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SANTOS PROMÁRTIRES DO BRASIL


HISTÓRIA
A Holanda, potência protestante (calvinista), ocupou grande parte do Nordeste do Brasil a partir de 1630. A presença holandesa, embora focada inicialmente em interesses econômicos (especialmente o açúcar), trouxe um forte elemento de conflito religioso, muitas vezes não relatados nos livros de história.

Os Holandeses, influenciados pela Igreja Cristã Reformada (Calvinista), impuseram restrições severas à prática do catolicismo, que era a fé professada pela maioria dos colonos portugueses e dos nativos convertidos. A celebração da Santa Missa e a administração dos Sacramentos foram frequentemente proibidas e punidas.

No Rio Grande do Norte, o Conde João Maurício de Nassau inicialmente prometeu tolerância religiosa, mas esta política foi derrubada por uma facção mais radical, que viu na perseguição aos católicos um meio de enfraquecer a resistência portuguesa. O objetivo era forçar os católicos à conversão ao calvinismo e expropriar seus bens.

Os mártires foram vítimas de dois massacres cruéis e distintos, que tiveram o envolvimento de soldados holandeses e mercenários, incluindo índios Tapuias e Potiguares, sob a liderança de um alemão chamado Jacob Rabbi, a serviço da Companhia das Índias Ocidentais (WIC). que agia sob ordens de autoridades calvinistas. 

O Martírio de Cunhaú (16 de Julho de 1645)
A EMBOSCADA: A comunidade católica do Engenho Cunhaú (hoje em Canguaretama, RN) foi atacada durante a Missa Dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias. O Padre André de Soveral, nascido no Brasil e sacerdote jesuíta, estava celebrando.

O ataque acorreu no ponto mais alto da Missa, a Elevação da Hóstia, o momento em que o pão e o vinho se transforma no Corpo e Sangue de Cristo. O mercenário Jacob Rabbi ordenou que as portas da capela fossem trancadas. Os foram atacados brutalmente, sendo mortos a golpes de armas e facas. Eles foram massacrados no local sagrado por se recusarem a renuncair à sua fé.

Os corpos mutilados foram deixados no local para serem devorados pro animais, um ato que visava não apenas matar, mas humilhar os fiéis e negar-lhes um enterro cristão. 

Estima-se que mais de 70 pessoas foram mortas, incluindo o Padre André se Soveral, o leigo Domingos Carvalho e o administrador do engenho, Francisco Dias.

O Martírio de Uruaçu (3 de outubro de 1645).
Três meses depois, um grupo de cerca de 30 católicos de Natal e arredores, incluindo o Padre Ambrósio Ferro (o Vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação) e leigos de destaque, foram presos e levados para o forte dos Reis Magos, em Natal. Eles foram submetidos a condições degradantes e torturas por ordem dos holandeses.

O grupo foi levado para a comunidade de Uruaçu (hoje em São Gonçalo do Amarante, RN) para a execução pública. O martírio durou horas e incluiu métodos de tortura cruéis visando a retratação da fé. Os relatos indicam que línguas e os membros de algumas vítimas foram cortadas.

O caso mais famoso e eloquente é o de MATEUS MOREIRA, um camponês leigo. Durante a tortura, enquanto lhe arrancavam o coração pelas costas, ele usou suas últimas forças para clamar. "Louvado seja o Santíssimo Sacramento!" Essa exclamação se tornou o símbolo da fé inabalável dos mártires na Eucaristia.

CANONIZAÇÃO E CULTO

A Causa dos Mártires
A memória dos mártires permaneceu viva na tradição potiguar, que os venerava como defensores da fé católica. O processo de reconhecimento oficial levou séculos para ser concluído: 

O papa João Paulo II beatificou os 30 Mártires identificados (2 sacerdotes e 28 leigos em 5 de março de 2000, na Praça de São Pedro, no Vaticano.

Em 15 de outubro de 2017, o Papa Francisco os canonizou, tornando-os os primeiros Santos Mártires do Brasil.

Os Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu são os Padroeiros do estado do Rio Grande do Norte.

O santuário dos Mártires em São Gonçalo do Amarante e a Capela de Nossa Senhora das Candeias em Cunhaú são locais de peregrinação e grande devoção.

A Igreja celebra a memória deles no dia 3 de outubro.

A história desses mártires é um símbolo da perseverança na fé e da união do povo brasileiro, que se recusou a abrir mão de suas crenças, mesmo diante da violência e da morte.

OS 30 MÁRTIRES QUE FORAM IDENTIFICADOS E CANONIZADOS PELO PAPA FRANCISCO

Mártires de Cunhaú

1. Santo André de Soveral, S.J: Sacerdote Jesuíta, nascido no Brasil, foi o celebrante da Missa no momento do ataque.

2. São Domingos Carvalho: Leigo, proprietário de terras e líder da comunidade de Cunhaú.

Mártires de Uruaçú.

3. Santo Ambrósio Francisco Ferro: Sacerdote, Vigário da Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação.

4. São Mateus Moreira: Leigo e Camponês, famoso por sua última exclamação "Louvado seja o Santíssimo Sacramento.

5. São Antônio Vilela, o Jovem: Leigo.
6. São José do Porto: Leigo
7. São Francisco de Bastos: Leigo
8. São Diogo Pereira: Leigo
9. São João Lostau Navarro: Leigo (de origem francesa)
10. São Antônio Vilela Cid: Leigo (de origem espanhola)
11. Santo Estêvão Machado de Miranda: Leigo, rido fazendeiro.
12. São Vicente de Souza Pereira: Leigo
13. São Francisco Mendes Pereira: Leigo
14. São João da Silveira: Leigo
15. São Simão Correia: Leigo
16. São Antônio Baracho: Leigo
17. São Manuel Rodrigues de Moura: Leigo
18. A Esposa de Manuel Rodrigues de Moura
19. A filha de Antônio Vilela, A Jovem: Criança
20. Uma das Filhas de Estêvão Machado de Miranda. Criança
21. A outra Filha de Estêvão Machado de Miranda. Criança
22. Uma filha de Francisco Dias: Criança
23. São João Martins: Leigo, líder de um grupo.
24. Um companheiro de João Martins.
25. Outro Companheiro de João Martins
26. Outro Companheiro de João Martins
27. Outro Companheiro de João Martins
28. Outro Companheiro de João Martins
29. Outro Companheiro de João Martins
30. Outro Companheiro de João Martins

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