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segunda-feira, 14 de abril de 2025

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA

SEGUNDA-FEIRA DA SEMANA SANTA.

NECESSIDADE DE UMA PERFEITA PURIFICAÇÃO.

I. - "Se eu não os lavar, não terás parte comigo". Ninguém pode ser co-herdeiro de Cristo e participar da herança eterna sem se purificar espiritualmente, como está dito na Escrituras: (Ap 21,27), "não entrará nela coisa alguma contaminada" e "quem estará no seu lugar santo? O inocente de mãos e limpo de coração" (Sl 23,3-4). É como se Nosso Senhor dissesse: Se eu não os lavar, não estarás puro, e se não estiveres puro, não terás parte comigo.

II. - "Disse-lhes Simão Pedro: Senhor, não somente os meus pés, mas também as mãos e cabeça". Conturbado, Pedro oferece-se todo para a ablução, cheio de amor e temor. Como se lê no Itinerário de S. Clemente, Pedro estava a tal ponto ligado à presença corporal de Cristo, que com tanto fervor amava, que, após a Ascensão, ao lembrar-se da doçura extrema da sua presença e da santidade de sua vida, arrebentava em lágrimas, ao ponto de suas pálpebras parecerem queimadas.

Todo homem possui três coisas: a cabeça, no topo; os pés, embaixo; as mãos, no meio. Do mesmo modo, o homem interior, ou a alma: a cabeça é a razão superior, pela qual o homem adere a Deus; as mãos são a razão inferior, com a qual o homem se dedica à vida ativa; os pés são a sensualidade. O Senhor, porém, sabia que os discípulos estavam puros quanto à cabeça, pois estavam unidos a Deus pela fé e caridade; puros também quanto às mãos, pois suas obras eram santas. Quanto aos pés, tinham alguns apegos terrestres, por sensualidade.

Pedro, porém, temendo a ameaça de Cristo, consente, não apenas na ablução dos pés, mas ainda das mãos e da cabeça: "Senhor, não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça". É como se dissesse: ignoro se estão sujas minhas mãos e cabeça; de nada me sinto culpado, mas nem por isso me dou por justificado (1 Cor 4, 4). Por isso, estou pronto para purificar não somente os meus pés, i. é, dos apegos inferiores, mas também as mãos, i. é, as obras e a cabeça, i. é, a razão superior.

III.- Jesus lhe diz: Aquele que se lavou não tem necessidade de lavar senão os pés, pois todo ele está limpo. Diz Orígenes que eles estavam limpos, mas que ainda precisavam de uma purificação maior, pois a razão deve sempre aspirar aos dons mais perfeitos, subir ao cume das virtudes e resplender com o alvor da justiça. "aquele que é santo, santifique-se mais" (Ap 22, 11).

domingo, 13 de abril de 2025

DOMINGO DE RAMOS: O INÍCIO DA SEMANA SANTA.


O domingo de Ramos é muito mais do que o simples começo de mais uma semana no calendário litúrgico. Ele marca o ponto de partida da Semana Santa, o tempo mais profundo e sagrado da vida cristã, no qual revivemos os últimos passos de Jesus, desde sua entrada triunfal em Jerusalém até sua paixão, morte e ressurreição.

Neste dia, A Igreja recorda o momento em que Jesus montado em um jumentinho (sinal de humildade e paz), foi recebido pelo povo que, com ramos de palmeiras nas mãos, o aclamava como rei e Messias: "Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor!" (Mateus 21,9). Aqueles ramos não era apenas adorno, mas expressavam esperança e reconhecimento de que, naquele homem simples, estava o Salvador prometido.

Porém, o mesmo povo que exalta com cantos de alegria no Domingo de Ramos, poucos dias depois, guiado pela decepção e manipulado pelas autoridades religiosas, gritará: "Crucifica-o!" Esse contraste revela o coração humano inconstante, que muitas vezes se encanta pela novidade, mas se afasta quando é confrontado com a verdade do amor e da cruz.

O Domingo de Ramos, por isso, não é apenas uma comemoração exterior, mas um convite a refletimos sobre nossa fidelidade a Cristo. Estamos disposto a acolhê-lo em nossa vida não só nos momentos de festa, mas também nos tempos de dor e sacrifício. Estamos prontos para acompanhá-lo até a cruz, confiando que a ressurreição nos espera?

Este dia também inaugura um caminho de preparação interior, de conversão e contemplação. A liturgia nos conduz da alegria da acolhida è meditação da Paixão do Senhor, mostrando que o seguimento de Cristo não se resume a momentos de glória, mas passa necessariamente pelo mistério da cruz, pelo sofrimento redentor e pela entrega total de amor.

Na procissão dos ramos, quando carregamos nossos galhos abençoados, carregamos também a esperança de uma vida nova, a decisão de seguir Jesus com sinceridade e a coragem de permanecer firmes, mesmo nas dificuldades. E o início de uma jornada espiritual que culminará no Domingo da Ressurreição, onda a vida vende definitivamente a morte.

Que neste Domingo de Ramos, possamos abrir nossos corações para acolher o Cristo, não apenas com ramos e palavras, mas com gestos concretos de amor, perdão e humildade. Que seja um verdadeiro recomeço para cada um de nós, um tempo de renovação da fé e da certeza de que, apesar das cruzes da vida, o amor de Deus sempre triunfa.
Por: Clemildo Galdino

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA

 DOMINGO DE RAMOS

UTILIDADE DA PAIXÃO DE CRISTO COMO EXEMPLO.

Como disse S. Agostinho: A Paixão de Cristo é suficiente para ser modelo de toda a nossa Vida". Quem quer que queira ser perfeito na vida, nada mais é necessário fazer senão desprezar o que Cristo desprezou na cruz, e desejar o que nela Ele desejou. Nenhum exemplo de virtude deixar de estar presente na cruz.

Se nelas buscas um exemplo de caridade, "ninguém tem maior caridade do que aquele que dá sua vida pelos amigos" (Jo 15, 13). Ora, foi o que Cristo fez na cruz. Por isso, já que Cristo entregou a sua vida por nós, não nos deve ser pesado suportar toda espécie de males por amor a Ele. "O que retribuirei ao Senhor, por todas as coisas que Ele me deu?" (Ps. 115, 12).

Se procuras na cruz um exemplo de paciência, nela encontrarás uma imensa paciência. A paciência manifesta-se extraordinária de dois modos: ou quando alguém suporta grandes males pacientemente, ou quando suporta aquilo que poderia ser evitado e não quis evitar. Cristo na cruz suportou grandes sofrimentos: "Ó vós todos que passais pelo caminho parai e vede se há dor igual à minha!" (Lm 1, 17), e os suportou pacientemente, "como a ovelha levada para o matadouro e como o cordeiro silencioso na tosquia" (1 Pd 2, 23). Cristo na cruz suportou também os males que poderia ter evitado, mas não os evitou: "Julgais que não posso rogar a meu Pai e que Ele logo não me envie mais que doze legiões de Anjos?" (Mt 26, 53). Realmente, a paciência de Cristo na cruz foi imensa! "Corramos com paciência para o combate que nos espera, com os olhos fitos em Jesus, o autor da nossa fé, que a levará ao termo: Ele que, lhe tendo sido oferecida a alegria, suportou a cruz sem levar em consideração a sua humilhação" (Heb 36, 17).

Se desejares ver na cruz um exemplo de humildade, basta-te olhar para o crucifixo. Deus quis ser julgado sob Pôncio Pilatos e morrer: "A vossa causa, Senhor, foi julgada como a de um ímpio" (Jo 36, 17). Sim, de um ímpio, porque disseram: "Condenemo-lo a uma morte muito vergonhosa" (Sb 2, 20). O Senhor quis morrer pelo seu servo, e Aquele que dá a vida aos Anjos, pelo homem: "Fez-se obediente até à morte" (Fl 2, 8).

Se queres na cruz um exemplo de obediência, segue Àquele que se fez obediente ao pai, até à morte: "Assim como pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores; também pela obediência de um só homem, muitos se tornaram justos" (Rm 5, 19).

Se na cruz estás procurando um exemplo de desprezo das coisas terrenas, segue Àquele que é o Rei e o Senhor dos Senhores no qual estão os tesouros da sabedoria, mas que na cruz aparece nu, ridicularizado, escarrado, flagelado, coroado de espinhos, na sede saciado com fel e vinagre e morto. Não deves te apegar às vestes e às riquezas, "porque dividiram entre si as minhas vestes" (Sl 29, 19); nem às honras, porque "Eu suportei as zombarias e os açoites"; nem às dignidades, porque "puseram em minha cabeça uma coroa de espinhos que trançaram"; nem às delícias, porque "na minha sede deram me vinagre para beber" (Sl 68, 22).

sábado, 12 de abril de 2025

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA.

SÁBADO DA 5ª SEMANA DA QUARESMA.

DE QUE MODO DEVEMOS LAVAR OS PÉS UNS DOS OUTROS?

"Seu eu, pois Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros" (Jo 13,14).

Nosso Senhor quer que seu exemplo seja imitado pelos discípulos. Ele diz: "Se eu", que sou maior que vós, pois sou Senhor e Mestre, "vos lavei os pés, também vós", por muito maior razão, pois sois discípulos e servos, "deveis lavar os pés uns aos outros". Noutra parte, lemos (Mt 20, 26): "todo o que quiser ser entre vós o maior, seja vosso servo... assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir".

Segundo Agostinho, todo homem deve lavar os pés aos outros já corporalmente, já espiritualmente. É muito melhor e sem dúvida mais verdadeiro lavar os pés realmente; que os cristãos não desdenhem fazer o que o próprio Cristo fez: quando o corpo se inclina para os pés de um irmão, o sentimento de benevolência se ascende em seu coração. E se já se possuía este sentimento, ele é confirmado. Porém, se não lavamos realmente os pés uns aos outros, façamo-lo ao menos no coração. Ora, pelo lava-pés devemos entender a limpeza das faltas. Assim, portanto, lavemos espiritualmente os pés de nossos irmãos e, de todo coração, lavemos suas manchas.

Ora, isto se faz de três modos:

1. Perdoando suas ofensas, segundo aquilo do Apóstolo (Cl 3,13): "se algum tem razão de queixa contra o outros: Assim como o Senhor vos perdoou a vós, assim também vos deveis perdoar aos outros".

2. Rezando pelos seus pecados, "orai uns pelos outros, para serdes salvos" (Tg 5,16)

3. O terceiro modo diz respeito aos prelados, que devem lavar os pés perdoando os pecados com a autoridade das chaves, conforme o Evangelho (Jo 20, 22): "Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados."

Podemos ainda dizer que, pelo lava-pés, o Senhor nos mostra todas as obras de misericórdia. Pois, quem dá o pão a quem tem fome, lava-lhe os pés; do mesmo modo, quem acolhe os viajantes, veste os nus e assim por diante, "tomando parte nas necessidades dos santos" (Rm 12, 13).

MEDITAÇÃO DE HOJE.

 

AS DORES DO SENHOR NA CRUZ.

Diz Santo Agostinho não haver morte mais acerba que a morte da cruz, pois, como nota São Tomás, os crucificados têm os pés e as mãos transpassados, partes essas que sendo compotas de nervos, músculos e veias, são extremamente sensíveis à dor, e o só peso do corpo pendido faz que a dor seja contínua e se aumente sempre mais até à morte. Mas as dores de Jesus ultrapassavam todas as outras dores, pois, como diz o Angélico, o corpo de Jesus Cristo, sendo de delicadíssima compleição, era mais sensíveis e sujeito às dores: corpo que foi expressamente preparado pelo Espírito Santo para sofrer como Ele predissera e conforme o atesta o Apóstolo: Formaste-me um corpo (Hb 10,5). Além disso, São Tomaz diz que Jesus Cristo suportou uma dor tamanha que só ele seria suficiente para satisfazer a pena que mereciam temporariamente os pecados de todos os homens. Afirma Tiepoli que na crucifixão deram 28 marteladas sobre suas mãos e 26 sobre seus pés.

Minha alma, contempla o teu Senhor, contempla tua vida que pende desse madeiro: E a tua vida estará como suspensa diante de ti (Dt 28,66). Vê como naquela patíbulo doloroso, suspenso desses cravos cruéis, não encontra posição nem repouso. Ora se apoia sobre as mãos, ora sobre os pés, mas onde se firma aumenta a dor. Ora volve a dolorosa cabeça para uma parte, ora para outra, se a deixar cair sobre o peito, as mãos e os pés rasgam-se mais com o peso, se a deita sobre os ombros, estes ficam feridos pelos espinhos; se a apoia sobre a Cruz, enterram-se os espinhos ainda mais na sua cabeça. Ah, meu Jesus, que morte horrível é a que sofreis! Meu Redentor crucificado, e vos adoro nesse trono de ignomínia e de dores. Leio que está escrito nessa cruz que sois Rei: Jesus Nazareno, rei do judeus (Jo 19,19). Mas afora este título de escárnio, qual outro sinal de vossa realeza? Ah, essas mãos cravadas, essa cabeça coroada de espinhos, esse trono de dores, essas carnes dilaceradas vos fazem conhecer por Rei, mas Rei de Amor. Aproximo-me, pois humilhado e contrito, para beijar vossos pés sagrados trespassados por meu amor, abraço essa cruz, na qual, vítima de amor, quisestes sacrificar-vos à justiça divina por mim, feito obediente até à morte, e morte de cruz (Fl 2,8). Ó feliz obediência, que no obtém o perdão dos pecados. E que seria de mim, ó meu Salvador, se Vós não tivésseis pago por mim? Agradeço-vos, meu amor, e pelos merecimentos dessa sublime obediência vos peço que me concedais a graça de obedecer em tudo à vossa divina vontade. Desejo o Paraíso unicamente para sempre Vos amar e com todas as minhas forças.  

sexta-feira, 11 de abril de 2025

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA.

SEXTA-FEIRA DA 5ª SEMANA DA QUARESMA.

A COMPAIXÃO DE NOSSA SENHORA.

"E uma espada trespassará a tua alma" (Lc 2,35)

Estas palavras assinalam a grande compaixão de Nossa Senhora pelo Cristo.

Quatro coisas tornaram a Paixão de Cristo sobretudo amargas à mãe de Cristo:

1. A bondade de seu Filho: "Ele não cometeu pecado nem, se encontrou engano na sua boca" (1Pd 2,22);

2. A crueldade dos verdugos, que se evidencia ao terem se recusado a dar-lhe água na sua agonia e impedido que lho desse sua mãe, que diligentemente daria.

3. A ignomínia do suplício. "Condenemo-lo a uma morte infame", diz o livro da Sabedoria (2,20)

4. A atrocidade dos tormentos: "Ó vós todos que passais pelo caminho, atendei e vede se há dor semelhante à dor que me atormenta" (Lm 1,12). 

Quando às palavras do velho Simeão: "uma espada trespassará a tua alma", Orígines e outros doutores as aplicam à dor sofrida por Cristo na Paixão.

Quanto a Ambrósio, pela espada entende significar a prudência de Maria, não ignorante do mistério celeste. Pois, vivo é o verbo de Deus, válido e mais agudo que toda espada de dois gumes.

Outros, porém, entendem por isso a espada da dúvida, não devendo, porém, entender-se por esta uma dúvida culpável contra a fé, mas a da admiração e da discussão. Assim diz Basílio: a Santa Virgem, aos pés da cruz e presenciando tudo o que se passou, depois mesmo do testemunho de Gabriel, depois do inefável conhecimento da divina concepção, depois da ingente realização dos milagres, flutuava na sua alma, vendo, de um lado, as humilhações que sofria seu Filho e, de outro, as maravilhas que realizava.

Mesmo sabendo pela fé que Deus queria que Cristo sofresse, e ainda que conformasse sua vontade à vontade divina quanto à coisa desejada, como fazem os perfeitos, a Virgem Maria se entristecia pela morte de Cristo, enquanto sua vontade inferior repugnava esta coisa particularmente desejada; e isto não é contrário à perfeição.

MEDITAÇÃO DE HOJE


A CRUCIFICAÇÃO DO SENHOR.

Eis-nos chegados à Crucificação, ao último tormento, o qual deu a morte a Jesus Cristo - eis-me no Calvário, feito teatro do amor divino, onde um Deus deixa a vida num mar de dores. Quando chegaram ao lugar que se chama Calvário, ali o crucificaram (Lc 23,33). Tendo o Senhor chegado com grande dificuldade, mas ainda vivo ao monte, arrancaram-lhe pela terceira vez com violência suas vestes pegadas às chagas de sua carne dilacerada e o estenderam sobre a Cruz. O Cordeiro Divino deita-se sobre esse leito de tormentos, apresenta aos carnífices suas mãos e seus pés para serem pregados e, levantando os olhos ao céu, oferece ao seu eterno Pai o grande sacrifício de sua vida pela salvação dos homens. Cravada uma má, contraem-se os nervos, sendo por isso necessário que à forma e com cordas se puxassem a outra mão e os pés ao lugar dos cravos, com foi revelado a Santa Brígida, o que ocasionou a contorção e rompimento com dores horríveis do nervos e das veias, de tal maneira que se podiam contar todos os ossos, como já predissera Davi: Transpassaram as minhas mãos e os meus pés, contaram todos os meus ossos (Sl 21,17).

Ah, meu Jesus, por quem foram cravados vossas mãos e vossos pés sobre esse madeiro senão pelo amor que tínheis aos homens? Vós quisestes com a cor de vossas mãos transpassadas pagar todos os pecados que os homens cometeram pelo tato, e com a dor dos pés quisestes pagar todos os passos que demos para vos ofender. Ó meu amor crucificado, abençoai-me com essas mãos transpassadas. Cravai aos vosso pés este meu coração ingrato para que eu não me separa mais de Vós e fique sempre minha vontade obrigada a amar-vos, já que tantas vezes se rebelou contra Vós. Fazei que nada me mova além de vosso amor e do desejo de dar-vos gosto. Ainda que vos veja suspenso nesse patíbulo, eu vos reconheço por Senhor do mundo, pelo Filho verdadeiro Deus e Salvador dos homens. Por piedade, ó meu Jesus, não me abandoneis mais no resto de minha vida e especialmente na hora de minha morte: nessa última agonia e combate com o Inferno, assisti-me e confortai-me para morrer no vosso amor. Eu vos amo, amor crucificado, eu vos amo de todo o meu coração.

quinta-feira, 10 de abril de 2025

CRUZ ORIGINAL DA PRIMEIRA MISSA NO BRASIL PEREGRINA PELO PAÍS EM ABRIL.


A cruz original usada na celebração da primeira missa no Brasil vai peregrinar por várias cidade de Portugal e do Brasil entre os dias 12 e 27 de abril. A peregrinação celebra os 525 anos da primeira missa no Brasil.

Os portugueses chegaram ao Brasil em 22 de abril de 1500, com 13 caravelas sob o comando de Pedro Álvares Cabral. Ao avistar um monte do mar, ele o chamou de Monte Pascoal, por ser oitava de Páscoa, e eu à terra o nome de Terra de Vera Cruz.

Depois de desembarcar em terra firme e ter os primeiros contatos com os índios, seguiram a bordo de suas caravelas para um lugar mais protegido, parando na praia da Coroa Vermelha, Aldeia do Descobrimento, município de Santa Cruz Cabrália, na Bahia. Lá em 26 de abril de 1500, foi celebrada a primeira missa pelo frei Henrique de Coimbra e outros sacerdotes.

"Queremos a partir da peregrinação dessa cruz, que comunicará a redenção do Nosso Senhor levar esperança ao povo brasileiro", disse o padre Omar Raposo, reitor do Santuário Cristo Redentor, na coletiva de imprensa ontem (7/4) no santuário.

A peregrinação "BRASIL COM FÉ - Celebrando os 525 anos da Primeira Missa no Brasil, Terra de Santa Cruz" é organizada pelo movimento Brasil com Fé, santuário Cristo Redentor, da arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ), e Instituto Redenptor.

A peregrinação da cruz também celebra os 200 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre Brasil e Portugal, iniciadas com o Tratado de Paz, Amizade e Aliança entre o Império do Brasil e O Reino de Portugal, em 1825, três anos depois da Independência do Brasil.

"O catolicismo no Brasil existe por causa do catolicismo presente em Portugal", disse o padre Omar na coletiva de imprensa. "As nossas práticas devocionais, as nossas celebrações litúrgicas têm origem na fé do povo português".

Uma comissão de brasileiros, incluindo um representante pataxó, tribo originária do local onde foi feita a primeira missa, viajou para Portugal para trazer a cruz que fica guardada no Tesouro-Museu da Sé de Braga, em Portugal.

A cruz vai sair de brada no dia 12 de abri, passará pelas cidades portuguesas de Fátima, Caiscais, Almada e Lisboa, onde haverá uma missa na capela da embaixada do Brasil no dia 14 de abril, última celebração antes de a cruz viajar para o Brasil.

A cruz chegará a São Paulo (SP) no dia 15 de abril. A primeira celebração será uma missa na catedral metropolitana celebrada pelo arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro cardeal Scherer, às 12 horas. Em seguida, uma procissão liderada pelos Arautos do Evangelho saíra da catedral em direção do Pátio do Colégio, local da fundação da cidade de São Paulo.

No dia 16 de abril, a cruz estará na região conhecida como o Vale da Fé, visitando as cidades de Cachoeira Paulista (SP), Aparecida (SP) e Guaratinguetá (SP).

Na quinta-feira, 17 de abril, a cruz vai para o Rio de Janeiro (RJ), onde estará na missa do Crisma celebrada pelo arcebispo, dom Orani João cardeal Tempesta, às 9 horas, na catedral metropolitana.

Na Sexta-feira, 18 de abril, a cruz estará em Porto Alegre (RS), para a Celebração da Paixão do Senhor na catedral metropolitana do Porto Alegre, no Centro Histórico às 15 horas, que será celebrada pelo arcebispo de Porto Alegre, dom Jaime Cardeal Spengler.

No Sábado, 19 de abril, a cruz volta para o estado do Rio de Janeiro, onde estará na cidade de Maricá (RJ) às 10 horas para um oração e o Ofício das Leituras conduzidos pelo bispo auxiliar da arquidiocese de Niterói, dom Geraldo de Paula Souza. A oração será no memorial José de Anchieta, em Araçatiba, com a participação de indígenas de Maricá e do Rio de Janeiro.

Às 17h30, a cruz vai para o Santuário Cristo Redentor no Rio de Janeiro, para a Vigília Pascal.

No domingo de Páscoa, 20 de abril, a cruz estará novamente na catedral metropolitana do Rio de Janeiro para a missa às 9 horas da Ressurreição de Jesus Cristo, celebrada por dom Orani. Depois, vai para um almoço de Páscoa para cerca de 3 mil pessoas em situação de vulnerabilidade social.

No dia 21 de abril, chegará a Brasílio (DF) para a missa das 10 horas na catedral Nossa Senhora Aparecida. A missa será rezada pelo arcebispo, cardeal Paulo Cezar Costa, por ocasião do jubileu da arquidiocese e pelo aniversário de Brasília. No dia seguinte, ela vai para a sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) às 8 horas e depois para uma Sessão Solene no Congresso Nacional e o Lançamento do Selo Comemorativo do "Jubileu de 525 Anos da Primeira Missa no Brasil" do correios. Às 12 horas será rezada uma missa com a frente parlamentar Católica, e às 15 horas haverá uma sessão solene no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Em 23 de abril, a cruz vai para Belém (PA) onde às 20 horas será celebrada uma missa na catedral metropolitana, na Cidade Velha, pelo Cuidado da Casa Comum. No dia seguinte, estará às 7 horas numa missa na basílica santuário de Nossa Senhora de Nazaré.

A cruz chega a Salvador (BA) em 25 de abril, e sai em procissão da basílica santuário Senhor do Bonfim, no Largo do Bonfim, às 11 hora para o santuário Santa Dulce dos Pobres, no largo de Roma, onde haverá missa às 12 horas. Às 18 horas haverá uma ação cultural em frente à Igreja e Convento São Francisco, no Pelourinho.

A peregrinação termina em Porto Seguro (BA), no dia 26 de abril, dia em que se celebram os 525 Anos da primeira missa no Brasil. ÀS 13 horas haverá uma carreata com a cruz saindo da paróquia São Sebastião em direção ao local onde ocorreu a celebração histórica, em Santa Cruz Cabrália. Às 14h30, a Procissão de Nossa Senhora da Esperança sairá da Praça da Juventude, em Coroa Vermelha, e irá até a Praça do Cruzeiro, também em Coroa Vermelha, em Santa Cruz Cabrália, onde será a Missa Pontifical dos 525 anos da Primeira Missa no Brasil, rezada pelo arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, dom Sérgio cardeal da Rocha, às 16 horas.
Reportagem: Nathália Queiroz.

SÉRIE SANTOS CASADOS.

A santidade no matrimônio ao longo dos séculos.

SÃO VICENTE MADELGÁRIO e SANTA VALDETRUDES.

São Vicente Madelgário e sua esposa, Santa Valdetrudes, foram um santo casal que deu à luz quatro filho, os quais também viriam a se tornar santos.

A família do Conde Vicente era de Strépy (a leste de Mons, na Bélgica). Ele se casou com Santa Valdetrudes, que era filha dos nobres Valberto e Bertilia, e também irmã de Santa Aldegundes, fundadora de um convento em Maubeuge, em Hainault (França). Deu à luz quatro filhos: Santa Adeltrudes, São Landerico, São Dentelino e Santa Madelberta. Como recomendação de seus santos pais, três desses quatro filhos entraram na vida religiosa.

Depois que os filhos cresceram, os pais concordaram em separar-se para viver o celibato consagrados a Deus. São Vicente entrou no mosteiro de Hautmont, que ele mesmo havia fundado. Depois foi para Soignies, onde fundou outro mosteiro, em 653. Ali serviu como abade até pouco antes de morrer, em 677. Seguindo s sugestão do santo Abade Gisleno, Santa Valdetrudes construiu um convento em Castrilocus (depois conhecido como Igreja Colegiada de Santa Valdetrudes, em Mons, Bélgica). Ela mesma entrou nesse convento, recebendo o hábito do santo bispo Alberto de Cambrai. No devido tempo, tornou-se abadessa, e ali morreu em 9 de abril de 688. Ela é retratada segurando seus quatro filhos sob o manto, quase como Nossa Senhora protegendo aqueles que buscam seu amparo.

Qual foi então o destino dos quatro filho do santo casal Vicente Maldegário e Valdetrudes?

1. Aldetrudes, ainda menina, foi enviada à Abadia de Maubeuge (norte da França) para viver com sua tia, Santa Aldegundes - a própria fundadora do local. Ali, Adeltrudes serviu por doze anos como abadessa e faleceu em 25 de fevereiro de 696.

2. Landerico primeiro fez carreira militar e depois tornou-se monge. Sucedeu a seu pai, Vicente, como abade administrou os dois mosteiros de Soignies. Diz-se que antes de sua morte também trabalhou como missionário na cercanias de Bruxela. Morreu em 17 de abril, por volta do ano de 730.

3. Dentelino morreu ainda menino, aos sete anos de idade. Ele é homenageado como santo em Hainaut, assim como seus pais e irmãos, devido aos inúmeros milagres que ocorreram em seu túmulo. É considerado o patrono municipal de Rees (Cleves, Alemanha).

4. Madalberta tornou-se freira beneditina em um convento em Maubeuge e, por volta de 696, sucedeu a sua irmã Adeltrudes como abadessa do local. Morreu em 7 de setembro, cerca do ano 700.

Ainda que as histórias sobre o santo casal Vicente Madelgário e Valdetrudes e seus quatro filhos pareçam contar com certos aspectos lendários, a base histórica indubitável para essas "vidas dos santos" é ter existido um casal que lutou pela perfeição espirituais e criou tão bem seus filhos que, estes seguindo o exemplo dos pais, amadureceram e tornaram-se santos.

HOLBÖCK, Ferdinand. Santos Casados: A santidade do matrimônio ao logo dos séculos. P. 70-72, RS: Minha Biblioteca Católica 2020.

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA.

QUINTA-FEIRA DA 5ª SEMANA DA QUARESMA.

O SINAL MAIOR DO AMOR DE CRISTO.

Aparentemente, a maior prova do amor de Cristo por nós foi o ter dado seu corpo como alimento, e não o ter sofrido por nós, pois a caridade da Pátria é mais perfeita que a caridade da Via. Ora, este benefício com que Deus nos agraciou, ao nos dar seu corpo como alimento, é mais similar à caridade da Pátria, onde gozaremos plenamente de Deus, enquanto a Paixão a que Cristo se submeteu mais se assemelha à caridade da Via, onde nos expomos a morrer por Cristo. Assim, pois, a maior prova de amor de Cristo seria o ter nos dado seu corpo como alimento, e não o ter sofrido por nós. Contudo, lemos no Evangelho (Jo 15, 13): "Não há maior amor do que dar a própria vida pelos seus amigos".

Solução: No que diz respeito ao amor humano, nada ultrapassa o amor com que nos amamos a nós mesmos, por isso este amor é a medida de todo amor que sentimos pelos demais. Ora, o característico do amor com que nos amamos a nós mesmos, é o querer o bem a nós mesmos. Portanto, o amor ao próximo será tanto mais evidente quanto mais preterirmos em seu proveito o bem que desejamos para nós, como aquilo das Escrituras (Pr 12, 26): "Aquele que por amor do seu amigo não repara em sofrer alguma perda, é justo".

Ora, o homem quer para si mesmo um triplo bem particular: sua alma, seu corpo, os bens exteriores.

Suportar algum prejuízo nos bens exteriores por causa de outrem é sinal de amor.

Sofrer corporalmente por outrem, em trabalhos ou agressões, é sinal ainda maior de amor.

Contudo, abandonar sua alma e morrer pelo amigo, eis o sinal máximo de amor.

Assim, ao sofrer e morrer por nós, Cristo nos deu a maior prova de seu amor. Ao nos dar seu próprio corpo como alimento, o fez sem nenhum detrimento próprio. A Paixão é a maior prova do amor de Deus. Por isso a Eucaristia é memorial e figura da Paixão de Cristo. Ora, a verdade se superpõe à figura e a realidade, ao memorial.

A produção do corpo de Cristo no Santo Sacramento é figura do amor com que Deus nos ama na Pátria; mas a Paixão de Cristo pertence ao amor mesmo de Deus, que nos tirou da perdição para nos levar a si. O amor de Deus não é maior no céu que no presente.