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SANTA MARGARIDA MARIA ALACOQUE.

A SANTA QUE DIFUNDIU A DEVOÇÃO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS.
Festa Litúrgica dia 16 de outubro.

HISTÓRIA
SANTA MARGARIDA ALACOQUE nasceu no dia 22 de julho de 1647, na tranquila aldei de Lautecour, pertencente a Verosvres, na Borgonha francesa. Filha de Claudio de Alacoque, um prestigiado notário (juiz e tabelião real), e de Philiberte Lamyn, uma mulher piedosa cuja família também gozava de bom nome. Ela era quinta filha do casal. 

Com apenas três dias de vida, no dia 25 de julho de 1647, a pequena Margarida foi levada para ser batizado pelo seu tio, o padre Antônio Alacoque, que era o paróco local.

Desde pequena os seus, a alma de Margarida demonstrou uma pureza incomum, marcada por um horror instintivo ao pecado. Com apenas quatro ou cinco anos, ela sentiu um impulso divino de fazer um voto íntimo de castidade, consagrando-se inteiramente a Deus, um to que, embora precose, selou se destino.

A estabilidade familiar foi quebrado abruptamente quando Margarida tinha apenas oito anos. A morte súbita de seu pai lançou a família na dependência de parentes. A mãe, Philibert, e seus filhos ficaram à mercê de tutores avarentos e opressores, notadamente seu tio, Toussaint Delaroche. A casa antes confortável transformou-se em um cativeiro, onde Margarida e sua mãe foram tratadas com extrema rigidez e humilhação, privadas de seus bens e forçadas a viver como servos. Ela mesma chegou a relatar em sua autobiografia ter de mendigar comida aos vizinhos, aceitando toda essa opressão como uma oportunidade de união com o Cristo sofredor.

Este périodo de tribulação foi agravado por uma doença grave que a atacou aos onze anos, uma paralisia que a manteve acamada e sofredora por cerca de quatro anos. A medicina não trazia alívio. Somente uma promessa desesperada feita à Santíssima Virgem - de que se curada, dedicaria sua vida a Deus - resultou em sua recuperação instantânea, confirmando-lhe a obrigação divina de sua vocação.

Curada, ela teve de enfrentar a pressão social e familiar para casar-se, chegando a ceder momentaneamente aos atrativos mundanos, frquentando festas e se adornando. Contudo, essa vida lhe trazia uma profunda tristeza e vazio. Uma visão de Cristo coberto de chagas a despertou para o erro. Apenas quando seu irmão Jean Alacoque atingiu a maioridade e pode intervir, libertanto a mãe e Margarida do jugo dos tutores, é que ela conseguiu, finalmente, obter a permissão para seguir a vida religiosa.

Aos vinte e quatro anos, em 20 de junho de 1671, Margarida Maria ingressou no Mosteiro da Ordem da Visitação de Santa Maria em Paray-le-Monial, após ouvir a voz interior que lhe dizia. "É aqui que Eu te quero. "Fez sua profissão religiosa no ano seguinte, em 1672, experimentando o Matrimônio Místico com Jesus.

A partir dai, sua vida foi uma torrente de graças místicas. Contudo, a comunidade, permeada por um espírito de cautela e ceticismo em relação a fenômenos extraordinários, viu suas experiências com suspeita. Margarida Maria foi submetida a provações rigorosas, penitências, e grande humilhação, sendo frequentemente tratada como uma "visionária" ou iludida por suas próprias superioras e irmãs de hábito, que tentavam a todo custo sujeitá-la ao molde ordinário da vida conventual.

O cume de sua missão ocorreu entre 1673 e 1675, com as quatro grandes revelações do Sagrado Coração de Jesus. Na festa de São João Evangelista de 1673, em um êxtase, Jesus permitiu que ela repousasse a cabeça em Seu peito, revelando-se o Coração como fonte de seu amor. O clímax se deu na Oitava de Corpus Christi, em 1675, quando Jeus lhe apareceu, mostrando o Seu Coração em chamas, coroando de espinhos e com a chaga da lança, e proferiu as palavras que resumem toda a devoção: "Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar Seu amor. E em reconhecimento não recebo senão ingratidão..." Neste momento, Jesus ordenou a ela que trabalhasse pela instituição de uma Festa em honra dos Sagrado Coração na sexta-feira após a Oitava de Corpus Christi, bem como a prática da Hora Santa e das Comunhões reparadores nas Primeiras Sextas-feiras.

A Providência, ciente de sua fraqueza e da oposição, enviou-lhe um poderoso defensor: o padre jesuita Cláudio de La Colombiére. Chegando a Paray-le-Monial em 1675, ele se tornou seu diretor espiritual e, após um menucioso discernimento, confirmou a Margarida Maria a origem divina de suas visões. Foi ele que a ordenou, sob obediência, a escrever em detalhes suas esperiências em sua Autobiografia, garantindo a difusão da mensagem. Mesmo após a partida de Padre Cláudio para Inglaterra, o apoio jesuíta e de outros sacerdotes (como padre Jean Croiset) foi crucial para que a devoção se espalhasse.

Em seus útimos anos, Margarida Maria foi nomeada Mestra das Noviças, podendo, assim, plantar a semente da devoção nas jovens gerações de Visitandinas. Ela também transmitiu, em 1689, a mensagem de Jesus para o rei da França, Luís XIV, consagrasse a nação do Sagrado Coração, um pedido que foi ignorado e que se tornou um ponto de reflexão histórica sobre os castigos que se seguiram à monarquia.

Consumida pelo amor divino e pela febre, Santa Margarida Maria Alacoque faleceu serenamente em seu convento de Paray-le-Monial em 17 de outubro de 1690, os quarenta e três anos, tendo como suas últimas palavras: "Eu não preciso de nada senão de Deus e de ser imergida no Coração de Jesus Cristo." Sua missão foi cumprida, e a devoção ao Sagrado Coração de Jesus se estabeleceu como um dos pilares da espiritualidade católica. Sua santidade foi formalmente reconhecida com a beatificação pelo Papa Pio IX em 1864 e a canonização pelo Papa Bento XV no dia 13 de maio de 1920.  

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