paulo, que tiveste a dita de ser arrebatado ao Céu, dize-nos alguma coisa ao menos do que viste ali! "Não", respondeu o grande apóstolo, "o que vi não é possível exprimir". Tão sublimes são as delícias da glória, que não pode compreendê-las quem não as desfruta (II Cor 12,9). Tudo o que posso dizer, é que ninguém nesta terra viu, nem ouviu, nem compreendeu as belezas, as harmonias e os prazeres que Deus preparou para aqueles que o amam (cf. I Cor. 2,9).
Neste mundo não somos capazes de imaginar os bens do Céu, porque só formamos ideia do que o mundo nos apresenta. Se, por maravilha excepecional, um ser irracional fosse dotado de razão e soubesse que um rico senhor ia celebrar esplêndido banquete, imaginaria que o repasto haveria de ser o melhor e o mais seleto, mas semelhante ao que ele usa, porque não poderia conceber nada melhor como alimento. Assim acontece conosco relativamente aos bens da glória.

Quanto é belo contemplar, em serena noite de verão, a magnificência do firmamento recamado de estrelas! Quão agradável é admirar as águas tranquilas de um lago transparente, em cujo fundo se descobrem peixes a nadar e pedras cobertas de musgo! Quanta formosura num jardim cheio de flores e de frutos, circundando de fontes e riachos, matizado por lindo passarinhos, que cruzam o ar e o alegram com seu canto mavioso! Dir-se-ia que tantas belezas são o Paraíso... mas não! Muito diferentes são os gozos e a formosura do Paraíso. Para dele fazermos uma vaga ideia, consideremos que ali está Deus onipotente, enchendo de delícias inenarráveis as almas que Ele ama. "Quereis saber que é o Céu?", dizia São Bernardo, "pois sabeis que ali não há nada que desagrade, e existe todo bem que deleita".

Que dirá a alma quando entrar naquela mansão felicíssima? Imaginemos um jovem ou uma virgem, que, tendo consagrado toda a vida ao amor e ao serviço de Cristo, acaba de morre e deixar este vale de lágrimas. Sua alam apresentar-se ao juízo; o Juiz a acolhe com bondade e lhe declara que está salva. O anjo da guarda a acompanha e felicita, e ela lhe mostra sua gratidão pela assistência que recebeu dele.
"Vem, pois, alma querida, diz-lhe o anjo; regozija-te porque estás salva. Vem contemplar a face do Senhor!"
E a alma se eleva, transpõe as nuvens, passa além das estrelas, e entra no Céu... Meu Deus! Que sentirá a alma ao penetrar, pela primeira vez, naquele reino de venturas e vir aquela cidade de Deus insuperável em formosura?

sexta-feira, 4 de abril de 2025

QUARESMA NÃO PODE SER SUBSTITUÍDA PELA CAMPANHA DA FRATERNIDADE, DIZ DOM ODILO


Na quaresma, são essenciais "a penitência unida à busca sincera de Deus, a escuta atenta e a acolhida da Palavra de Deus, a recordação dos mandamentos, dos fundamentos da fé e da moral, cristãs, o incentivo à caridade concreta e a exortação à confissão sacramental", disse o arcebispo de São Paulo (SP), dom Odilo Pedro Scherer, sobre aqueles que reduzem a quaresma à Campanha da Fraternidade.

Para Dom Odilo, há mal entendidos sobre a Campanha da Fraternidade que eleva um divisão entre os que a rejeitam e os que a transformam no único foco da Quaresma. "Nem uma coisa, nem outra é boa", disse. 

"A campanha da Fraternidade não deveria ser vista como uma atividade paralela à Quaresma, nem, muito menos, como iniciativa substitutiva da Quaresma, mas nela inserida", disse.

"A fé cristã é adesão pessoa a Deus e a moral é a expressão da vida decorrente da fé".

Na Quaresma, a Igreja convida "à penitência para uma sincera e profunda conversão a Deus".

"Para isso, ela indica os exercícios quaresmais do jejum, da oração e da esmola", que deveria ajudar-nos a fazer uma profunda avaliação de nossa vida, predispondo-os à busca do perdão de Deus e à renovação dos compromissos batismais na celebração da Páscoa".

"Na noite da Páscoa, como conclusão dos exercícios quaresmais é feita a renovação das promessas batismais, pelas quais reafirmamos nossa 'renúncia a Satanás' e nossa adesão a Deus, mediante a profissão da fé católica. Que significado teria isso, se não fosse precedido de um sério esforço de revisão de vida, em todos os sentidos, do arrependimento dos pecados e da disposição de nos voltarmos para Deus de todo coração?".

A conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB promove desde 1964 a Campanha da Fraternidade no Tempo da Quaresma. Segundo o cardeal "o objetivo fundamental dela é promover a fraternidade (caridade) em alguma questão da convivência social. Ela sempre propõe um tema que faz refletir sobre a vivência da fraternidade, a justiça e a caridade, valores essenciais no Evangelho de Cristo".

Segundo o cardeal "a fé cristã é adesão pessoal a Deus e a moral é a expressão da vida decorrente da fé", mas "não pode ser vividas de maneira abstrata e desencarnada, fora da realidade que nos cerca".

"Os verdadeiros Santos deram-nos o exemplo: sua fé profunda em Deus e a moral do Evangelho que viviam levaram-nos sempre a uma sensibilidade especial em relação aos sofrimentos do próximo e aos problemas sociais".

"A igreja foi enviada em missão ao mundo não apenas para "salvar almas", mas para salvar pessoas, que têm corpos e vivem situações específicas, para se envolver com seus sofrimentos e necessidades e para anunciar o Evangelho da salvação, que inclui o cuidado das pessoas neste mundo e tem implicações na convivência social. Foi o que o próprio Jesus fez o tempo todo", concluiu.
Por: Nathália Queiroz.