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sexta-feira, 18 de abril de 2025

MEDITAÇÃO DE HOJE.


A VONTADE DE DEUS É A NOSSA SANTIFICAÇÃO.
Os desejos Santos são as asas que nos fazem alçar voo da terra; pois, como diz São Lourenço, o santo desejo "supre a força, e torna mais leve a dor": por um lado, dá-nos a força de caminhar rumo è perfeição e, por outro, alivia a pena do caminho. Quem verdadeiramente deseja a perfeição não deixa jamais de procurar avançar na sua direção; e se nunca deixa de fazê-lo, um dia a alcançará. Diz Santo Agostinho que, nas sendas de Deus o não avança significa retroceder: "Não progredir é regredir". Encontrar-se-á sempre na retaguarda quem não se esforça para ir adiante, e será carregado pela correnteza da nossa natureza corrompida. 

É, pois, um grande erro o que dizem alguns: Deus não quer que todos sejam santos. Não, diz São Paulo: Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação (1Ts 4,3). Deus quer que todos sejam santos, e cada um na sua ocupação: o religioso como religioso, o secular, o sacerdote como sacerdote, o casado como casado, o comerciante como comerciante, o soldado como soldado, e assim por diante em todos as outras condições. São belíssimas os documentos que sobre esta matéria nos dá minha grande advogada Santa Teresa. Em certo momento ela diz: "Sejam os nossos pensamentos elevados, porque deles virá o nosso bem". Noutra passagem diz: "Não é preciso vilificar os desejos, mas confiar em Deus, porque, se nos esforçarmos, pouco a pouco poderemos chegar aonde chegaram muitos santos com a divina graça". E em confirmação disso ela testemunhava ter a experiência de que as pessoas animosas em pouco tempo haviam progredido grandemente: "Porque", dizia, "o Senhor de tal forma se compraz com os desejos, como se já houvessem sido executados". Noutra instância diz: "Deus não faz muitos favores marcantes, senão a quem muito desejou o seu amor". Diz, ademais, noutra passagem: "Deus não deixa de recompensar todo o bom desejo nesta vida, visto que é amigo das almas generosas, ainda que estas duvidem de si mesmas". De um tal espírito generoso era dotada a Santa; donde chegou certa vez a dizer ao Senhor que, se no Paraíso visse outros desfrutar mais do que ela própria, não se importaria com isso; mas, se encontrasse que o amasses mais do que ela, dizia não saber como poderia suportar.

MEDITAÇÃO.


JESUS É CONDUZIDO A PILATOS E A HERODES.

"Chegada a manhã, todos os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo convocaram um conselho contra Jesus, a fim de lavá-lo à morte. Assim amarrando-o levaram-no e entregaram-no a Pilatos, o governador.

Chegada a manhã, conduzem Jesus a Pilatos, para que o condene à morte; Pilatos, porém, descobre que Jesus é inocente e por isso diz aos judeus que não encontrava motivo para condená-lo. Como, porém, os vê obstinados em quere a sua morte, o remete ao tribunal de Herodes. Este, tendo diante de si Jesus, desejava vê-lo operar um dos muitos milagres de que tanto falavam. O Senhor, porém, nem sequer respondeu às interrogações daquele temerário. Pobre da alma à qual Deus nada mais diz! Meu Redentor, era isso o que eu merecia, por não haver obedecido a tantos chamados vossos. Mas, ó meu Jesus, Vós não me haveis abandonado ainda. Falai-me, pois. Fala, Senhor, porque o teu servo ouve (I Sm 3,9), dizei-me o que desejais de mim, que eu quero tudo o que vos agradar.

Vendo Herodes que Jesus não lhe dava resposta, despeitando o expulsou de sua casa, zombando dele com todo o pessoal da sua corte, e4 para maior desprezo o revestiu com uma veste branca, querendo assim designá-lo como louco, remetendo-o em seguida a Pilatos. E assim é Jesus levado pelas ruas de Jerusalém, revestido com aquela veste de escárnio. Ó meu Jesus desprezado, faltava-vos ainda essa injúria de ser tratado como louco! Ora, se a sabedoria eterna é assim tratada pelo mundo, bem-aventurado é aqueles que não se importa com os aplausos do mundo e não quer saber de outra coisa senão Jesus Crucificado, amando as dores e desprezos, exclamando com o Apóstolo: Julguei que não devia saber coisa alguma entre vós senão a Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado (I Cor 2,2).

Os judeus tinham o direito de exigir do governador romano, na festa da Páscoa, a libertação de um réu. Por isso, Pilatos perguntou ao povo qual dos dois queria, Jesus ou Barrabás. Barrabás era um celerado, homicida, ladrão, odiado por todos. Jesus era inocente. Os judeus, porém, gritam que viva Barrabás e morra Jesus. Ah, meu Jesus, eu também assim falei quando deliberei ofender-vos por uma satisfação qualquer, tendo preterido a Vós qualquer gosto miserável, e para não perdê-lo não me importei com perder a Vós, bem infinito. Mas agora eu vos amo acima de qualquer outro bem, mais que à minha vida. Tender piedade de mim, ó Deus de misericórdia. E vós, ó Maria, sede minha advogada.

MEDITAÇÃO


JESUS É PRESO E AMARRADO.

"E, imediatamente, enquanto ainda falava, chegou Judas, uma dos Doze, com uma multidão trazendo espadas e paus, da parte dos chefes dos sacerdotes, escribas e anciãos. O seu traidor dera-lhes uma senha, dizendo: É aquele que eu beijar. Prendei-o e levai-o bem guardado. Tão logo chegou, aproximando-se dele. disse: Rabi! E o beijou. Eles lançaram a mão sobre ele e o prenderam.".
Marcos 14, 43-46.

Levantai-vos, vamos; eis que se aproxima o que me há de entregar (Mc 14,42). Sabendo o Redentor que Judas, juntamente com os judeus e soldados que o vinham prender, já estava perto, levanta-se ainda banhado no suor da morte. E com o rosto pálido, mas com o Coração tão inflamado em amor, vai ao seu encontro para entregar-se em suas mãos, e, vendo-os reunidos, pergunta-lhes: A quem buscais? (Jo 18,4). 
Imagina, minha alma, que Jesus te pergunta do mesmo modo: "Dize-me, a quem buscas? Ah, meu Senhor, a quem eu procuro senão a Vós, que viestes do Céu à Terra em busca de mim, para que não perdesse? Prenderam Jesus e ataram-no. Ó Céus, um Deus amarrado! Que diríamos, se víssemos um rei preso e acorrentado por seus criados?! E que devemos dizer então, vendo um Deus entregue às mãos da gentalha? Ó cordas felizes, Vós que ligastes o meu Redentor, predei-me também a Ele, mas prendei-me de tal modo que eu não posso separar-me mais de seu amor; prendei o meu coração à sua vontade santíssima, para que de agora em diante não queria nada mais senão o que Ele quer.

Contempla, minha alma, como uns lhe põe as mãos, outros o ligam, estes o injuriam, aqueles nele batem, e o Cordeiro inocente de deixa atar e esbofetear à vontade deles. Não procura fugir de suas mãos, não pode auxílio, não se queixa de tantas injúrias, não pergunta por que o maltratam assim. Eis realizada a profecia de Isaías: Foi oferecido (em sacrifício), porque ele mesmo o quis, e não abriu a sua boca como uma ovelha que é levada ao matadouro (Is 53,7). Não fala e não se lamenta, porque Ele mesmo já se oferecera à justiça para satisfazer e morrer por nós, e assim deixou-se conduzir à morte qual ovelha - sem abrir a boca. Olha como, preso e circundado por aquele populacho, é arrastado do horto e conduzido às pressas ao pontífices na cidade. E onde estão seus discípulos? Que fazem? Se, não podendo livrá-los das mãos de seus inimigos, ao menos o acompanhassem para defender sua inocência diante dos juízes, ou então para consolá-lo com sua presença! Mas não o Evangelho diz: Então os seus discípulos, abandonando-o, fugiram todos (Mc 14,50). Que dor não sentiu então Jesus, vendo-se abandonado e deixado até por aqueles que lhe eram caros! Jesus viu então todas as almas que, mais favorecidas por Ele, deveriam depois abandoná-lo e voltar-lhe ingratamente as costas. Ah, meu Senhor, minha alma foi uma dessas infelizes que, depois de tantas graças, luzes e convites recebidos de Vós, esqueceram-se ingratamente de Vós e vos abandonaram. Recebei-me, por piedade, agora que arrependido e contrito a Vós me volto para não vos deixar mais, ó tesouro, á vida, ó amor de minha alma.

quinta-feira, 17 de abril de 2025

MEDITAÇÃO.


A AGONIA DE JESUS NO HORTO.
Depois do canto dos salmos, saíram para o Monte das Oliveiras. (...) Então foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsâmani (Mt 26, 30.36). Tendo feito a ação de graças depois da ceia, Jesus deixa o cenáculo com seus discípulos, entra no Horto de Getsêmani e põe-se a orar; mal, porém, começa a ora, assaltam-no ao mesmo tempo um grande temor, um grande aborrecimento e uma grande tristeza: Começou a sentir pavor e angústia, diz São Marcos (Mc 14,33) E São Mateus ajunta: Começou a entristecer-se e angustiar-se (Mt 26,37). Oprimido por essa tristeza, nosso Redentor diz que sua alma está aflita até a morte. Passou-lhe então diante dos olhos toda a cena funesta dos tormentos e dos opróbrios que lhe estavam preparados. Esses tormentos o oprimiram durante sua Paixão cada um por sua vez, sucessivamente, mas aqui no horto todos juntos e ao mesmo tempo o afligiram, as bofetadas, os escarros, os flagelos, os espinhos, os cravos e os vitupérios que teria de sofrer depois. Jesus os abraça todos juntos, mas, aceitando-as, sua tristeza treme, agoniza e ora: Posto em agonia, orava mais instantemente (Lc 22,43). Mas, ó meu Jesus, quem vos obriga a sofrer tantas penas? "É o amor que tenho aos homens", responde Jesus. Oh, como o Céu terá pasmado vendo a fortaleza tornar-se fraca, a alegria do Paraíso se entristecer. Um Deus aflito! E por quê? para salvar os homens, suas criaturas. Naquele horto se consumou o primeiro sacrifício: Jesus foi a vítima, o amor foi o sacerdote, e o ardor de seu afeto para com os homens foi o fogo bem-aventurado que consumia o sacrifício.

Meu Pai, se é possível, passe de mim esse cálice! (Mt 26,39). Assim suplica Jesus. Ele, porém, assim suplica não tanto para ver-se livre como para nos fazer compreender a pena que sofre e aceita por nosso amor. Suplica também assim para nos ensinar que nas tribulações podemos pedir a Deus que no livre delas, mas, ao mesmo tempo, devemos em tudo nos conformar com sua divina vontade e dizer como Ele: Todavia, não se faça com eu quero, mas sim como tu queres. E durante todo o tempo repetiu a mesma petição: Faça-se a tua vontade (...) e orou pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras. Sim, meu Senhor, abraço por vosso amor todas as cruzes que quiserdes enviar-me. Vós inocentemente tanto sofrestes por meu amor e eu, pecador, depois de haver merecido tantas vezes o inferno, recusarei sofrer para vos comprazer e alcançar de Vós o perdão e a vossa graça? Não seja feita a minha vontade, mas a vossa. 

MEDITAÇÃO.


UNIÃO DA ALMA COM JESUS NA SANTA COMUNHÃO.
O que come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu hoje (Jo 6,56). São Dionísio Areopagita diz que o amor tende sempre à união com o objeto amado. E porque, a comida se faz uma só coisa com quem a toma, por isso Nosso Senhor quis fazer-se comida, para que nós, recebendo-o na santa comunhão, nos tornássemos uma só coisa com ele: Tomai e comei: isto é meu corpo (Mt 25,26). Como se quisesse dizer, assevera São João Crisóstomo: "Comei-me, para que nos tornemos um só ser", alimenta-te de mim, ó homem, para que de mim e de ti se faça uma só coisa.

Assim como dois pedaços de cera derretidos, diz São Cirilo de Alexandria, se misturam e confundem, da mesma forma uma alma que comunga se une de tal maneira a Jesus que Jesus está nela e ela em Jesus. "Ó meu amado Redentor", exclama São Lourenço Justiniano, "como pudestes chegar a amar-nos tanto e de tal modo unir-vos a nós, que do vosso Coração e do nosso não se fizesse senão um só coração?". Tinha, pois, razão São Francisco de Sales de dizer, falando da santa comunhão: "O Salvador não pode ser considerado em nenhum outro mistério nem mais amável nem mais terno que neste, no qual se aniquila, por assim dizer, e se reduz a comida para penetrar em nossas almas e unir-se ao coração de seus fiéis". E assim, diz São João Crisóstomo, nós nos unimos e nos tornamos um corpo e e uma carne com Aquele em quem os anjos não ousam fixar seus olhares. Que pastor, ajunta o santo, alimenta duas ovelhas com seu próprio sangue? Mesmo as mães dão seus filhos e amas estranhas. Jesus, porém, nesse sacramento nos alimenta com o seu próprio Sangue e une-se a nós. Em suma, Ele quer fazer-se nosso alimento e uma mesma coisa conosco, porque nos amava ardentemente.

Ó amor infinito, digno de um infinito amor, quando vos amarei, ó meu Jesus, como Vós me amastes? Ó alimento divino, ó sacramento de amor, quando me atraireis todo a Vós? Não podeis fazer mais para vos fazerdes amar por mim. Eu quero sempre começar a amar-vos, prometo-vos sempre, mas nunca o começo Quero começar hoje a amar-vos deveras. Ajudai-me, inflamai-me, desprendei-me da Terra e não permitais que eu continue a resistir a tantas finezas de vosso amor. Eu vos amo de todo o coração, e por isso quero tudo abandonar para com comprazer, minha vida, meu amor, meu tudo. Quero unir-me muitas vezes convosco neste sacramento, para desprender-me de tudo e amar somente a Vós, meu Deus. Espero de vossa bondade poder executá-lo com o vosso auxílio. 

MEDITAÇÃO DO DIA.



NOSSA SENHORA, RAINHA DAS DORES.

Lamenta-se Jesus pela boca do profeta, que quando agonizava na cruz, procurava quem o consolasse e não o encontrava. Os judeus e os romanos, mesmo quando Ele estava para expirar, o maldiziam e blasfemavam. Maria Santíssima, sim, estava aos pés da Cruz para dar-lhe algum alívio, se pudesse; mas essa Mãe aflita e amorosa, com a dor que suportava pelos sofrimentos de Jesus, mais afligia a esse Filho que tanto a amava. Diz São Bernardo que os sofrimentos de Maria contribuíram mais para atormentar o Coração de Jesus. Quando o Redentor olhava para Maria Assim atormentada, sentia sua alma transpassada mais pelas dores da Mãe que pelas suas próprias, como a mesma Santíssima Virgem revelou a Santa Brígida: "Ele, vendo-me, mais se doía de mim que de si mesmo". Do que conclui São Bernardo: "Ó bom Jesus, Vós sofreis grandes dores no corpo, mas sofreis ainda mais no Coração por compaixão, com vossa Mãe". Que sofrimento, pois, não experimentaram esses Corações amorosíssimos de Jesus e Maria, quando chegou o momento em que o Filho, antes de expirar, teve de se despedir de sua Mãe. Eis as últimas palavras com que Jesus de despediu neste mundo de sua Mãe: Mulher, eis aí teu filho (Jo 19,26), indicando-lhe João, o qual lhe deixava por filho em seu lugar.

Ó Rainha das dores, as recordações de um filho amado que morre são muito caras e não saem mais da memória de uma mãe! Recordai-vos que vosso Filho, que tanto vos amou, vos deixou a mim, pecador, por filho, na pessoa de João. Pelo amor que tendes a Jesus, tende piedade de mim. Não vos peço os bens da Terra: vejo vosso Filho, que morre em tantos tormentos por mim; vejo-vos a vós, minha Mãe inocente, sofrendo tantas dores por mim e vejo que eu, miserável réu do Inferno, nada padeci pelos meus pecados por vosso amor. Quero sofrer alguma coisa por vós antes de morrer. Esta é a graça que vos peço e vos digo com São Boaventura que, se vos ofendi, é de justiça que eu padeça por castigo; e se eu vos servi, é justo que eu sofra por recompensa. Impetrai-me, ó Maria, uma grande devoção a um reconciliação contínua da Paixão de vosso Filho. E por aquele tormento que sofrestes, vendo-o expirar na Cruz obtende-me uma boa morte, assisti-me minha Rainha, naquele último momento e fazei que eu morra amando o proferindo os santíssimos nomes de Jesus e Maria.  

QUINTA-FEIRA SANTA.


DIA DA ÚLTIMA CEIA DO SENHOR.
Hoje (17/4) Quinta-feira Santa, dia em que Jesus celebrou á Última Ceia com os seus apóstolos e instituiu dois sacramentos para a salvação da humanidade: a eucaristia e a ordem sagrada.

A Quinta-feira Santa é a "porta" do Tríduo Pascal, ou seja, é o "início" do período mais importante da Semana Santa no qual se comemora a paixão, morte e ressurreição de Jesus.

"Na noite de Quinta-Feira Santa, inaugurando o Tríduo pascal, reviveremos a missa que se chama In Coena Domini, isto é, a missa em que se celebra a Última Ceia, o que aconteceu ali, naquele momento. Foi a noite em que Cristo entregou as seus discípulos o testamento do seu amor na eucaristia, não como lembrança, mas como memorial, com a sua presença perene. Cada vez que se celebra a eucaristia, renova-se este mistério da redenção".
A missa da Ceia do Senhor é a celebração central da Quinta-feira Santa, mas não é a única que acontece.

Toda Quinta-feira Santa são celebradas duas missas diferentes.

Pela manhã é celebrada a chamada Missa Crismal, na qual é consagrado o santo Crisma e são abençoados os óleos que serão usados nos sacramentos de iniciação. À tarde é a Missa da Ceia do Senhor, ato central do dia.

Na Missa Crismal, acontece diante do bispo local a renovação das promessas sacerdotais de todos os sacerdotes incardinados numa diocese.

A Missa da Ceia do Senhor, celebrada à tarde, comemora a última Páscoa que Jesus passou com os apóstolos, uma Páscoa que seria "redefinida" a partir do sacrifício de Cristo na Cruz.

A Igreja celebra a Quinta-feira Santa com uma celebração eucarística muito especial. Nela, o padre faz à imitação de Cristo, o lava-pés de doze pessoas da assembleia, cada uma delas representando um dos apóstolos.

Como este gesto, é o próprio Jesus quem se coloca diante dos homens, tornando-se paradigma, modelo e medida de amor através do serviço: "Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz" (Jo 13,14-15).

Depois, ele acrescente: "Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros" (Jo 13,34). O Senhor dá o "novo mandamento" da caridade,, a "proposta maior, o desafio mais elevado - uma iniciativa de Deus à qual o homem pode responder cooperando com a sua Graça transbordante.

Não se deve perder de vista que hoje se celebra que Cristo instituiu o sacramento das ordens sacerdotais, juntamente com o sacramento da eucaristia.

Isso significa que Jesus estabeleceu um antes e um depois para a vida de Graça que cada um deve cultivar. Ele fez isso quando partiu o pão durante a Última Ceia e disse aos seus apóstolos: "Fazei isso em memória de mim". Nas palavras do padre Jeménez, "neste dia Jesus deixa o seu testamento: a eucaristia, o sacerdócio e o mandamento de amar uns aos outros". 
 


 

SÉRIE SANTOS CASADOS.

SANTA BERTA E SÃO GUMBERTO.
De acordo com o cronista Flodoardo de Reims, Gumberto, irmão de São Nivardo, arcebispo de Reims no século VII, casou-se pela segunda vez, com uma mulher chamada Berta. Ele era extremamente caridoso com a igreja e usou parte de sua fortuna para fundar o mosteiro de Saint-Pierre-le-Bas, ao lado da Porta Basilicaria, em Reims. Com a morte de São Nivardo, Gumberto legou todos os bens que herdara de sua mãe para as igrejas da cidade de Reims - o que herdara do pai ficou para os seus parentes. Então, com o consentimento de sua esposa Berta, partiu para evangelizar os habitantes ainda pagãos da costa norte do reino franco, cheio de entusiasmo missionário. Nessa missão, encontrou a morte e deu testemunho de Cristo com o próprio sangue.

Berto também seguiu o exemplo de seu nobre marido. Deixou a cidade de Reims - por volta do ano 660 - e foi para a vila de Avenay, a cerca de vinte e cinco quilômetros de Reims. Ali fundou um convento, para o qual deixou várias propriedades que lhe haviam sido herdadas. Ela mesma, então, entrou no claustro e tornou-se abadessa. Diz-se que foi assassinada por seus enteados no final do século VII, e é reverenciada como mártir, assim como seu marido. Na diocese de Reims, a celebração de Santa Berta e São Gumberto acontece no dia 1° de maio.
HOLBÖCK, Ferdinand. Santos Casados: A santidade do matrimônio ao logo dos séculos. P. 73, RS: Minha Biblioteca Católica 2020.

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA.

QUINTA-FEIRA DA SEMANA SANTA
(LAVA PÉS)

A CEIA DO SENHOR

O Sacramento do Corpo do Senhor foi convenientemente instituído na Última Ceia, e isso por três razões:

1. Em razão daquilo que este sacramento contém: ou seja, o próprio Cristo. No momento de deixar os discípulos em sua própria figura, Ele permanece com eles sob a forma sacramental, assim como, na ausência do imperador, exibe-se a sua imagem. Daí o dizer Eusébio: "Como o corpo que assumira havia de ser retirado da nossa visão corporal e elevado ao céu, era preciso que, na Ultima Ceia, Ele consagrasse para nós o sacramento de seu corpo e de seu sangue, afim de que pudéssemos continuar a adorar no mistério o que uma vez ofereceu para nosso resgate".

2. Pois, sem a fé na Paixão, não pode haver salvação. Era pois preciso que sempre houvesse entre os homens algum sinal que representasse a Paixão do Senhor, que, na antiga lei, era principalmente representada pelo Cordeiro Pascal. No Novo Testamento, o Cordeiro pascal foi sucedido pelo sacramento da Eucaristia, que é um memorial da Paixão realizada no passado; assim como o Cordeiro era figurativo da Paixão que ocorreria no futuro. Era portanto conveniente que, nas vésperas da Paixão, após ter celebrado o sacramento anterior, fosse instituído o novo.

3. Pois, quando os amigos se separam, suas últimas palavras são guardadas com mais zelo pela lembrança. Sobretudo, porque o sentimento de afeição por eles é então mais ardente; e as coisas que mais nos tocam mais profundamente se imprimem na alma. Ora, entre os sacrifícios, nenhum poderia ser maior que o do corpo e sangue de Nosso Senhor, e nenhum dom poderia ser maior que este; por isso, para que fosse tido com maior estima, o Senhor instituiu este sacramento no momento de deixar seus discípulos. Por isso disse Agostinho: o Salvador, para recomendar com maior veemência a grandeza deste mistério, quis imprimi-lo por último nos corações e na memória dos seus discípulos, os quais havia de deixar na sua Paixão.

Devemos notar que este sacramento possui uma tripla significação:

1. Quanto ao passado, enquanto é comemorativo da Paixão do Senhor, que foi um verdadeiro sacrifício, este sacramento é chamado sacrifício.

2. Quanto ao presente, i. é, à unidade da Igreja, e para que os homens se congreguem por este sacramento, é ele chamado comunhão. São João Damasceno diz que o chamamos comunhão posto que, por ele, comungamos com Cristo, participamos da sua carne e divindade e, por Ele, comungamos e nos unimos uns aos outros.

3. Quanto ao futuro, enquanto prefigura o gozo de Deus que existirá na pátria, este sacramento é chamado viático, posto que nos apresenta o caminho para lá chegarmos. Sob este aspecto, também é chamado Eucaristia, que quer dizer "boa graça", pois a graça de Deus é a vida eterna; ou porque contém realmente o Cristo que é a mesma plenitude da graça. Em grego, é chamado metalipsis, i. é, consumição, pois por ele tomamos a divindade do Filho de Deus.

MEDITAÇÃO DE HOJE.


DO AMOR DE DEUS
Deus não se limitou a dar-nos todas essas formosas criaturas do universo, mas não viu satisfeito o seu amor enquanto não veio a dar a si próprio por nós (cf. Gl 2,20). O maldito pecado nos fez perder a graça divina e o Céu, tornando-nos escravos do demônio. Mas o Filho de Deus, com espanto do Céu e da terra, quis vir a este mundo, fazer-se homem pra remir-nos da morte eterna e reconquistar-nos a graça e o Paraíso perdido. Que maravilha seria ver um poderoso monarca tomar a forma e a natureza de um verme por amor aos homens. "Humilhou-se a si mesmo, tomando a forma de servo (...) e reduzindo-se à condição de homem" (Fl 2,7). Um Deus revestido de carne mortal! E o Verbo se fez carne (cf. Jo 1,14). Mas o prodígio ainda aumenta, quando se considera o que fez e sofreu depois por nosso amor esse Filho de Deus. Para nos remir, era bastante uma só gota de seu Sangue preciosíssimo, uma só lágrima, uma só súplica, porque esta oração, sendo um ato de pessoa divina, teria infinito valor e era suficiente para resgatar não só um mundo, mas uma infinidade de mundos que houvesse. Observa, entretanto, São João Crisóstomo que aquilo que bastava para resgatar-nos não era bastante para satisfazer o imenso que Deus nos tinha. Não queria unicamente salvar-nos, mas que muito o amássemos, porque Ele muito nos amava. Escolheu vida de trabalhos e de humilhações e a morte mais amargurada entre todas as mortes, a fim de nos fazer compreender o infinito e ardentíssimo amor em que ardia por nós. "Humilhou-se a si mesmo, fez-se obediente até à morte e morte de cruz" (Fl 2,8). Ó excesso de amor divino, que nunca os anjos nem os homens chegarão a compreender! Digo excesso, porque é exatamente assim que se exprimiam Moisés e Elias no Tabor, falando da Paixão de Cristo (cf. Lc 9,31). "Excesso de dor, excesso de amor", disse São Boaventura.

Se o redentor não tivesse sido Deus, mas simplesmente um parente ou amigo, que maior prova de afeto nos poderia dar do que morrer por nós? "Ninguém tem amor em maior grau do que ele, porque dá a vida por seus amigos" (Jo 15,13). Se Jesus Cristo tivesse de salvar seu próprio pai, que mais poderia ter feito por amor dele? Se tu, meu irmão, fosses Deus e Criador de Jesus Cristo, que mais poderia fazer por ti além de sacrificar sua vida num abismo de humilhações e de dores? Se o mais vil dos homens deste mundo tivesse feito por ti o que fez o Redentor, poderias viver sem o amar? Crês na Encarnação e na morte de Jesus Cristo? Crês e não o amas? Podes sequer pensar em outras coisas que não sejam Jesus Cristo? Duvidas, talvez, do Seu amor? O Divino Salvador, diz Santo Agostinho, veio ao mundo para sofrer e morrer por vós, a fim de vos patentear o amor que vos tem. Antes da Encarnação o homem, talvez, poderia pôr em dúvida que Deus o amasse ternamente; mas, depois da Encarnação e morte de Jesus Cristo, quem pode duvidá-lo? Que prova mais evidente e terna podia dar-nos do seu amor do que sacrificar a sua vida por nós? Estamos habituados a ouvir falar de Criação e redenção, de um Deus que nasce num presépio e morre numa cruz. Ó santa fé, ilumina nossas almas!