O sábado não é apenas o fim de uma semana, ou prelúdio do domingo. Na Rica tapeçaria da fé católica, o sábado assume um significado particular e profundo: é o dia dedicado à VIRGEM MARIA. Mas, por que essa escolha? O que torna o sábado o dia de Nossa Senhora, em detrimento de outros dias? A resposta reside em um momento crucial da história da salvação, um momento de profunda escuridão iluminado pela mais puras das fés.
São Bernardo, São Tomás de Aquino e São Boaventura, luminares da teologia dos séculos XII e XIII, no oferecem a chave para essa compreensão. Ele nos ensinam que, no Sábado Santo (o sábado depois da paixão), aquele dia de silêncio denso e luto entre a crucificação e a ressurreição, uma cena de desolação se desenrolava. Enquanto Jesus jazia no sepulcro, e a esperança de Seus seguidores parecia aniquilada, a vasta maioria daqueles que O acompanhavam, que testemunharam Seus milagres e ouviram Suas palavras, O abandonaram.
Lembremos do que aconteceu: após a mortes de Jesus na cruz, os discípulos estavam dispersos e amedrontados. (Mateus 26:56) relata que "todos os discípulos o abandonaram e fugiram" no momento da prisão. Embora alguns estivessem presentes na crucificação, como João, a tristeza e a incerteza pairavam. O medo, a tristeza e a incompreensão tomaram conta de seus corações, levando-os a dispersa-se.
Mas houve uma exceção, um farol de fé em meio à tempestade: Sua Mãe, Maria. Presente aos pés da cruz, como nos diz João (19:25-27), Maria testemunhou a morte de Seu Filho. No Sábado Santo, quando tudo parecia perdido e a humanidade se afastava da promessa, Maria continuou a acreditar. Ela não vacilou. Seu coração imaculado, transpassado pela dor, manteve viva a chama da esperança na ressurreição. A fé de Maria foi a única a permanecer firme, a única a sustentar a certeza de que a promessa divina seria cumprida.
É por essa fé singular e inquebrantável que a Igreja, em sua sabedoria, dedica o sábado à Virgem Maria. Este dia não é apenas uma homenagem; é um convite contínuo a refletirmos sobre a perseverança da fé. O sábado mariano nos chama a imitar a constância de Maria, a aprender com Ela a manter a esperança mesmo quando a situação parece sem saída, a crer nas promessas de Deus apesar das aparências.
Portanto, cada sábado é uma oportunidade de renovar nossa confiança, de buscar em Maria a força para não abandonar a Cristo em nossos próprios "Sábados Santos" pessoais, os momentos de provação e dúvida. É um dia para nos aproximarmos daquela que nunca duvidou, e que, em sua fé inabalável, nos guia segura para a Ressurreição.
Por: Clemildo Galdino.