São Luís Martin e Santa Zélia Guérin, os pais de Santa Teresinha do Menino Jesus, foram o primeiro casal a ser canonizado junto na história da Igreja Católica. Sua vida é um testemunho inspirador de santidade conjugal, dedicação familiar e fé inabalável em meio a provações.
LUÍS MARTIN
Luís Joseph Aloys Stanislaus Martin nasceu em Bordes, França, em 22 de agosto de 1823. Terceiro filho do casal Pierre-François Martin, um ex-capitão do exército napolieônico, e Fanie Boureau. A infância de Luís foi marcada pelas constantes mudanças de cidade devido à profissão militar de seu pai, mas sua educação sempre pendu para o lado religioso, estudando em pensionatos que aprofundaram sua fé.
Desde cedo, Luís revelou uma natureza contemplativa e sensível, com uma profunda inclinação para espiritualidade. Aos 22 anos, sentiu um forte chamado à vida monástica, chegando a tentar ingressar na Congregação dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, no Mosteiro do Grande São Bernardo, nos Alpes suíços. No entanto, sua incapacidade de aprender latim, um requisito essencial para a ordem, frustrou esse desejo, o que foi uma grande desilusão para ele.
Aceitando o desígnio divino, Luís redirecionou seu caminho e dedicou-se ao ofício de relojoeiro e joalheiro em Alençon. Em 1850, ele abriu sua própria loja, que rapidamente prosperou devido à sua habilidade e meticulosidade. Luís era um artesão reconhecido pela precisão e beleza de seu trabalho.
Em sua vida pessoal, Luís era um homem de hábitos regulares e de profunda piedade. Gostava de longas caminhadas na natureza, meditação, leitura espiritual e pesca. Era conhecido por sua discrição, gentileza e generosidade. Sua fé era o centro de sua vida: participava diarimente da Missa, recitava o terço e dedicava tempo à oração pessoal. Antes de conhecer Zélia, Luís vivia um vida bastante reclusa, totalmente dedicada à sua profissão e à sua rica vida interior, buscando sua santificação na rotina diária e na presença de Deus.
Seu caminho o levaria a um encontro providencial em 1858, que transformaria sua vida para sempre, levando-o à santidade conjugal e familiar. Após a morte de sua esposa Zélia, ele se dedicaria integralmente às suas cinco filhas, apoiando-as em suas vocações religiosas e e enfrentando com fé e paciência os desafios da doença em seus últimos anos.
Luís Martin faleceu em 29 de julho de 1894, deixando um legado de fé e paternidade amorosa.
ZÉLIA GUÉRIN
Marie-Azélie Guérin, conhecida como Zélia, nasceu em Gandelain, França, em 23 de dezembro de 1831, Segunda filha de Isidore Guérin, um ex-soldado da Guarda Imperial, e Lousise Macé. A data de batismos de Zélia, como era costume, teris ocorrido nos primeiros dias após se nascimento, inserindo-a da fé católica de sua família. Zélia e seus irmãos, incluindo sua irmã Marie Louise e seu irmão Isidore, cresceram em um lar que, embora católico, foi descrito por alguns biografos como um tanto exigente e autoritário, especialmente por parte de sua mãe, Louse.
Desde criança, Zélia demonstrou uma personalidade forte, determinada e um espírito empreendedor. Ela sentiu um chamado à vida religiosa e tentou ingressar nas Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo. No entanto, foi recusada devido a problemas de saúde, como fortes dores de cabeça e dificuldades respiratórias.
Sem se deixar abater por essa desilusão, Zélia canalizou sua energia para o mundo dos negócios. Ela aprendeu a complexa e valorizada técnica do famoso "Ponto de Alençon", uma renda de agulha fina e elaborada. Com grande determinação e talento, ela fundou seu próprio ateliê de fabricação de rendas em alençon, que rapidamente prosperou sob sua gestão astuta e orgnizada. Zélia era uma mulher de negócios prática e trabalhadora, que administrava sua empresa com grande sucesso.
Apesar de seus foco nos negócios, Zélia era profundamente caridosa e atenta às necessidades dos outros. Ela empregava muitas mulheres e meninas em sua oficina, garantindo-lhes condições justas de trabalho. Era conhecida por sua sinceridade franqueza e senso prático. Sua fé, prática e direta, manifestava-se na diligência de seus deveres e na caridade ativa, ao invés de uma inclinação mais contemplativa. Antes de se casar, Zéli estava completamente imersa em seu trabalho, buscando sua santificação através de cumprimento diligente de seus deveres e da caridade para com o próximo.
Zélia Guérin faleceu prematuramente em 28 de agosto de 1877, aos 45 anos, vítima de câncer de mama., Sua vida foi um testemunho de força, fé e dedicação incondicional à família.
O Encontro e o Casamento.
Luís e Zélia se conheceram em Alençon em 1858. O Encontro foi providencial e imediato: Zélia ouviu uma voz interior que lhe dizia: "Este é aquele que preparei para ti." Eles se casaram três meses depois, em 13 de julho de 1858. Desde o início, seu casamento foi marcado por um profundo respeito mútuo. amor e uma busca conjunta pela santidade. Por quase um ano, viveram como irmãos, em continência, por um voto feito por Zélia, mas depois discerniram que o plano de Deus para eles era ter filhos.
A família e as Provações
O casal teve nove filhos, mas apenas cinco filhas sobreviveram à infância: Marie, Pauline, Léonie, Céline e Tereza. A perda de quatro filhos pequenos foi uma dor imensa para Luís e Zélia, mas eles enfrentaram cada luto com fé e resignação, confiando na providência divina. Educaram suas filhas em um ambiente de profunda fé católica, virtudes cristãs e amor ao próximo. Zélia era a força prática e organizadora da casa, enquanto Luís era o pai carinhoso, presente e um modelo de piedade.
Apesar da prosperidade de seus negócios, a vida não foi isenta de dificuldades. Zélia enfrentou problemas de saúde ao longo de sua vida e faleceu prematuramente de câncer de mama em 28 de agosto de 1877, aos 45 anos. Sua morte foi um golpe devastador para Luís e suas filhas. Após a morte de Zélia, Luís, para garantir melhor cuidado para suas filhas e estar perto da família de Zélia, mudou-se com elas para Lisieux, onde as cinco filhas acabaram ingressando na vida religiosa carmelita, a última delas sendo Santa Teresinha do Menino Jesus.
Luís Martin viveu mais 17 anos após a morte de Zélia, enfrentando o sofrimento de uma doença degenerativa que o levou à paralisia e a problemas mentais nos últimos anos de sua vida. Ele suportou essa provações com paciência e fé, oferecendo tudo a Deus. Faleceu em 29 de julho de 1894.
Foram beatificados em 19 de outubro de 2008 e canonizado juntos pelo Papa Francisco em 18 de outubro de 2015, durante o Sínodo dos Bispos sobre a família. Sua festa litúrgica é celebrada em 12 de julho, véspera do aniversário de seu casamento.
São Luís e Santa Zélia são um farol de esperança e um lembrete de que a santidade é possível dentro do matrimônio e da vida cotidiana, transformadora as alegrias e tristezas da vida familiar em um caminho para Deus.
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