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quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

PAPA FRANCISCO ABRE A PORTA SANTA E DÁ INÍCIO AO JUBILEU 2025.

O papa Francisco abriu a porta santa da basílica de São Pedro, no Vaticano, dando início ao Ano Jubilar 2025.

"Ó Cristo, estrela brilhante da manhã, encarnação do infinito amor, salvação há muito esperada, única esperança do mundo, iluminai nossos corações com Teu radiante esplendor", rezou hoje o Papa no rito de abertura da porta santa, precedido por leituras do velho e do novo testamentos, das antífonas do Ó e da proclamação do Natal.

"Neste tempo de graça e reconciliação, concedei que possamos colocar nossa confiança somente em Sua misericórdia e descobrir mais uma vez o caminho que leva ao Pai", disse também Francisco. "Abra nossas almas à obra do Espírito Santo, para que Ele possa suavizar a dureza de nossos corações, para que os inimigos possam falar uns com os outros novamente, os adversários possam dar as mãos e os povos busquem se encontrar". 

O rito de abertura da porta santa (fechada desde o jubileu extraordinário da Misericórdia em 2016) inclui a proclamação de uma passagem do Evangelho de são João, em que Jesus diz: "Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo e entrará e sairá e encontrará pastagem. O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e tenham em abundância".

Sentado em sua cadeira de rodas, o papa Francisco, que tem 88 anos de idade, inclinou-se para a frente para bater na porta santa dourada. Enquanto assistentes abriam os dois lados da porta, o coro cantava em latim: "Esta é a porta do Senhor. Por onde entram os retos. Entro em Tua casa, ó Senhor". 

Depois de abrir a porta santa, Francisco parou na soleira para rezar brevemente em silêncio enquanto os sinos da basílica de São Pedro Soavam.

O papa passou pela porta santa para dentro da basílica, seguido por cardeais, bispos, padres e ministros, representantes católicos e de outras igrejas cristãs de vários continentes usando roupas tradicionais de seus países, para missa de Natal. O coro cantou o hino do Jubileu, "Peregrinos da Esperança. 
Por: Hannah Brockhaus.

terça-feira, 24 de dezembro de 2024

MENINO BRASILEIRO EM PROCESSO DE SANTIFICAÇÃO, PREVEU QUE MORRERIA NA VÉSPERA DE NATAL.


O venerável brasileiro Nelsinho Santana morreu aos nove anos, em 24 de dezembro de 1964. Dias antes, ele tinha previsto que Jesus o levaria para o céu na véspera de Natal e de lá ele intercederia por muita gente.

Nelson Santana, o Nelsinho, nasceu em Ibitinga (SP), em 31 de julho de 1955. Era o terceiro de oito filhos. Certo dia, aos sete anos, ele machucou gravemente o braço enquanto brincava na fazenda onde morava e foi levado para a Santa Casa de Misericórdia de Araraquara (SP).

No livro Nelsinho para todos, o missionário redentorista padre Gerhard Rudolfo Anderer, que conviveu com Nelson Santana, conta que, no hospital, o menino conheceu irmã Genarina e ela lhe propôs que aproveitasse o tempo que passaria internado para fazer uma boa catequese. O menino logo aceitou. Ele, então, aprendeu sobre "o amor de Deus por nós e como Jesus no libertou do mal" e prometeu a Jesus que "levaria sua cruz cada dia e cada hora com boa disposição e sem reclamar jamais".

Tempos depois, teve alta hospitalar e voltou para casa. Mas, um dia, entrou correndo na cozinha e disse à sua mãe que estava prestes a "fazer um pecado muito grave". Assustada, a mãe lhe perguntou o que era e ele respondeu: "Prometi a Jesus não reclamar quando tiver de enfrentar a dor e o sofrimento. Mas agora, não aguento. Já é demais. Meu braço está pior que antes". A mãe o consolou e o levou de volta ao hospital.

Depois de atender o menino, o médico contou para irmã Genarina que não havia outra solução a não ser amputar o braço dele. A religiosa contou aos pais e depois foi falar com a criança.

A irmã Genarina cantou para Nelsinho uma canção que cantavam na época dos encontros de catequese: "O meu coração é só de Jesus. A minha alegria é a Santa Cruz. Em penas e dores, em dura aflição, que viva Jesus no meu coração". Em seguida, ela lhe disse que naquele dia Jesus ia lhe pedir "bem mais que sua dor".

Para a surpresa da religiosa, o menino respondeu: "Mesmo que seja meu braço por inteiro, Jesus pode levar, pois que tudo o que é meu também é Dele".

Nelsinho permaneceu no hospital e foi lá que o padre Gerhard Rudolfo Anderer o conheceu quando chegou a Araraquara em 1964 para um curso de padres novos. Eles conversaram e Nelsinho contou que já estava ali há oito meses e que gostaria de comungar todos os dias. O sacerdote se comprometeu a levar Jesus Eucarístico diariamente para o menino.

O redentorista narra em seu livro que, se grande era o consolo de Nelsinho ao receber a Eucaristia, também grande era o sofrimento nos dias de curativo. "Para não gritar de dor", conta o padre, "ele beijava com força o crucifixo" que tinha ganhado da irmã Genarina.

Chegou o período de retiro espiritual dos redentoristas e o padre Gerhard disse para Nelsinho que precisaria ficar cinco dias em retiro, rezando. O menino se comprometeu a estar unido a ele em oração e revelou que gostaria de passar o Natal do céu, "se Jesus assim também o quisesse".

"Não sei como é no céu. Mas, se precisar de um braço, já consigo fazer alguma coisa como mostrar a Jesus: 'Ajuda este aqui! Veja aquele ali! Não deixe de socorrer aquele lá'", disse o menino. Mas, como o Natal ainda estava longe, acrescentou que não tinha problemas, porque assim teria mais tempo para se preparar.

Quando estava no retiro, o padre recebeu um chamado urgente do hospital: Nelsinho dizia estar se sentindo mal e pediu a comunhão e a unção. Depois de receber os sacramentos, voltou a se sentir bem.

No dia 24 de dezembro, o padre Gerhard foi designado para ajudar na celebração de Natal em uma paróquia na cidade de Fernando Prestes (SP). Antes de partir, foi ao hospital falar com Nelsinho e lhe dar a comunhão.

“Nelsinho, como sempre, recebeu Jesus devotamente e fechou os olhos. Abaixou sua cabeça e colocou sua mãozinha sobre seu peito”, conta o padre no livro. Nesse meio tempo, a irmã Genarina chegou com outras crianças para montar o presépio perto do menino, que não podia se levantar. “Mas, eu não vou estar mais aqui”, disse Nelsinho.

“Hoje, ao anoitecer, Jesus vai me levar para o Céu”, disse o menino ao padre. Eles conversaram sobre o amor de Deus e Nelsinho disse que queria retribuir a esse amor “conquistando o máximo de crianças para Ele”.

Por fim, combinou com o padre: "Todos os dias, na hora da Santa Missa, após a consagração, quando o padre levantar Jesus Hóstia, diga com poucas palavras a Ele o que quer, pois eu estarei bem atendo ao lado dele para insistir, com confiança, puxando sua manga, dizendo: 'Jesus, atende o padre, atende toda esta gente'. Tenho certeza que não vai falhar".

O padre Gerhard partiu para Fernando Prestes, onde celebrou a missa às 19h, mesma hora em que Nelsinho morreu, em 24 de dezembro de 1964. Ele foi enterrado no cemitério de Araraquara no dia de Natal, como indigente, porque sua família não tinha recursos para o funeral. Mais tarde, uma sepultura perpétua foi doada por uma família religiosa.
Por: Natalia Zimbrão.

ÓRGÃO DO GOVERNO APROVA ABORTO EM PESSOAS ATÉ 14 ANOS, EM QUALQUER ÉPOCA DA GESTAÇÃO E SEM CONSENTIMENTOS DOS PAIS.


O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) aprovou no dia (23/12), por 15 votos a 13, a resolução que autoriza o aborto em meninas de até 14 anos, vítimas de estupro, independentemente do tempo gestacional e sem autorização dos pais ou responsáveis. Pela legislação brasileira, qualquer ato sexual envolvendo menor de 14 é estupro presumido.

A votação do Conanda ocorreu de modo remoto durante a última assembleia extraordinária do ano do Conselho. Os dois representantes católicos do conselho não compareceram à assembleia: Eloi Gallon, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e Tatiana Augusto Furtado, da Inspetoria São João Bosco dos Salesianos.

A deputada federal Chris Tonietto (PL-RJ) disse que "esta aprovação é uma aberração sem precedentes que extrapola todos os limites". Conanda é "um órgão que não tem poder de legislar" e "está deliberadamente impondo o aborto praticamente sem quaisquer restrições até os nove meses de gestação e sem o consentimento dos pais".

Segundo a deputada, os parlamentares pró-vida entrarão "com um PDL (Projeto de Decreto Legislativo) visando a sustação integral dessa norma".

O Conanda é um órgão do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, criado em 1991, pela Lei n° 8.242, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente. Ele é composto de 28 membros, 14 representantes do poder executivo e 14 representantes de entidades não-governamentais. 

Segundo Tonietto, "em condições normais de um ordenamento jurídico sadio, essa resolução, por falta de competência, não deveria produzir efeito algum. Contudo, os promotores da morte, não raras vezes, utilizam-se de subterfúgios para fazer valer sua vontade de promoverem a morte de bebês inocentes no ventre de suas mães". 

Ela ainda destacou que o Conanda "não pode decidir nem aprovar nada, sobretudo o que for contrário ao nosso ordenamento jurídico", pois ele "é um órgão de competência normativa autônoma que costumeiramente extrapola seus poderes, criando normais manifestamente ilegais por serem eivadas de vícios". 

"Desde 2021 venho tentando barrar essas medidas absurdas do Conanda por meio do PL 168/2021, o qual visa redefinir a competência deste Conselho,. de modo que este passe a ser meramente consultivo", relatou a parlamentar. "Esta iniciativa está pendente de pronunciamento da relatora da Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família (CPASF) quando à emenda que recentemente apresentamos na Comissão. Depois de passar pela CPASF o projeto, que tem apreciação conclusiva nas comissões, seguirá para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e, após, para o Senado".

A secretária nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente do MDHC, Pilar Lacerda e outros 12 conselheiros representantes do governo Lula votaram contra a resolução do Conanda. Um deles foi o conselheiro da Casa Civil da Presidência da República, Amarildo Baesso, que pediu vistas, mas teve seu pedido negado.

O representante do Ministério do Planejamento e Orçamento, Danyel lório de Lima, disse que as disposições da resolução aprovada "são ilegais". "Não cabe ao Conanda estabelecer deveres, em resolução, para estados e municípios", disse Lima. Nem "estabelecer termos que são somente dispostos por Lei, como definição de objeção de consciência, como definição de aborto legal".
Reportagem: Monasa Narjara. 

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

O MILAGRE QUE ACONTECEU NO NATAL E MOSTRA UM CORAÇÃO EM AGONIA.


Um dos milagres eucarísticos mais recentes oficialmente aprovados pela Santa Sé aconteceu no Natal de 2013 na Polônia e contém tecido de um coração em agonia.

A eucaristia é o sacramento da Igreja Católica no qual Jesus Cristo está realmente presente. Um milagre eucarístico, como o da Polônia, é um sinal sobrenatural que evidencia de forma singular a presença de Deus em toda hóstia consagrada.

Em 2020, o padre Andrzej Ziombra, pároco da Igreja de são Jacinto em Legnica, Polônia, perto da fronteira com a Alemanha e a República Tcheca, contou a história do milagre eucarístico de Legnica.

"No Natal de 2013, a hóstia consagrada caiu no chão durante a distribuição da Sagrada Comunhão e depois esta hóstia foi colocada na água. Após 10 dias, descobriu-se que havia uma mancha vermelha nela", disse o padre polonês. "Por isso, o bispo solicitou um investigação científica e descobriu-se que, em primeiro lugar, os cientistas não sabiam explicar o motivo da mancha vermelha", acrescentou. "No entanto, no exame "histopatológico detalhado, viu-se um fragmento do músculo cardíaco pelo microscópio", disse o padre Ziombra.

Dom Stefan Cichy, então bispo de Legnica, criou uma comissão para analisar a hóstia. Em fevereiro de 2014, um pequeno fragmento foi colocado sobre um corporal e passou por vários testes.

O comunicado médico final do Departamento de Medicina Forense analisou que "na imagem histopatológica, encontrou que os fragmentos contêm partes fragmentadas do músculo estriado transversal. É mais semelhantes aos músculo do coração".

As provas também determinam que o tecido era de origem humana e acharam que apresentava sinais de sofrimento.

Dois anos depois, em 17 de abril de 2016, o próximo bispo de Legnica, dom Zbigniew Kiernikowski, aprovou a veneração da hóstia que sangra, a qual "tem as características distintivas de um milagre eucarístico".

Seguindo as recomendações da Santa Sé, que por meio da Congregação para a Doutrina da Fé deu o seu aval, o bispo pediu ao padre Ziombra "que prepare um local adequado para as relíquias de forma que os fiéis as possam venerar".

O padre Ziombra disse que nestes anos ele reuniu várias histórias de pessoas que vieram para a paróquia de diferentes partes do mundo e que experimentaram "conversões inesperadas em suas vidas". 

Mesmo as pessoas hostis à fé "mudaram radicalmente sua vida, sua atitude para com Deus e se tornaram crentes muito apaixonados", acrescentou.

O padre também comentou que "este é um sinal dirigido a cada um e dever ser recebido de forma muito pessoal", disse padre Ziombra.

Em segundo lugar, o padre polonês destacou que "na hóstia consagrada foi encontrado um coração moribundo, que que sem dúvida destaca o caráter do sacrifício de Jesus".

"Que o Senhor Jesus tenha dado a sua vida por cada de de nós, por mim, teve a ver com a sua paixão cruel, com o seu sofrimento, que por sua vez me chama, como católico, a fazer da minha vida um sacrifício, para que meu sacerdócio seja verdadeiramente incorporado a este sacrifício com total dedicação; de modo que a vida de cada família católica seja incorporada nesse sacrifício", disse o padre Ziombra.

O filósofo e teólogia, Philip Kosloski, autor do livro "Sobre os rastros de um santo: A visita de João Paulo II a Wisconsin", escreveu em 2016 um artigo sobre a mensagem do milagre eucarístico de Legnica.

"Parece que uma causa do milagre foi o pouco cuidado com o Santíssimo Sacramento que caiu durante a comunhão", escreveu. "Os acidentes acontecem e não quero acusar alguma pessoa ou algum sacerdote que deixou a hóstia cair. Entretanto, isso nos recorda um tema importante: o uso das patenas".

A patena é o pequeno prato dourado que o coroinha usa para colocá-lo debaixo da boca ou das mãos da pessoa que recebe a comunhão. Deste modo, se a hóstia ou alguma partícula cai, a patena evita que caia no chão.

"A prática foi abandonada por muitas na Igreja durante as últimas décadas", apesar de documento de 2004, Redemptionis Sacramentum, exigir seu uso.

O Missal Romano também requer o uso da patena e que esta esteja sobre a credencia ou mesa onde permanecem os paramentos litúrgicos antes de ser levados a altar.
Por: Walter Sánchez Silva

domingo, 8 de dezembro de 2024

OITO FORMAS DE VIVER BEM O ADVENTO.


Faltando pouco para celebra o Natal, com as decorações e a compra de presentes, pode ser difícil, especialmente com as crianças, mante o Advento como um tempo sagrado de preparação, e é possível que, quando chegue o dia litúrgico do Natal, já estejamos esgotados por causa do barulho, das luzes e do materialismo da cultura moderna.

Como acalmar o coração e centrá-lo no verdadeiro significado deste tempo litúrgico, sem renunciar à alegria da autêntica preparação? Este é um momento de expectativa que deveria ser sagrado e festivo. Isso é possível?

Apresentamos alguma ideias simples para viver bem o Avento em família.

1. Ter as coisas com antecedência: Tentar fazer a compra de presentes antes do início do advento, retirando da casa os folhetos de propagandas e referências a brinquedos, lista de desejos ou compra, para focar na preparação espiritual.

2. Boa música: Encher a casa e o carro com música específica de Advento que possa equilibrar as melodias natalinas que enchem as lojas e as rádios. Este tipo de música, que enche a alma e acalma o coração, também poderia ser um presente perfeito para um professor católico.

3. Montar o presépio: Colocar uma manjedoura vazia junto com um recipiente cheio de pedaços de palha ou fios amarelos. Cada vez que alguém da família fizer uma obra de caridade ou um sacrifício, deve colocar uma palha ou fio na manjedoura. Quando chegar o Natal, Jesus terá uma cama macia cheia de palha ou fio que representam ações feitas com amor.
No natal, o primeiro presente que dever ser aberto é a imagem do Menino Jesus, e o membro mais novo da família pode colocá-la no lugar que prepararam juntos.

4. A coroa do Advento: Comece o tempo litúrgico abençoando a coroa de Advento em alguma paróquia ou colégio, organizando a celebração ou em família com a seguinte oração:
Senhor Deus,
Abençoe com seu poder nossa Coroa de Advento para que, ao acendê-la, desperte em nós o desejo de esperar a vinda de Cristo praticando aos boas ações, e para que assim, quando Ele chegar, sejamos admitido no Reino dos Céus. 
Pedimos isso por Cristo, nosso Senhor.
Amém.

5. Leitura do Evangelho: Leia as leituras diárias ou o Evangelho no jantar. Demonstre como as leituras nos levam ao nascimento de Cristo com temas de conversão, vigilância e preparação, e assinale como a terceira semana, começando no domingo de Gaudete, nos lembra da alegria enquanto acendemos a vela rosa.

6. Calendário do Advento: Esta atividade trata-se de que as crianças façam um calendário de Advento onde marquem os dias do Advento e escrevam os propósitos que querem cumprir. Podem desenhar na cartolina o dia do Natal com a cena do nascimento de Jesus. As crianças revisarão os propósitos todos os dias para ir preparando seu coração para o Natal.

7. A árvore de Natal: Já tem sua árvore montada? algumas famílias esperam até o domingo Gaudete ou inclusive mais tarde para colocara as decorações natalinas.
Em vez disso, pode fazer algumas tradições divertidas com as crianças para decorar a casa, como a "Árvore de Jessé", tradição na qual cada dia do Advento (ou apenas nos quatro domingos) se pendura um enfeite especial na árvore de Natal que represente uma história da bíblia, ensinando sobre o Antigo Testamento e como este conduziu ao nascimento de Cristo.

8. Pouco, mas contínuo: Os pais experientes recomendariam não querer fazer muitas tradições. Escolha algumas que funcionem bem para a sua família e seja fiel a elas. O fundamental é a consistência, a simplicidade e não sentir que fracassou caso não consiga fazer tudo.
Lembre-se: As crianças vão valorizar, acima de tudo, o tempo juntos e continuarão fazendo as tradições que foram mais importantes para a sua família até a idade adulta.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

CELEBRAMOS HOJE, SÃO NICOLAU

BISPO
Padroeiro das crianças.

"Seria um pecado não repartir muito, sendo que deus nos dá tanto", costumava dizer são Nicolau, padroeiro das crianças, das moças solteiras, dos marinheiros, dos viajantes e da Rússia, Grécia e Turquia. Um azeite milagroso brota de seus gestos, que serviu para a cura dos doentes. Sua festa se celebra hoje (6/12).

Por se tratar de um santo dos primeiros séculos, pouco se sabe com exatidão a respeito dele, salva que nasceu na Licia (atual Turquia), em uma família muito rica. Tinha um tio bispo que o ordenou sacerdote.

Seus pais morreram ajudando os doentes de uma epidemia e deixaram uma fortuna para Nicolau. entretanto, o jovem decidiu reparti-la entre os pobres e tornar-se monge. Mais tarde, peregrinou ao Egito e à Palestina, onde conheceu a Terra Santa.

Ao retomar, chegou à cidade de Mira, na Turquia, onde os bispos e sacerdotes discutiam no templo sobre quem devia ser eleito novo Bispo da cidade. Ao final, decidiram que seria o próximo sacerdote que ingressasse no recinto. Nesses momento, são Nicolau entrou e foi eleito bispo por aclamação de todos.

Mas, teve início uma perseguição promovida pelo imperador Diocleciano contra os cristãos e ele foi preso, sendo libertado apenas quando o imperador Constantino subiu ao trono.

“Graças aos ensinamentos de Nicolau, a metrópole de Mira foi a única que não se contaminou com a heresia ariana, a qual rechaçou firmemente, como se fosse um veneno mortal”, dizia são Metódio. O arianismo negava a divindade de Jesus Cristo. Dessa forma, são Nicolau combateu incansavelmente o paganismo.

Defensor da justiça, salvou três jovens de ser executados, vítimas de um suborno do governador Eustácio, que logo se arrependeu ao ser repreendido por são Nicolau.

Três oficiais foram testemunhas destes fatos e, posteriormente, quando estavam em perigo de morte, rezaram a São Nicolau. O santo apareceu em sonhos a Constantino e lhe ordenou que os libertasse porque eram inocentes.

Após os soldados dizerem ao imperador que tinham invocado São Nicolau, ele os libertou, com uma carta ao bispo, em que lhe pedia que rezasse pela paz no mundo.

O santo é patrono dos marinheiros porque, em meio a uma tempestade, alguns marinheiros começaram a clamar: “Oh Deus, pelas orações de nosso bom bispo Nicolau, nos salve”. Nesse momento, conta-se, apareceu são Nicolau sobre o navio, abençoou o mar e este se acalmou. Em seguida, o Bispo desapareceu.

Segundo o costume do Oriente, os marinheiros do mar Egeu e do Jônico têm uma “estrela de são Nicolau” e desejam boa viagem dizendo: “Que São Nicolau leve seu leme”.

Narra-se também que três meninos foram assassinados e jogados em um barril de sal. Mas, pela oração de São Nicolau, os infantes voltaram para a vida. Por isso, é padroeiro das crianças e costuma ser representado com três pequenos ao seu lado.

Outra lenda narra que na diocese de Mira havia um vizinho em extrema pobreza que decidiu expor suas três filhas virgens à prostituição para que todos eles pudessem sobreviver.

São Nicolau, procurando evitar que isto acontecesse e na escuridão da noite, jogou pela chaminé da casa daquele homem uma bolsa com moedas de ouro. Com o dinheiro, a filha mais velha se casou.

Quis o santo fazer o mesmo em benefício das outras duas, mas na segunda ocasião, depois de atirar a bolsa sobre a parede do pátio da casa, acabou sendo descoberto pelo pai das jovens, que lhe agradeceu por sua caridade.

São Nicolau morreu em 6 de dezembro, mas não sabe com exatidão se foi no ano 345 ou 352. Mais tarde, sua devoção aumentou e foram reportados inúmeros milagres.

No século VI, o imperador Justiniano construiu uma Igreja em Constantinopla (hoje Istambul) em sua honra e o santo se tornou popular em todo o mundo.

São Nicolau é patrono da Rússia, Grécia e Turquia. Além disso, é honrado em cidades da Itália, Holanda, Suíça, Alemanha, Áustria e Bélgica.

Em 1087 seus ossos foram resgatados de Mira, que já estava sob domínio dos muçulmanos, e levados para Bari, na costa da Itália. Por isso, é chamado são Nicolau de Mira ou são Nicolau de Bari. Suas relíquias repousam na Igreja de “San Nicola de Bari”, na Itália.

De seus restos mortais brota um azeite conhecido como o “Manna di S. Nicola”. Em Mira, dizia-se que “o venerável corpo do bispo, embalsamado no azeite da virtude, suava uma suave mirra que lhe preservava da corrupção e curava os doentes, para glória daquele que tinha glorificado Jesus Cristo, nosso verdadeiro Deus”.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

CELEBRAMOS HOJE, SÃO JOÃO DAMASCENO.

Hoje (4/12), é celebrada a festa de São João Damasceno, doutor da Igreja e defensor da veneração de imagens e relíquias dos santos. "Dado que agora Deus foi visto na carne e viveu entre os homens, eu represento o que é visível em Deus".

São João nasceu em Damasco, capital da Síria, de onde provém seu gentilício Damasceno. Viveu entre os séculos VII e VIII e cresceu em uma família cristã rica. Insatisfeito com a vida da corte, ingressou no mosteiro de São Saba, perto de Jerusalém.

Foi ordenado sacerdote e, sem se afastar do mosteiro, dedicou-se à ascese, à atividade literária e pastoral.

Naquela época, o imperador de Constantinopla, Leão o Isáurio, proibiu o culta às imagens, seguindo os iconoclastas que acusavam os católicos de adorar imagens. Iconoclasta é uma heresia que afirma que é superstição o uso de uma imagem religiosa e pede que seja destruída. Por isso, os iconoclastas destruíam as imagens e perseguiam quem as venerava.

São João Damasceno defendeu esta veneração em seus três "Discursos contra quem calunia as imagens sagradas". O santo escreveu: "Eu não venero a matéria, mas o Criador da matéria, que se fez matéria por mim e dignou-se a habitar na matéria e através da matéria realizar minha Salvação".

"Não é matéria o lenho da Cruz três vezes bendita?... E a tinta e o santíssimo livro dos evangelhos, não são matéria? O salvífico altar que nos dispensa o Pão da Vida não é matéria?... E antes que nada, não são matéria a Carne e o Sangue de Meu Senhor?", acrescentou.

Sobre as relíquias dos santos, são João Damasceno sustentou que "antes de tudo (veneramos) aqueles entre quem Deus descansou, Ele, Único Santo que mora entre os santos, como a Santa Mãe de Deus e todos os Santos".

"Estes são aqueles que, enquanto possível, tornaram-se semelhantes a Deus com Sua vontade e pela inabitação e a ajuda de Deus; são chamados realmente de deuses, não por natureza, mas por contingência, assim como o ferro incandescente é chamado de fogo, não por natureza, mas por contingência e por participação do fogo. Diz, de fato: 'Sereis santos porque Eu sou santo'", recordou.

São João Damasceno morreu em meados do século VIII. O Segundo Concílio de Niceia (787) respaldou o que o santo tanto defendeu, pois assinalou que as imagens podem ser expostas e veneradas legitimamente porque o respeito que lhes é demonstrado é dirigido à pessoa que representam. O papa Leão XIII o proclamou doutor da Igreja Universal em 1890.

COMO PODEMOS VIVER O ADVENTO.


O advento é um tempo de preparação para receber o Natal, no qual celebramos o nascimento de Jesus Cristo; e para vivê-lo corretamente, a Santa Sé elaborou uma série de recomendações.

As recomendações que apresentamos a seguir estão no Capítulo IV do Diretório sobre a Piedade Popular e a Liturgia, elaborado pelo Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos da Santa Sé e publicado em 2002.

1. Meditar sobre a fé e humildade de Maria
A Santa Sé recordou que, durante o Advento, "a Liturgia celebra com frequência e de modo exemplar a Virgem Maria", especialmente na Solenidade da Imaculada Conceição, celebrada em 8 de dezembro.
Por isso, convida a refletir sobre "a atitude de fé e de humildade com que Maria de Nazaré aderiu, total e imediatamente, ao projeto salvífico de Deus". A Santa Sé recomendou rezar a Novena a Imaculada Conceição, a qual teve início em 29 de novembro.

2. Não cair no consumismo
A Santa Sé advertiu que, atualmente, os valores do Avento se veem "ameaçados pelo costume de converter a preparação para o Natal em uma 'operação comercial' cheia de propostas vazias, procedentes de uma sociedade consumista".
Por isso, recomendaram orar e meditar para não esquecer o sentido do Advento e celebrar o nascimento de Jesus "em um clima de sobriedade e de simplicidade alegre e com uma atitude de solidariedade para com os pobres e marginalizados".

3. Que toda a família monte o presépio de Belém
A Santa Sé recomendou que toda a família participe na montagem do presépio, porque é uma oportunidade para que "entrem em contato com o mistério do Natal".
Convidaram a que "se recolham em um momento de oração ou de leitura das páginas bíblicas referentes ao episódio do nascimento de Jesus".

4. Rezar a Novena de Natal
O Diretório sobre a Piedade Popular e a Liturgia indica que a novena de Natal é um exercício de piedade valioso que ajuda a preparar o coração nos dias anteriores à celebração do nascimento do Menino Jesus.
Destacaram que é uma prática antiga que "nasceu para comunicar aos fiéis as riquezas de uma Liturgia `a qual não tinham fácil acesso".
A novena de Natal começará no dia 16 de dezembro e terminará em 24 de dezembro.

5. Aprofundar-se nas leituras bíblicas que convidam à conversão.
A Santa Sé recomendou aprofundar-se nas passagens bíblicas que são lidas durante o Advento, porque convidam à conversão "mediante a voz dos profetas e, sobretudo, de João Batista".
Recordaram que "Deus matinha, mediante as profecias, a esperança de Israel na vinda do Messias" e que "está solidamente enraizada no povo cristão a consequência da longa espera que precedeu a vinda do Salvador".

6. Participar da oração da Cora do Advento
A Santa sé indicou que a oração da coroa e acender as suas quatro velas se "tornou um símbolo do Advento dos lares cristãos". 
Destacaram que ao acender cada vela, correspondente aos quadro domingos do Advento, recorda-se "as diversas etapas da história da salvação antes de Cristo". 

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

CELEBRAMOS HOJE, SÃO FRANCISCO XAVIER

"O SÃO PAULO DO ORIENTE".

Sacerdote jesuíta, padroeiro das missões, "são Paulo do Oriente", assim é conhecido são Francisco Xavier", cuja memória litúrgica é celebrada hoje (3/12). Cofundador da Companhia de Jesus, empreendeu um amplo trabalho evangelizador na Índia, no Japão e na China.

Francisco Xavier nasceu em Navarra, Espanha, em 7 de abril de 1506, filho de uma nobre família. Aos 18 anos, foi estudar na Universidade de Paris, tendo se formado em Filosofia. Lecionava na mesma Universidade, onde conheceu Santo Inácio de Loyola, o fundador dos jesuítas.

Vendo em Francisco um homem que poderia ajudá-lo no seu propósito de defesa e propagação do cristianismo, Loyola costumava lhe dizer: “De que vale a um homem ganhar o mundo inteiro se perder sua alma?” (Mc 8, 36). Foi esta frase que tocou o seu coração, fazendo com que se decidisse a seguir Cristo.

Graças aos exercícios espirituais de santo Ignácio, compreendeu o que seu amigo lhe dizia: “Um coração tão grande e uma alma tão nobre não podem se contentar com as efêmeras honras terrenas. Sua ambição deve ser a glória que dura eternamente”.

Consagrou-se ao serviço de Deus com os jesuítas em 1534. Anos depois foi ordenado sacerdote em Veneza. Mais adiante, estando em Roma, são Francisco Xavier ajudou Santo Ignácio na redação das Constituições da Companhia de Jesus.

Mais tarde, o rei de Portugal, dom João III, solicitou a Inácio de Loyola que organizasse alguns sacerdotes para acompanhar suas expedições ao Oriente e evangelizar na Índia. Quando este grupo já estava formado, um dos missionários adoeceu e Francisco Xavier tomou o seu lugar, partindo de Lisboa rumo ao Oriente.

Após uma longa viagem, são Francisco Xavier e seus companheiros chegaram a Goa, uma colônia portuguesa.

Neste local, o santo empreendeu um árduo trabalho de catequese. Atendia os doentes, celebrava Missa com os leprosos, ensinava os escravos e até adaptava as verdades do cristianismo à música popular. Pouco depois, suas canções eram cantadas nas ruas, casas, campos e locais de trabalho.

Mas, também foi testemunha dos abusos que os portugueses e pagãos cometiam contra os nativos, algo que ele mesmo descreveu como “um espinho que levo constantemente no coração”. Posteriormente, são Francisco Xavier escreveria ao rei de Portugal para denunciar os fatos.

Realizou sua missão evangelizadora em muitas cidades, povos e ilhas. Até que, em 1549, partiu para o Japão, onde, ao final de um ano, obteve cerca de cem conversões. As autoridades japonesas, então, proibiram-no de continuar o seu trabalho pastoral.

Realizou também incursões ao território chinês. Seguiu para a Malaca, de onde empreenderia a viagem à China, território inacessível para os estrangeiros. Partiu com uma expedição e chegou à ilha de Shang-Chawan, perto da costa e cem quilômetros ao sul de Hong Kong.  Ali, ficou doente e foi consumido por uma forte febre, levando-o à morte, em 3 de dezembro de 1552, com apenas 46 anos.

Seu caixão foi preenchido de barro para que posteriormente pudesse ser transladado. Depois de dez semanas, tiraram o barro e viram que seu corpo estava incorrupto e não tinha perdido a cor.

O corpo do santo foi levado a Malaca e finalmente foi transladado a Goa, onde os médicos comprovaram seu estado incorrupto. Ali, na Igreja do Bom Jesus, até hoje repousam parte de seus restos. Suas mãos, também incorruptas, estão em um relicário na igreja dos jesuítas em Roma.

São Francisco Xavier foi canonizado em 1622 junto com santo Inácio de Loyola, santa Teresa D’Ávila, são Felipe Neri e são Isidoro Lavrador.

O papa Bento XIV lhe outorgou o título de patrono da propagação da fé e patrono universal das missões. Em 1925, o papa Pio IX proclamou são Francisco Xavier, juntamente com santa Teresinha do Menino Jesus, padroeiro das missões.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

CELEBRAMOS HOJE, SANTA BIBIANA.

VIRGEM E MÁRTIR.
Padroeira dos epiléticos e intercessora contra a dor física.

A Igreja Católica celebra hoje (2/12) SANTA BIBIANA, virgem e mártir romana do tempo do imperador romano Juliano II, o Apóstata (século IV). Santa Bibiana é a padroeira dos epiléticos e intercessora contra a dor física, principalmente aquelas relacionadas à cabeça, e é invocada quando alguém sofre convulsões.

Os cristãos chamava Juliano de 'apóstata' porque quando subiu ao poder rompeu com o regime estabelecido por seu predecessor, Constantino, que oficializa o cristianismo com o Edito de Milão, e por ter renegado publicamente o cristianismo, declarando-se pagão.

O sucessor de Constantino tentou restabelecer os antigos cultos do império e iniciou uma nova perseguição. 

Pouco se sabe sobre a vida de santa Bibiana, mas seu nome está registrado no Liber Pontificalis ou Livro dos Pontífices, onde consta que o papa são Simplício (século V) ordenou a construção de uma basílica dedicada a ela em Roma, onde suas relíquias repousam até hoje.

Santa Bibiana nasceu por volta do ano 347 no ambiente sereno de uma família cristã. Seus pais era Flaviano, prefeito de Roma, e Dafrosa, uma mulher pertencente à nobreza romana. Bibiana tinha um irmã chamada Demétria. 

Com a ascensão de Juliano II ao poder em 361, Flaviano, pai de Bibiana e fervoroso cristão, foi deposto de seu cargo e Aproniano, um pagão muito próximo do novo imperador, foi nomeado em seu lugar.

O prefeito, forçado a retirar-se da vida pública, dedicou-se então a cuidar dos necessitados e perseguidos, além de garantir que os cristãos sacrificados no martírio pudessem sempre ter um enterro digno, de acordo com o mandato da caridade cristã.

Assim que Aproniano soube dessa tarefa assumida por seu antecessor, mandou matá-lo.

Após a morte de Flaviano, Dafrosa e suas duas filhas se desfizeram de seus bens e foram viver na clandestinidade. As três ficaram escondidas, dedicadas à oração constante e vivendo com modéstia. Os tempos ere ruins e tinham que estas preparadas para enfrentar o que viesse.

Apesar do esforço para permanecerem escondidas, as mulheres escondidas, as mulheres foram encontradas e obrigadas a renunciar à fé em Cristo. Como se recusaram a fazê-lo, Aproniano executou Dafrosa primeiro, que foi decapitada em 6 de janeiro de 362.

Depois, o prefeito fez uma nova tentativa de forçar Bibiana e Demétria à apostasia. Ele as trancou em uma cela sem nenhuma comida. Demétria morreu de fome antes que pudesse ser submetida a outra provação.

Bibiana foi levada à presença de Aproniano que, para enfraquecer sua vontade, mandou-a para um prostíbulo para ser prostituída. O plano fracassou, pois nenhum homem conseguiu tocá-la. Aproniano ordenou, então, que Bibiana fosse atada a uma coluna e flagelada até a morte.

Cheia de chagas por todo o corpo, Bibiana entregou sua alma a Deus no altar do martírio, por amor a fé. Embora os soldados tenham jogado seu corpo aos cães, um grupo de cristãos o resgatou e o sepultou junto aos túmulos de seus pais e de sua irmã, bem perto da casa onde ela havia morado.

Pouco tempo depois, quando terminou a perseguição, os cristãos fizeram no lugar um local de culto, onde iam rezar. Décadas depois, a papa Simplício ordenou a construção In situ da atual basílica dedicada à santa, que fica no Monte Esquilino. 

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

SÉRIE: SANTOS CASADOS

A santidade no matrimônio ao longo dos séculos.

SANTA PAULA ROMANA e TOXÓCIO
Paula nasceu em uma família nobre (seu pai, Rogato, era de uma linhagem que remontava a Agamemnon, e sua mãe, Blesila, era descendente dos Cipiões, dos Gracos e parente de Paulo Emílio) e nasceu no dia 5 de maio de 347, em Roma.

Foi criada na riqueza e suntuosidade costumeira entre as famílias aristocráticas da Roma do século IV. As pessoas eram cristãs porque esse era um sinal de boa criação e porque a casa imperial era cristã. porém, fora isso, não cuidavam dos ensinamentos de Cristo e viviam uma vida mundana, liam clássicos gregos e romanos e dedicavam-se à dança e à música.

Em 362, aos quinze anos, Paula casou-se com o senador Toxócio, que ainda era pagão e membro da nobre linhagem juliana. Foi um casamento cheio de frutos e muito feliz, no entanto, durou pouco: apenas 16 anos. Paula sofreu intensamente a sua perda, como o descreveria São Jerônimo em uma carta sobre a morte de Toxócio, em 378: "seu sofrimento foi tão intenso que ela mesma quase veio a falecer". Depois de 16 anos de uma vida conjugal, a viúva de trinta e um anos ficou sozinha com cinco filhos. Mesmo assim, Paula os educou para serem cristãos, e até santos: 

Na época em que o marido de Paula faleceu (em 378), existia um movimento cristão de renovação em Roma, concentrado no palácio de Monte Aventino. Este palácio era ocupado pela viúva Marcela, além de sua mãe, também viúva, e de sua filha adotiva. Santa Marcela nasceu em Roma entre 325 e 335, descendente de nobre linhagem, e ficou viúva com apenas sete meses de matrimônio, recusando subsequentes pedidos de casamento. Consagrou-se ao Senhor e reunia em seu palácio um grupo de piedosas viúvas e jovens virgens da cidade com a finalidade de buscar uma vida de estudos cristã. Marcela estudava com zelo as Sagras Escrituras e, de 382 a 385, durante sua permanência em Roma, São Jerônimo a instruiu em questões filosóficas e exegéticas. Quando do saque a Roma, Marcela foi barbaramente açoitada pelos soldados de Alarico I, mas conseguiu fugir com a filha adotiva, Principia, para a Basílica de São Paulo.

Nesse círculo ao redor de Santa Marcela, a viúva Paula encontrou refúgio e consolo. Ela cuidava dos pobres e doentes, distribuía esmolas e dedicava-se arduamente à educação de seus filhos. As necessidades alheias faziam-na esquecer de sua próprias dores. Lentamente, começou a distribuir cada vez mais a sua riqueza.

No ano de 385, seguindo o conselho de seu mentor espiritual, Jerônimo, Paula decidiu deixar Roma e tudo o que lhe era mais querido e fazer uma peregrinação ao Oriente, ou seja, à Terra Santa. Ela deteve-se em Belém, onde Jerônimo cuidava de uma comunidade de monges, e fundou um convento na região, com três divisões (para mulheres nobres, para mulheres livres e para escravas). Viveu ali uma vida ascética na companhia da filha Eustóquia, e esforçou-se sinceramente no caminho da perfeição, dedicando-se à oração, à penitência e ao estudo diligente da Palavra de Deus presente nas Sagradas Escrituras. Viveu assim até a sua morte, em 26 de janeiro de 404.

A vida exemplar deste que foi um dos primeiros modelos cristãos de mãe, esposa e viúva ficou assim registrada por Jerônimo, seu santo diretor espiritual.

Mesmo se todos os membros de meu corpo se transformassem em línguas (...) ainda assim não conseguiria descrever com justiça as virtudes da santa e venerável Paula. De família nobre, era ainda mais nobre em sua santidade; anteriormente rica em bens materiais, agora é celebrada pela pobreza com que viveu em nome de Cristo. (Tão inflamado era o seu fervor por Cristo, que decidiu abandonar o lar em Roma) (...), Para não alongar a história: desceu em Porto (porto de Roma) acompanhada do irmão, dos parentes e, principalmente, dos filhos, ávidos em suas demonstrações de afeto para conquistar a amável mãe. Enfim, as velas foram içadas e os remadores golpeavam a água, levando o navio a alto-mar. Na praia, o pequeno Toxócio estendia as mãos em súplica enquanto Rufina, já crescida, rogava a mãe, com silenciosos soluços, que esperasse até ela se casar. Porém, os olhos de Paula estavam ainda secos quando os dirigiu aos céus; e ela venceu o amor por seus filhos através de seu amor a Deus (...) Seu coração estava dilacerado de seu amor a Deus (...). Seu coração estava dilacerado, no entanto, e ela lutou contra essa dor como se a estivesse forçando a separar-se de partes de si mesma.

(Quando Paula chegou à Terra Santa), o administrador da Palestina, que era amigo íntimo da família, enviara antes seus agentes e dera ordens para que a residência oficial estivesse à disposição dela. No entanto, Paula escolheu para se um quarto humilde. (...) Ela não dormiu em uma cama comum, mas no chão duro, coberta apenas com um pedaço de pelo de cabra (...). Ela (...) dizia: "Devo deformar este rosto que, desobedecendo ao mandamento de Deus, pintei de vermelho, alvaiade e antimônio. Devo mortificar o corpo, entregue a tantos prazeres. Devo compensar minhas prolongadas risadas com o choro constante. Devo trocar minhas luxuosas sedas e o linho macio pelo áspero pelo de cabra. Eu, que no passado agradei a meu marido e ao mundo, desejo agora apenas agradar a Cristo. 

Depois de relatar muitos outros fatos admiráveis sobre essa nobre romana, São Jerônimo enfim descreve a sua morte.

Quem poderia narrar a morte de Paula com os olhos secos? Ela padecia de uma seríssima enfermidade (...). O intelecto de Paula mostrou-lhe que sua morte se aproximava. Seu corpo e membro esfriaram, apenas seu peito sagrado manteve a batida quente da alma viva. Como se estivesse a abandonar estranhos para voltar ao seu lar e ao seu povo, sussurrou os versos do salmista: "Eu amo, Senhor, o lugar da sua habitação, onde a tua glória habita" (Salmo 26,8), e "Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos exércitos" (Salmo 83,2). Quando perguntei-lhe por que permaneceu em silêncio, recusando o meu chamado, e se sentia dor, ela respondeu, em grego, que já não sofria e que, a seus olhos, tudo parecia calmo e tranquilo. Depois ela não disse mais nada, e fechou os olhos, como se já tivesse se despedido de todas as coisas do mundo, e continuou repetindo os versos até quando exalou sua alma, mas em tom tão silencioso que mal podíamos ouvir o que dizia... E agora, adeus, Paula, e que com tua oração intercedas pela velhice deste que é teu devoto. [Jerônimo].      

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

NICARÁGUA REFORMA CONSTITUIÇÃO E PODERÁ SE TORNAR UMA GRANDE INIMIGA DA IGREJA.

A Assembleia Nacional da Nicarágua aprovou por unanimidade a reforma da Constituição proposta pelo governo que transforma o presidente Daniel Ortega e sua mulher e o vice-presidente Murillo, em copresidentes do país.

Mais de 100 artigos da Constituição foram modificados pela proposta apresentada na quarta-feira (20/11) e aprovada pelos 91 deputados da assembleia na sexta-feira (22/11).

Ortega e Murillo serão também coordenadores dos poderes judiciários, eleitoral e legislativo. Eles também estenderam seus mandatos de cinco para seis anos.

O governo de Ortega já alterou a Constituição 12 vezes desde 2007, quando voltou ao pode e do qual não saiu desde então.

O governo também pode demitir funcionários públicos que não concordem com os "princípios fundamentais" do regime e limitar a liberdade de expressão, caso transgridam "o direito de outra pessoa, da comunidade e os princípios de segurança, paz e bem-estar estabelecidos na Constituição".

Martha Patrícia Molina, autora do relatório Nicarágua: Uma Igreja perseguida? - que em sua última edição relata 870 ataques do governo contra a Igreja Católica no país centro-americano entre 2018 e 2024 - disse recentemente, que também há temas religiosos nas reformas.

O Artigo 14 da atual constituição do país diz que o "Estado é laico e garante a liberdade de culto, fé e práticas religiosas em estrita separação entre o Estado e as igrejas". Estabelece também que "sob a proteção da religião, nenhuma pessoa ou organização pode realizar atividades que violem a ordem pública" e que "as organizações religiosas devem permanecer livres de qualquer controle estrangeiro". 

Para a advogada e pesquisadora, "as reformas propõe uma ruptura definitiva entre o papa, Sumo Pontífice da Igreja Católica e a Igreja Católica Nicaraguense. Com estas reformas, pode ser criada uma igreja paralela que não esteja em comunhão com o papa".

O advogado espanhol Xosé Luiz Pérez disse que o segundo parágrafo do artigo 14 é muito "perigoso", porque mesmo "50 pessoas reunidas numa igreja podem constituir um atentado à ordem pública". 
Reportagem: Walter Sánchez Silva.

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

PAPA FRANCISCO CRITICA HIPOCRISIA DE PAÍSES QUE FALAM DE PAZ MAS BRINCAM DE GUERRA.


O papa Francisco criticou hoje (25/11) a hipocrisia de países que "falam de paz", mas "brincam de guerra" e onde "os investimentos que mais dão retorno são as fábricas de armas". Francisco falava num ato comemorativo no Palácio Apostólico do Vaticano por ocasião dos 40 anos do Tratado de Paz que pôs fim às tensões fronteiriças entre Argentina e Chile em 1984.

Esta atitude "sempre nos leva ao fracasso da fraternidade e da paz", disse o papa. "Espero que a comunidade internacional consiga fazer prevalecer a força do direito através do diálogo, porque o diálogo dever ser a alma da comunidade internacional". 

O acordo entre Chile e Argentina resolveu a disputa territorial sobre várias ilhas no Canal de Beagle. O então papa João Paulo II enviou como mediador o cardeal Antonio Samoré, que conseguiu o acordo entre as duas nações, evitando com conflito armado.

Falando às autoridades e ao corpo diplomático de ambos os países, entre os quais o embaixador argentino junto à Santa Sé, Luis Pablo Beltramino, e o chanceler chileno, Alberto van Klaveren, o papa Francisco elogiou a mediação pontifícia que evitou o conflito "que estava prestes a confrontar dois povos irmãos".

No discurso em espanhol, Francisco propôs este acordo como modelo a imitar, também renovou o seu apelo à paz e ao diálogo diante dos conflitos atuais, onde prevalece "o recurso à força".

Lembrou especialmente a mediação de são João Paulo II, que desde os primeiros dias de seu pontificado manifestou uma grande preocupação e demonstrou esforços constantes não só para evitar que a disputa entre Argentina e Chile "chegasse a degenerar em um infeliz conflito armado", mas também para encontrar "uma forma de resolver definitivamente essa controvérsia.

Ele disse que tendo recebido o pedido dos dois governo, acompanhado de esforços concretos, e exigentes, aceitou mediar com o objetivo de sugerir e propor" uma solução justa e equitativa e, portanto, honrosa".

Para Francisco, este acordo merece "ser proposto na atual situação do mundo, em que tantos conflitos persistem e se agravam, por não haver a vontade efetiva de excluir absolutamente o uso da força ou da ameaça para resolvê-los".

O papa lamentou que "estamos vivendo isto de uma forma bastante trágica" e disse que "podemos interpretar as oposições, o cansaço e as quedas como um chamado à reflexão, para que o coração se abra ao encontro com Deus e cada um tome a consciência de si mesmo, do próximo e da realidade".

Ele falou da necessidade de as autoridades serem "soberanos mendicantes", tornando-se "mendigos do que é essencial", do que dá sentido às nossas vidas". 

Segundo Francisco, "é a amizade com Deus, que mais tarde se reflete em todas as outras relações humanas, que é a base da alegria que nunca se extinguirá". 

Ele também disse que espera que "o espírito de encontro e de harmonia entre as nações, na América Latina e em todo o mundo, desejosas de paz, possa ajudar a multiplicar-se em iniciativas e políticas coordenadas, para resolver as muitas crises sociais e ambientais que afetam as populações de todos os continentes", prejudicando especialmente os mais pobres.

Francisco citou as palavras de Bento XVI no 25º aniversário do tratado, que disse que o acordo "é um exemplo luminoso da força do espírito humano e da vontade de paz face à barbárie e à irracionalidade da violência e da guerra como remédio para resolver diferenças.

Para o papa, este é um exemplo "mais atual do que nunca" de como é necessário perseverar em todos os momentos "com uma vontade firme e até as últimas consequências na tentativa de resolver as controvérsias com um verdadeiro desejo de diálogo e de acordo, através de negociações pacientes e compromissos necessários, e sempre levando em conta as demandas justas e os interesses legítimos de todos".

O que está acontecendo na Ucrânia e Palestina, concluiu o papa, são "dois fracassos" da humanidade, nos quais a "prepotência do invasor prima sobre o diálogo". 
Por: Almudena Martínez-Bordiú

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

SÉRIE: SANTOS CASADOS

A santidade no matrimônio ao longo dos séculos.

SANTA MÔNICA e PATRÍCIO


Mônica, a mãe de Agostinho (o grande Padre da Igreja no Ocidente) nasceu em 331, em Tagaste, no seio de uma família cristã extremamente devota, que provavelmente pertencia ao pequeno círculo de habitantes do norte da África que assimilavam a cultura e moralidade e romanas. Os pais de Mônica confiaram a maior parte da educação de sua filha e uma severa governanta, que instruía a jovem a controlar-se, a mortificar-se e, também, a ter em grande estima a moralidade cristã.

Na aurora de sua juventude, Mônica foi prometida em casamento a um homem chamado Patrício, dono de uma pequena propriedade em Tagaste e integrante do conselho da cidade. Ele era pagão, porém um homem bom e justo, mas inclinado à ira e por vezes à violência. Amava Mônica profundamente, mas isso não o impedia de ter um comportamento rude e desleal. No entanto, a bondade e brandura de Mônica conseguiu conquistar o caráter vicioso do marido, bem como as fofocas da criadagem e irritabilidade da sogra. Por ter vencido essas circunstâncias, Mônica passou a ser respeitada e admirada por suas amigas.

Mônica tinha vinte e três anos quando deu à luz seu filho primogênito, Agostinmho. Além de Agostinho, teve outro filho, Navígio, e uma filha, Perpetua. Com grande esforço e dedicação, proporcionou aos três filhos uma verdadeira educação cristã. Sabemos que Agostinho nasceu e logo foi inscrito na lista de catecúmenos, mas, segundo as tradições da época, ainda não receberia o batismo. No entanto, como ele mesmo relatou, absorveu o nome do Senhor Jesus Cristo do leite de sua mãe, de maneira que a fé cristã enraizou-se até sua medula. A respeito de Perpétua, sabemos que casou-se, porém logo enviuvou, e assim permaneceu, ficando até a sua morte como superiora de um convento em Hipona, o monastério feminino. 

No ano de 371, Mônica perdeu seu cônjuge Patrício. Graças aos esforços da santa esposa, ele havia sido batizado no ano anterior e morrera cristão.

Os dezesseis anos entre a morte de seu marido e a conversão de seu filho Agostinho foram o período mais conturbado e doloroso da vida de Mônica. Ao mesmo tempo, porém, foi período mais belo, pois ela conseguiu viver e completar a sua missão e vocação. No ano de 385, depois de Agostinho enganar sua mãe, deixar a África e ir até Roma, Mônica preparou-se para ir atrás do filho. Ela tinha cinquenta e quatro anos na época, e depois de uma turbulenta travessia chegou a Itália e, em Roma, começou a sua busca por Agostinho. Inicialmente, não teve sucesso, mas seguiu em seu encalço e enfim o descobriu em Milão. Ali encontrou já livre do contágio de heresia maniqueísta, mas sua relação com o cristianismo ainda era vacilante. Cheia de amorosa preocupação, Mônica permaneceu ao lado de seu filho, e um anos mais tarde teve a alegria de celebrar sua conversão, depois de tantas lágrimas derramadas e tantas orações enviadas aos céus.

Na companhia de Agostinho, que havia se convertido mas ainda não havia sito batizado, Mônica retirou-se para Cassago, e ali, durante a Vigília de Páscoa, em 24 de abril de 387, seu filho recebeu do bispo Ambrósio o Sacramento do Batismo. Ela esteve presente na ocasião.

Mãe e filho queriam voltar à África alguns meses depois. Em Óstia Tiberina, enquanto esperavam um navio para fazer a travessia até a África, Mônica contraiu uma doença grave que a levou à morte. Ela faleceu em Óstia e ali foi sepultada, conforme era seu desejo.

Examinemos mais de perto o retrato dessa santa esposa, mãe e viúva, que nos foi deixado através das palavras de seu filho, em suas confissões.

Educada assim na modéstia e temperança, Vós a tornáveis mais submissa aos pais do que eles a tornavam obedientes a Vós. Quando chegou a idade núbil plena, deram-na em matrimônio a um homem, a quem servia como a senhor. Procurava conquistá-la para Vós, falando-lhes de Vós pelos seus bons costumes, com os quais a tornáveis bela, respeitosamente amável e encantadora aos olhos do marido. Sofria-lhes também as infidelidades matrimoniais com tanta paciência, que nunca teve discórdia alguma com o marido por este motivo. Esperava que a vossa misericórdia, descendo sobre ele, o fizesse casto, quando crescesse em Vós.

Se o coração do marido era afetuoso, o temperamento era arrebatado. Mas ela sabia que era melhor não resistir à ira do esposo, nem por ações nem por palavras. Logo que o via mais calmo e sossegado, oportunamente lhe dava a explicação da sua conduta, se por acaso ele irrefletidamente se irritava. Enfim, muitas senhoras tendo maridos muito mais benignos, traziam no rosto desfigurado, os vestígios das pancadas. Conversando entre amigas, insultavam a vida dos esposos. Minha mãe repreendia-lhes a língua, admoestando-se seriamente como por gracejo. Lembrava-lhes que, desde o momento em que ouviram o contrato de matrimônio, como quem escuta a leitura de um documento pelo qual são feitas escravas, elas de deviam considerar como tais. Por este motivo, tendo presentes essa condição não podiam ser altivas com seus senhores.

Estas matronas, conhecendo o mau gênio que ela suportava ao marido, admiravam-se de nada lhe ouvirem, nem por indício algum constar que Patrício lhe batesse ou que algum dia se desaviessem por questiúnculas domésticas. Perguntavam-lhe familiarmente a razão, e a minha mãe expunha-lhes seu modo de proceder, de que acima fiz menção. As que o punham em prática, depois de o experimentarem, felicitavam-na. As outras que não faziam caso, continuavam a ser envergonhadas e oprimidas.

A princípio a sogra irritava-se contra ela, por causa de uns mexericos de escravas malévolas. De tal forma minha mãe conquistou com afabilidades, com paciência e mansidão inalteráveis que a própria sogra espontaneamente denunciou ao filho as línguas intrigantes das escravas como perturbadoras da paz doméstica entre a nora e ela, e lhe rogou que fossem castigadas.

Com efeito, depois Patrício, dócil à mãe e solícito pelo bom governo da casa e pela concórdia entre os seus, mandou flagelar as culpadas, segundo o desejo de quem as acusara. A sogra declarou que podia espera igual castigo  quem quer que, para lhe agradar, lhe dissesse mal da nora. Ninguém ousou mais expor-se a tal risco e viveram as duas em doce harmonia, digna de ser lembrada.

Concedestes ainda um grande dom e esta fiel serva em cujo seio me criastes, ó meu Deus e minha misericórdia. Quando podia, mostrava-se conciliadora entre as almas discordes em desavença, a ponto de ainda referir de uma a outra senão o que podia levá-las a reconciliar-se, ouvindo de um lado e de outro as queixas amargas as quais costuma vomitar a discórdia encolerizada e cheia de ressentimentos, quando em presença de uma amiga, o vômito de rancores contra a inimiga ausente desabafa em azedas confidências.

De pouca importância me parecia este bem, se uma triste experiência não me mostrasse que um grande número de pessoas (não sei porque horrendo contágio de malícia, já espalhado por muito longe) não só repete a inimigos encolerizados o que uns zangados disseram de outros, mas ainda acrescenta coisas que eles não proferiram. Pelo contrário, deve ter-se em pouca conta para alguém dotado de sentimentos humanos, o não atiçar ou não acender, com ditos malévolos, as inimizades dos outros, se não procura também, com boas palavras , extingui-las.

Assim era minha mãe, como Vós, seu íntimo Mestre, a ensinastes na escola do coração. Enfim, até Vós ganhou o marido, nos últimos tempos desta vida temporal, e não teve mais a lamentar nele o que lhe sofrera antes de se converter. Era verdadeiramente a serva dos vossos servos! Todos os que a conheciam Vos louvaram, honradamente, honrando-Vos e amando-Vos nela, porque lhe sentiam no coração a vossa presença, comprovada pelos frutos de uma existência tão santa. Tinha sido esposa de um só marido, saldara aos pais a sua dívida de gratidão, governara a casa piedosamente. Com as suas boas obras, dava testemunho de santidade.

Educara os filhos, dando-os tantas vezes à luz, quantas os via apartarem-se de Vós. Enfim, ainda antes de ela adormecer no Senhor quando já vivíamos unidos em Vós pela graça do batismo, era tão desvelada para todos (já que por vossa liberalidade permitis que nos dirigimos aos vossos servos) como se nos tivesse gerado a todos, servindo-nos como se fosse filha de cada uma.

Em suas confissões, Santo Agostinho descreve a morte de sua piedade mãe, em Óstia, e como despediu-se de Mônica, que era um exemplo de esposa, mãe e viúva, e que pode realmente de modelo para todos os casais cristãos.

HOLBÖCK, Ferdinand. Santos Casados: A santidade no matrimônio ao longo dos séculos. P. 21, RS: Minha Biblioteca Católica 2020.