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domingo, 20 de abril de 2025

CRISTO NÃO PODE SER REDUZIDO A UM HERÓI DO PASSADO.


O papa Francisco pediu para buscar Cristo "em todo lado", acompanhado como Ele "as lágrimas de quem sofre", porque a Ressurreição torna impossível reduzi-lo a "um herói do passado" ou ser indiferente ao sofrimento.

"Ele está vivo e permanece sempre conosco, chorando as lágrimas de quem sofre e multiplicando a beleza da vida nos pequenos gestos de amor de cada um de nós, disse o papa no texto da homilia que preparou para a solene missa do Domingo de Páscoa, que celebrada pelo cardeal Angelo Comastri.

O rito começou com o tradicional Resurrexit, com o qual todos os presentes na Praça de São Pedro e aqueles que acompanharam a celebração ao vivo foram convidados a se juntar ao júbilo da vitória de Jesus Cristo sobre a morte.

O papa, que surpreendeu um grupo de peregrinos ontem (19/4), Sábado Santo, quando fez uma aparição surpresa na basílica de São Pedro para rezar, disse que o anúncio da Páscoa é que a "morte" não foi capaz de segurar Cristo, que ele "já não está envolvido pelo sudário e, por isso, não podemos encerrá-lo numa bonita história para contar".

"Não podemos fazer dele um herói do passado ou pensar nele como uma estátua colocada na sala de um museu", disse.

Em sua homilia, o papa Francisco refletiu sobre a atitude dos discípulos que, a receberem "aquela surpreendente notícia, saíram e - diz o Evangelho - 'corriam os dois juntos". 

"Os protagonistas dos relatos pascais correm todos! E este correr exprime, por um lado, a preocupação de que tivessem levado o corpo do Senhor, mas, por outro lado, a corrida de Maria Madalena, de Pedro e de João fala do desejo, do impulso do coração, da atitude interior de quem se põe à procura de Jesus", disse Francisco, observando que os cristãos não podem permanecer imóveis.

"Porque se Ele ressuscitou, então está presente em toda a parte, habita no meio de nós, esconde-se e revela-se ainda hoje nas irmãs e nos irmãos que encontramos pelo caminho, nas situações mais anônimas e imprevisíveis da nossa vida" disse. 

É por isso que a fé pascal, enfatizou, "é tudo menos uma acomodação estática ou um pacífico conforma-se numa segurança religiosa qualquer".

Pelo contrário, o papa disse que a Páscoa "põe-se em movimento" e a ter olhos capazes de "ver mais além, para vislumbrar Jesus, o Vivente, como o Deus que se revela e ainda hoje se torna presente, nos fala, nos precede, nos surpreende".

"Aqui está a maior esperança da nossa vida: Podemos viver esta existência pobre, frágil e ferida agarrados a Cristo, porque Ele venceu a morte, vence a nossa escuridão e vencerá as trevas do mundo, para nos faze viver com Ele na alegria, para sempre", disse, enfatizando que o Jubileu da Esperança 2025 chama os fiéis a renovar sua esperança e compartilhá-la com a humanidade.

Ele acrescentou: "Não podemos estacionar o nosso coração nas ilusões deste mundo, nem fechá-lo na tristeza; temos de correr, cheios de alegria. Corramos ao encontro de Jesus, redescubramos a graça inestimável de ser seus amigos". 

Finalmente, o cardeal Comastri agradeceu ao papa Francisco por seus esforços na preparação da homilia: "Obrigado, papa Francisco, por este forte convite para despertar nossa fé em Jesus, ressuscitado e vivo e sempre presente ao nosso lado", disse ele depois de desejar uma boa Páscoa a todos os presentes; 

REFLEXÃOS DOS SANTOS SOBRE A PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO.


Ao longo dos séculos, vários santos da Igreja enviaram mensagens para celebrar a Páscoa da Ressurreição do Senhor.

SANTO AGOSTINHO
"Na Páscoa, nome hebreu que significa 'passagem', não só recordamos a morte e ressurreição do Senhor, mas também nós passamos da morte à vida... A Igreja, corpo de Cristo, espera participar definitivamente na vitória sobre a morte, triunfo já manifestado na ressurreição corporal de nosso Senhor, Jesus Cristo". (Sermão 55,2).

"Foi a carne a que morreu, a que ressuscitou, a que foi pendurada no madeiro, a que jazia no túmulo e agora está sentada no céu". (Sermão 238,2).

"Pois Ele não teria ressuscitado se não tivesse morrido, e Ele não teria morrido se não tivesse nascido; por isso, o fato de nascer e morrer existiu em função da ressurreição (...). Cristo, o Senhor, no fato de nascer e morrer, tinha seu olhar posto na ressurreição; nela Ele estabeleceu os limites de nossa fé. Nossa raça, ou seja, a raça humana, conhecia duas coisas: o nascer e o morrer. Para nos ensinar o que nós não conhecíamos, Ele pegou o que nós conhecíamos". (Sermão 229 H, 1).

SÃO JOÃO PAULO II
"Se às vezes esta missão vos aparecer difícil, recordai as palavras do Ressuscitado: "Eu estarei sempre convosco, até o fim do mundo" (Mt 28,20). Assim, na certeza da sua presença, não temereis qualquer dificuldade nem obstáculo. A sua Palavra vos iluminará; o seu Corpo e o seu Sangue servirão de alimento e amparo no caminho quotidiano para a eternidade".

"Maria é-nos guia no conhecimento dos mistérios do Senhor: e como n'Ela e com Ela compreendemos o sentido da Cruz, assim também n'Ela e com Ela chegamos a colher o significado da Ressurreição, saboreando a alegria, que promana desta experiência".

SANTO TOMÁS DE AQUINO
"Cristo provou sua ressurreição de três maneiras: pela vista: 'Vede minhas mãos e meus pés' ((Lc 24,39); pelo toque, para o qual ele continua: 'Apalpai e vede: um espírito não tem carne; pelo paladar: 'Mas, vacilando eles ainda e estando transportados de alegria, perguntou: 'Tendes aqui alguma coisa para comer?

SÃO PAULO VI
"A ressurreição de Cristo não é apenas seu triunfo pessoal, mas também o início de nosso salvação e, portanto, de nossa ressurreição. É assim agora, como libertação da primeira e fatal causa de nossa morte, que é o pecado, desapego da única verdadeira fonte de vida, que é Deus (cf. Rm 4,25; 6,11); é como penhor de nossa futura ressurreição corporal, salvos como somos, na esperança que não decepciona (Rm 8,24), para o último dia, para a vida que não conhecer fim (I. 6,49 ss). (30 de março de 1975). 

SÃO JOÃO XXIII
"Nossa Páscoa é, portanto, para todos uma morte ao pecado, às paixões, ao ódio, às inimizades, a tudo aquilo que é fonte de desequilíbrio, amargura e tormento na ordem espiritual e material. Esta morte é, na verdade, apenas o primeiro passo para um objetivo maior: pois nossa Páscoa é também um mistério de vida". (Homilia de 1959).  

COMEÇA HOJE A OITAVA DE PÁSCOA.


No domingo da Ressurreição (hoje) começam os cinquenta dias do tempo pascal, que termina com a solenidade de Pentecostes. A Oitava de Páscoa é a primeira semana destes cinquenta dias; é considerada como se fosse um só dia, ou seja, o júbilo do Domingo de Páscoa é prolongado durante oito dias.

As leituras evangélicas estão centralizadas nos relatos das aparições de Cristo Ressuscitado e nas experiências que os apóstolos tiveram com Ele.

Neste tempo litúrgico, a primeira leitura, normalmente tirada do Antigo Testamento, é trocada por uma leitura dos Atos dos Apóstolos.

O segundo Domingo de Páscoa também é chamado Domingo da Divino Misericórdia, segundo a disposição de São João Paulo II durante seu pontificado, depois da canonização da sua compatriota Faustina Kowalska.

O decreto foi emitido no dia 23 de maio de 2000 pela Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, detalhando que esta seria comemorada no segundo domingo de Páscoa. A denominação oficial deste dia litúrgico será "segundo domingo de Páscoa ou Domingo da Divina Misericórdia". 

CRISTO RESSUSCITOU! ALELUIA.


A manhã de pascoa rompeu as trevas da morte com a luz de uma nova esperança: CRISTO RESSUSCITOU ALELUIA! esta é a grande verdade que enche de alegria o coração dos cristãos e ilumina o caminho da humanidade.

A pedra foi removida do sepulcro e, com ela, caíram também o medo, o desespero e a escuridão. Jesus venceu a morte e nos ofereceu a vida nova, aquela que não conhecer o fim. Sua ressurreição não é apenas uma memória do passado, mas uma certeza viva que ecoa todos os dias: o amor é mais forte que a dor, a lua é mais poderosa que qualquer treva.

Cada vez que olhamos ao nosso redor e enxergamos sinais de bondade, de reconciliação, de esperança, de perdão e de paz, ali está a presença do Cristo ressuscitado, ele caminha conosco, fortalece nossa fé e nos convida a ser testemunhas vivas do seu amor no mundo.

Que neste tempo de pascoa, e em todos os dias de nossa vida possamos proclamar com alegria e convicção:
CRISTO RESSUSCITOU! ALELUIA!
E que essa verdade transforme nossos corações em nossas ações, para que sejamos luz no mundo, assim com ele é luz para nós. 

Por: Clemildo Galdino                                                                                                                                                

O QUE SIGNIFICAM OS SÍMBOLOS GRAVADOS NO CÍRIO PASCAL.

Durante as celebrações da vigília do Sábado Santo, é aceso a Círio Pascal, que irá acompanhar as celebrações do Batismo, Exéquias durante o ano. O círio pascal é desde os primeiros séculos do cristianismo, um dos elementos mais expressivos da Vigília do Sábado Santo. A seguir, apresentamos o significado de cada um dos símbolos gravados nele:

1.Luz
O círio pascal representa Cristo ressuscitado, "a verdadeira luz que ilumina todo homem que vem a este mundo" e que dissipa as trevas (a morte).

2. Chama
No início, na procissão de entrada da Vigília, a única lua é a do círio pascal. Então, com essa chama, a pequena vela levada pelos fiéis é acesa, o que significa a fé que todos nós recebemos e compartilhamos.

Através deste ato, os batizados são lembrados de que devem ser portadores da lua de Cristo, testemunhas de seu amor, que como uma chama acende e aquece os corações.

3. A Cruz
A cruz é sempre o símbolo central, é o caminho que deve ser tomado, como Cristo, para chegar ao Pai.

4. Cravos
São cinco grãos de incenso, muitas vezes vermelhos, que são cravados no círio e simbolizam as cinco chagas de Jesus, os três pregos que perfuram suas mãos e pés, a lança no lado direito do corpo e os espinhos em sua cabeça.

5. Fogo
O fogo da chama também representa uma imagem viva da ressurreição, do homem que abandona o pecado e nasce para um nova vida. Enquanto o círio está aceso, o sacerdotes pode dizer palavras semelhantes a: "A luz de Cristo, elevando-se em Glória, dissipa as trevas de nossas mentes e de nossos corações".

6. Alfa e Ômega
As letras Alva e Ômega, a primeira e a última do alfabeto grego, indicam que a Páscoa de Cristo, o início e o fim do tempo e da eternidade, chega até nós sempre com nova força no ano especial em que vivemos.

7. Ano
O ano atual representa Deus no presente e como Mestre e Senhor de toda a eternidade.

8. O Cordeiro
Cristo é representado pela figura de um cordeiro.

MEDITAÇÃO DE HOJE


DO JUÍZO UNIVERSAL
Assim que os mortos ressuscitarem, farão os anjos que se reúnam todos no vale de Josafá para serem julgados (cf. Jl 3,14) e separarão ali os justos dos réprobos (cf. Mt 13,49). Os primeiros ficarão à direita; os condenados, à esquerda... Profunda mágoa sente quem se vê separado da sociedade ou da Igreja. Quanto maior será a dor de ver-se banido da companhia dos santos! Que confusão experimentaram os ímpios, quando, apartados dos justos, se sentirem abandonados! Disse São João Crisóstomo que, se condenados não tivessem de sofrer outras penas, essa confusão bastaria para dar-lhes os tomentos do inferno. Haverá filhos separados de suas pais; esposos, de suas esposas; amos, de seus servos... (cf. Mt 24,40). Dize-me, meu irmão, em que lugar crês que te acharás então? Queres estar à direita? Abandona, portando, o caminho que conduz à esquerda. Neste mundo, têm-se por felizes os príncipes e os ricaços, e se desprezam os santos, os pobres e os humildes. Ó cristãos fiéis, que amais a Deus! Não vos aflijas por viverdes tão atribulados e vilipendiados neste mundo. "Vossa tristeza  se converterá em gozo" (Jo 16,20). Então verdadeiramente series chamados bem-aventurados e tereis a honra de ser admitidos à corte de Cristo. Em que celestial formosura resplandecerá um São Pedro de Alcântara, que foi injuriado como apóstata; um São João de Deus, escarnecido como louco; Um São Pedro Celestino, que, renunciando ao Pontificado, morreu nu cárcere! Que glória alcançarão tantos mártires entregues outrora à crueza dos verdugos! (cf. I Cor 4,5). Que horrível figura, pelo contrário, fará um Herodes, um Pilatos, um Nero e outros poderosos da Terra, condenados para sempre! Ó amigos e cortejadores deste mundo! Ide para o vale, naquele vale vos espero. Ali, sem dúvida, mudareis de parecer; ali, chorareis vossa loucura. Infelizes! Tendes de representar um brevíssimo papel no palco deste mundo e preferis o de réprobos na tragédia do juízo universal! Os eleitos serão colocados à direita, e para maior glória - segundo afirma o Apóstolo - serão elevados aos ares, acima das nuvens, e esperarão com os anjos a Jesus Cristo, que deve descer do Céu (cf. I Ts 4,17). Os réprobos, à esquerda, como reses destinadas ao matadouro, aguardarão o Supremo Juiz, que há de tornar pública a condenação de todos os seus inimigos.

Abrem-se, enfim, os Céus e aparecem os anjos para assistir ao juízo, trazendo os sinais da Paixão de Cristo, disse Santo Tomás. Singularmente resplandecerá a Santa Cruz. "E então aparecerá o sinal do Filho do homem no céu; e todos os povos da terra chorarão" (Mt 24,30). "Como, à vista da Cruz", exclama Cornélio a Lápide, "hão de gemer os pecadores que desprezaram sua salvação eterna, que tanto custou ao Filho de Deus". "Então", diz São João Crisóstomo, "os cravos se queixarão de ti; as chagas contra ti falarão; a Cruz de Cristo clamará contra ti". Os Santos Apóstolos serão assessores deste julgamento e todos aqueles que os imitaram. E com Jesus Cristo julgarão os povos. Ali também assistirá a Rainha dos Anjos e dos homens, Maria Santíssima. Aparecerá, enfim, o Eterno Juiz em luminoso trono de majestade. "E verão o Filho do homem, que virá nas nuvens do céu, com grande poder e majestade. "E verão o Filho do homem, que virá nas nuvens do céu, com grande poder e majestade" (Mt 24,30). "À sua presença chorarão os povos" (ibid.). A presença de Cristo trará aos eleitos inefável consolo, e aos réprobos aflições maiores que as do próprio inferno - disse São Jerônimo. Dai-me o castigo que quiserdes, mas não me mostreis naquele dia o vosso rosto indignado. São Basílio disse: "Estas confusão excede toda a pena". Cumprir-se-á então a profecia de São João: os condenados pedirão às montanhas que caiam sobre eles e os ocultem à vista do Juiz irritado (cf. 6,16).

sábado, 19 de abril de 2025

OS SÍMBOLOS DO SÁBADO SANTO.

Hoje, Sábado Santo, a Igreja celebra a Vigília Pascal, considerada a mãe de todas as vigílias por ser celebrada na noite em que Cristo passou da morte à vida. Esta celebração possui quatro partes: a liturgia da luz; a liturgia da palavra; a liturgia batismal; e a liturgia eucarística. Conheça os símbolos presentes nessa missa.

A LUZ E O FOGO
Desde sempre, a luz existe em estreita relação com a escuridão: na história pessoal ou social, uma época sombria vai seguida de uma época luminosa; na natureza é das escuridões da terra de onde brota à luz a nova planta, assim como à noite lhe sucede o dia.

A luz também se associa ao conhecimento, ao tomar consciência de algo novo, frente à escuridão da ignorância. E porque sem lua não poderíamos viver, a lua, sempre, mas sobretudo nas Escrituras, simboliza a vida, a salvação, que é Ele mesmo (Sl 27,1; Is 60,19-20).

A luz de Deus é uma luz no caminho dos homens (Sl 119, 105), assim como sua Palavra (Is 2,3-5). O Messias traz também a lua e Ele mesmo é luz (Is 42.6; Lc 2,32).

As trevas, então, são símbolo do mal, a desgraça, o castigo, a perdição e a morte (Jó 18,6.18; Am 5.18). Mas é Deus quem penetra e dissipa as trevas (Is 60,1-2) e chama os homens à luz (Is 42,7).

Jesus é a luz do mundo (Jo 8, 12; 9,5) e, por isso, seus discípulos também devem sê-lo para outros (Mt 5,14), convertendo-se em reflexos da luz de Cristo (2 Cor 4,6). Uma conduta inspirada no amor é o sinal de que se está na luz (1 Jo 2,8-11).

Durante a primeira parte da Vigília Pascal, chamada “lucenário”, a fonte de luz é o fogo. Este, além de iluminar, queima e, ao queimar, purifica. Como o sol por seus raios, o fogo simboliza a ação fecundante, purificadora e iluminadora. Por isso, na liturgia, os simbolismos da luz–chama e iluminar–arder se encontram quase sempre juntos.

O CÍRIO PASCAL
Entre todos os simbolismos derivados da lua e do fogo, o círio pascal é a expressão mais forte, porque reúne ambos.

O Círio pascal representa Cristo ressuscitado, vencedor das trevas e da morte, sol que não tem acaso. Acende-se com fogo novo, produzido em completa escuridão, porque, na Páscoa, tudo se renova: dele se acendem as demais luzes.

As características da luz são descritas no exultet e formam uma unidade indissolúvel com o anúncio da libertação pascal. O círio aceso é, pois, um memorial da Páscoa. Durante todo o tempo pascal o círio estará aceso para indicar a presença do Ressuscitado entre os seus.

OS SÍMBOLOS DO BATISMO

1. A água
Embora o rito do Batismo esteja repleto de símbolos, a água é o elemento central, o símbolo por excelência. Em quase todas as religiões e culturas, a água possui um duplo significado: é fonte de vida e meio de purificação.

Nas Escrituras, encontramos as águas da Criação sobre as quais pairava o Espírito de Deus (Gn 1,2). A água é vida no regaço, na seiva, no líquido amniótico que nos envolve antes de nascer. No dilúvio universal, as águas torrenciais purificam a face da terra e dão lugar a nova criação a partir de Noé.

No deserto, os poços e os mananciais se oferecem aos nômades como fonte de alegria e de assombro. Perto deles, têm lugar os encontros sociais e sagrados, preparam-se os matrimônios, etc.

Os rios são fontes de fertilização de origem divina; as chuvas e o orvalho contribuem com sua fecundidade como benevolência de Deus. Sem a água, o nômade seria imediatamente condenado à morte e queimado pelo sol palestino. Por isso, pede-se a água na oração.

Deus se compara com uma chuva de primavera (Os 6,3), ao orvalho que faz crescer as flores (Os 14.6). O justo é semelhante à árvore plantada ao borde das águas que correm (Nm 24,6); a água é sinal de bênção.

Segundo Jeremias (2, 13), o povo de Israel, ao ser infiel, esquece Yahvé como fonte viva, querendo escavar suas próprias cisternas. A alma procura Deus como o cervo sedento procura a presença da água viva (Sl 42,2-3). A alma aparece assim como uma terra seca e sedenta, orientada para a água.

Jesus emprega também este simbolismo em sua conversa com a samaritana (Jo 4.1-14), a quem se revela como “água viva” que pode saciar sua sede de Deus. Ele mesmo se revela como a fonte dessa água: “Se alguém tiver sede, que venha para Mim e beba” (Jo 7,37-38). Como da rocha de Moisés, a água surge do flanco transpassado pela lança, símbolo de sua natureza divina e do Batismo (cf Jo 19,34).

Por este motivo, a água se converteu no elemento natural do primeiro sacramento da iniciação cristã.  Desde os primeiros séculos do cristianismo, os cristãos adultos eram batizados em uma espécie de pia cheia de água que tinha duas escadas: por uma descia e por outra saía. A imagem de “descer” às águas representava o momento da purificação dos pecados e estava associada à morte de Cristo.

A saída, subindo pelo lado oposto, representava o renascer à nova vida, como se estivesse saindo do ventre materno e era associado à ressurreição. No centro se fazia a profissão de fé pública. E isto significa que a água do batismo não é algo “mágico” – como pensam muitos – que protege ou transforma por si só, mas sim a expressão deste duplo compromisso: o de mudar de vida morrendo ao pecado e o de renovar a escala de valores, iluminados por Cristo, ressuscitados com Ele.

2. A veste branca
A cor branca sempre foi identificada com a pureza, com o inocente. Parece lógico que, desde os primeiros séculos do cristianismo, os catecúmenos fossem ao Batismo vestidos com túnicas brancas. Poderíamos considerá-lo, inclusive, como inspirado na imagem reiterada do Apocalipse, em que os seguidores fiéis do Cordeiro mereceram vestir-se de branco (cf 3,4-5.18; 4,4;7,9.13-14; 19,14; 22,14).

Entretanto, os textos bíblicos dependeriam do que nos diz a tradição cultural dos primeiros séculos, anterior aos mesmos. Em todo o Império Romano, só os membros do Senado se vestiam com túnicas brancas, por isso os chamavam candidatus, do latim “cândido”, branco. Desta maneira, manifestava publicamente sua dignidade, a de servir ao Imperador, o qual se apresentava como o filho de deus.

Os cristãos, então, a irem vestidos de branco a receber o Batismo, tentaram mostrar que a verdadeira dignidade do homem não consiste em trabalhar para nenhum poder político, mas em servir a Jesus Cristo, o verdadeiro Filho de Deus. Portanto, mais que símbolo de pureza, era símbolo de dignidade, de vida nova, de compromisso com um estilo de vida e com o esforço cotidiano por conservá-la sem mancha, para ser considerados dignos de participar do banquete do Reino (cf. Mt 22, 12).

Em uma sociedade consumista como a nossa, em que a dignidade das pessoas depende de como vão vestidas, da moda que seguem, das marcas que usam, os cristãos deveriam nos perguntar o que fizemos de nossa “veste branca” batismal e verificar se, como diz São Paulo, “tendo-nos revestido de Cristo” (cf. Gl 3.27).

SÁBADO SANTO: O DIA DO GRANDE SILÊNCIO.


O catecismo da Igreja Católica diz que o Sábado Santo é um dia "de grande silêncio" por causa da morte de Cristo.

O catecismo explica nos números 631 a 637 a parte do Credo que diz "Jesus Cristo desceu a mansão dos mortos, ressuscitou ao terceiro dia".

O Credo, diz o Catecismo, "conforme, num mesmo artigo da fé, a descida de Cristo a mansão dos mortos e a sua ressurreição dos mortos ao terceiro dia, porque, na sua Páscoa, é da profundidade da morte que Ele faz jorrar a vida". 

Jesus, continua o texto, "antes da ressurreição, permaneceu na mansão dos mortos (cf. Hb 13,20). Este é o sentido primeiro dado pela pregação apostólica à descida de Jesus à mansão dos mortos: Jesus conheceu a morte, como todos os homens, e foi ter com eles à morada dos mortos. Porém, desceu lá como salvador proclamado a Boa-Nova aos espíritos que ali estavam prisioneiros". 

Quando Jesus morre, no Sábado Santo "um grande silêncio envolve a terra; um grande silêncio e uma grande solidão. Um silêncio, porque o Rei dorme".

"A terra está amedrontada e oprimida, porque Deus adormeceu na carne e despertou os que dormiam desde os tempos antigos".

Jesus então "vai à procura de Adão, nosso primeiro pai, a ovelha perdida. Quer visitar os que jazem na trevas e nas sombras da morte. Vai libertar Adão do cativeiro da morte. Ele que é ao mesmo tempo seu Deus e seu filho".

O Catecismo também diz que na Bíblia, inferno ou hades é "a morada dos mortos, a que Cristo desceu após a morte, porque aqueles que aí se encontravam estavam privados da visão de Deus. Tal era o caso de todos os mortos, maus ou justos, enquanto esperavam o Redentor.

A descida à mansão dos mortos é o cumprimento, até à plenitude, do anúncio evangélico da salvação".

"É a última fase da missão messiânica de Jesus, face condensada no tempo, mas imensamente vasta no seu significado real de extensão da obra redentora a todos aqueles que se salvaram se tornaram participantes da redenção", diz o catecismo

Desta forma, Cristo "pela sua morte, reduziu à importância aquele que tem o poder da morte, isto é, o Diabo, e libertou quantos, por meio da morte, se encontravam sujeitos à servidão durante a vida inteira". 

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA.

SÁBADO DE PÁSCOA.

UTILIDADE DA DESCIDA DE CRISTO AOS INFERNOS.

Da descida de Cristo aos infernos podemos tirar quatro ensinamentos para nossa instrução.

1.- Primeiro, uma firme esperança em Deus, pois quando quer que o homem esteja em aflição, deve sempre esperar do auxílio divino e nele confiar. Nada há de mais sério do que cair no inferno. Se portanto Cristo libertou os que estavam nos infernos, cada um, se é de fato amigo de Deus, deve muito confiar para que Ele o liberte de qualquer angústia. Lê-se: "Esta (isto é, a sabedoria) não abandonou o justo que foi vencido (...) desceu com ele na fossa, e na prisão o não abandonou" (Sb 10, 13-14). Como Deus auxilia aos seus servos de um modo todo especial, aquele que O serve deve estar sempre muito seguro. Lê-se: "O que teme ao Senhor por nada trepidará e nada temerá por que Ele é a sua esperança" (Ecl 39, 16).

2.- Segundo, devemos despertar em nós o temor, e de nós afastar a presunção. Pois, apesar de Cristo ter suportado a paixão pelos pecadores, e ter descido aos infernos, não libertou a todos, mas somente àqueles que estavam sem pecado mortal, como acima foi dito. Aqueles que morreram em pecado mortal, deixou-os abandonados. Por isso, ninguém que desça de lá com pecado mortal espere perdão. Mas ficarão no inferno o tempo em que os Santos Patriarcas estiverem no Paraíso, isto é, para toda a eternidade. Lê se em São Mateus: "Irão os malditos para o suplício eterno, os justos, porém, para o Paraíso" (Mt 25, 46).

3.- Terceiro, devemos viver atentos, porque se Cristo desceu aos infernos para a nossa salvação, também nós devemos com solicitude lá descer em espírito, meditando sobre às penas nele existentes, imitando o Santo Ezequias, que dizia: "Irão os malditos para o suplício eterno, os justos, porém, para o Paraíso" (Is 38, 10).

Desse modo, aquele que em vida vai lá pela meditação, não descerá facilmente para o inferno na morte, porque essa meditação afasta do pecado.

Aos vermos como os homens deste mundo evitam as más ações por temor das penas temporais, como não deveriam eles muito mais se resguardarem do pecado por causa das penas do inferno, que são muito mais longas, mais 89 cruéis e mais numerosas? Eis porque lê-se nas Escrituras: "Lembra-te dos teus últimos dias, e não pecarás para sempre" (Ecl 7, 40).

4.- O quarto ensinamento tirado da descida de Cristo aos infernos, é nos ter Ele oferecido um exemplo de amor. Cristo desceu aos infernos para libertar os seus. Devemos também nós lá descer pela meditação, para auxiliar os nossos. Eles, por si mesmos, nada podem conseguir. Nós é que devemos ir em socorro dos que estão no purgatório. Se alguém não quisesse socorrer um ente querido que estivesse na prisão, como isso nos pareceria cruel! No entanto, seria muito mais cruel aquele que não viesse em socorro do amigo que está no purgatório, pois não há comparação entre as penas deste mundo e aquelas. Lê-se a esse respeito: "Tende piedade de mim, tende piedade de mim, pelo menos vós, ó meus amigos, porque a mão de Deus me socorre" (Jo 19, 21). — "É santo e salutar o pensamento de orar pelos defuntos para que sejam livres dos pecados" (Mc 19, 46).

São auxiliados os que estão no purgatório principalmente por três atos, conforme disse Agostinho: pelas Missas, pelas orações e pelas esmolas. Gregório acrescenta um quarto: o jejum. Não deve causar admiração que assim seja, porque também neste mundo o amigo pode satisfazer pelo amigo. A mesma coisa acontece com os que estão no purgatório.

SÁBADO SANTO: ESTA NOITE CELEBRAMOS A VIGÍLIA PASCAL


Hoje (19/4) é celebrada o Sábado Santo, a Igreja católica medida sobre a paixão e morte do Senhor, assim como sua descida ao inferno, e espera em oração a sua ressurreição. Celebra-se também a Vigília Pascal que conclui com a Liturgia Eucarística.

Durante esse dia, é dada atenção especial à Virgem Maria, acompanhando-a em sua solidão, que vela junto ao túmulo de seu Filho amado.

Na Vigília Pascal, são feitos três atos importantes que começam com a celebração no fogo, na qual o padre abençoa o fogo e acende o círio pascal. Neste ato, entoa-se a Proclamação da Páscoa, que é um poema escrito por volta do ano 300, que proclama que Jesus é o novo fogo.

Acontece também a Liturgia da Palavra, na qual são feitas sete leituras, desde a criação até a ressurreição, sendo a leitura do livro do Êxodo a mais importante que narra a passagem dos israelitas através do Mar Vermelho, quando fugiam das tropas egípcias, sendo bem salvos por Deus. Da mesma maneira, recorda que Deus, esta noite, nos salva por seu  Filho.

O terceiro ato é quando toda a Igreja renova suas promessas batismais renunciando a Satanás, suas seduções e suas obras. A pia batismal ou um recipiente que a representa é abençoada e é recitada a ladainha dos santos, que nos une em oração com a Igreja militante e triunfante.