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quarta-feira, 16 de abril de 2025

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA.

QUARTA-FEIRA DA SEMANA SANTA.

TRÊS ENSINAMENTOS MÍSTICOS NO LAVA-PÉS.

"Depois lançou água numa bacia, e começou a lavar os pés dos discípulos, e a limpar-lho com a toalha com que estava cingido" (Jo 13,5).

Nesta passagem podemos tirar três ensinamentos místicos:

1. A água que lançou numa bacia significa a efusão de seu sangue na terra. Com efeito, o sangue de Jesus pode ser chamado água, pois tem poder para lavar.

E foi por isso que, na cruz, saiu de seu lado traspassado sangue e água, para dar a compreender que seu sangue tem poder para lavar os pecados. Também podemos compreender, pela água, a Paixão de Cristo. "lançou água numa bacia", i. é, imprimiu a memória da sua Paixão nas almas dos fiéis pela fé e pela devoção. "Lembra-te da minha pobreza e tribulação - absinto e fel que me fazem beber" (Lm 3, 19).

2. Ao dizer "começou a lavar os pés dos discípulos", faz alusão à imperfeição humana; pois os Apóstolos, depois de Cristo, eram os mais perfeitos e, no entanto, precisavam ser purificados, pois tinham algumas impurezas. Isso nos mostra que o homem, por melhor que seja, tem necessidade de se aperfeiçoar; e que contrai algumas manchas, conforme aquilo dos Provérbios (20, 9): "Quem pode dizer: O meu coração está puro, estou limpo do pecado?". Contudo, estão sujos apenas nos pés.

Outros, ao contrário, não estão sujos apenas nos pés, estão totalmente sujos. Ora, os que jazem no chão sujam-se totalmente com as imundices da terra. Do mesmo modo, sujam-se totalmente os que se apegam totalmente às coisas da terra, já pelo sentimento, já pelos sentidos.

Mas os que estão de pé, ou seja, os que buscam as coisas céu com o espírito e o coração, estão sujos apenas nos pés. Ora, assim como o homem de pé precisa ao menos tocar a terra com os pés para sustentar-se, nós, enquanto vivermos nessa vida mortal, que precisa das coisas terrestres para o sustento do corpo, contraímos algumas manchas, ao menos pelos sentidos. 83 Por isso o Senhor recomenda aos discípulos sacudir o pó dos seus pés (Lc 9, 5).

Diz o Evangelho: "começou a lavar", pois a ablução dos afetos terrenos começa aqui embaixo, e é consumada no futuro.

Assim, a efusão de seu sangue é significada pelo ter vertido a água numa bacia; e a ablução de nossos pecados, pelo ter começado a lavar os pés dos discípulos.

3. Finalmente, vê-se a aceitação de nossas penas sobre ele mesmo. Cristo não apenas limpou nossas manchas, mas tomou sobre si mesmo as penas incorridas pelas nossas faltas. Nossas penas e nossa penitência seriam insuficientes, se não tivessem por fundamento o mérito e a eficácia da Paixão de Cristo. O que é significado pelo ter secado os pés dos discípulos com um linho, i. é, o linho de seu corpo.

terça-feira, 15 de abril de 2025

O QUE É JEJUM E POR QUE ELE É IMPORTANTE NA SEMANA SANTA.


O que é o jejum e porque é importante para os cristãos, especialmente durante o tempo da Quaresma e da Semana Santa? Para que serve esta prática de penitência e qual é o seu propósito.

É uma forma de obster-se de alimentos corporais, e é uma forma de penitência e de oração. Jesus praticou o jejum em momentos importantes, antes de rezar, antes de escolher os apóstolos e em muitas ocasiões".

E a Igreja faz o jejum desde o século IV de forma regular. É uma maneira de ajudar a oração, de purificar o nosso corpo e, assim nos dispormos melhor para a escuta de nossa oração por Deus".

A Igreja, nos recorda o jejum no tempo da Quaresma e do Advento, especialmente na terça e na sexta-feira, com faziam tradicionalmente em muitas comunidades.

Atualmente, disse, a obrigação do jejum se mantém "na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira santa".

Segundo indica o Código de Direito Canônico, no número 1252, à lei do jejum "estão sujeitos todos os maiores de idade até terem começado os sessenta anos. Todavia os pastores de almas e os pais procurem que, mesmo aqueles que, por motivo de idade menor não estão obrigados à lei da abstinência e o jejum, sejam formados no sentido genuíno da penitência.

Além das pessoas que não jejuam devido à sua idade, pessoas com problemas mentais, doentes, mulheres grávidas ou lactantes, trabalhadores de acordo com as suas necessidades, convidados a refeição que não podem ser justificados sem ofender gravemente ou outras situações morais ou impossibilidade física de manter o jejum.

CONSELHOS PARA VIVER BEM A SEMANA SANTA.

A semana Santa é um tempo especial na vida de todo o cristão. Mais do que uma tradição ou simples lembrança, ela nos convida a acompanhar, com o coração aberto, os últimos passos de Jesus rumo à cruz e, finalmente, à sua gloriosa ressurreição.

Viver bem esse período não significa apenas assistir às celebrações ou repetir gestos de costume. Trata-se de mergulhar de maneira consciente e sincera no mistério do amor de Deus, que se doa inteiramente para salvar a humanidade. Para ajudar você a viver intensamente essa semana de fé.
Aqui estão alguns conselhos simples, mas profundos para viver bem a semana Santa:

1. Reserve tempo para a oração: Durante esses dias, silencie e busque a presença de Deus através da oração pessoal, da meditação das Escrituras e da contemplação da Paixão de Cristo (Lucas 22-23). A oração abre espaço para que a graça de Deus transforme o seu interior.

2. Participe das celebrações litúrgicas: A Igreja oferece uma rica programação litúrgica: Domingo de Ramos, Quinta-feira Santa, Sexta-feira da Paixão e, por fim, a Vigília Pascal. Cada momento tem um significado profundo e participar dessas celebrações é viver, passo a passo, o caminho de Jesus.

3. Pratique o silêncio e a reflexão: Em meio à rotina agitada, permita-se momentos de recolhimento. O silêncio não é vazio, mas espaço sagrado onde Deus fala ao coração. Reflita sobre sua vida, suas escolhas e sua atitudes à lua do exemplo de Cristo.

4. Reforce atos de caridade: Seguir Jesus é também olhar com amor para o próximo. Aproveite essa semana para praticar gestos concretos de solidariedade: um ato de perdão, uma palavra de conforto, uma ajuda material a quem precisa (Mateus 25:35-40).

5. Confissão e reconciliação: Busque o Sacramento da Reconciliação. A confissão é um gesto de humildade e coragem, e um passo importante para experimentar a verdadeira renovação espiritual, preparando o coração para celebrar a Páscoa com plenitude (1 João 1:9).

6. Viva a alegria da Ressurreição: A cruz não é o fim, mas a passagem para a vida nova! Prepare-se para celebrar a Páscoa com fé renovada, recordando que todo sofrimento em Cristo encontra sentido e toda vida Nele é transformada.

Que nesta Semana Santa Seu coração esteja aberto para acolher a grandeza do amor de Jesus. Não apenas observe os ritos - viva-os! Pois quem trilha o caminho da cruz com Cristo, caminha também rumo à alegria da ressurreição.

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA.

TERÇA-FEIRA DA SEMENA SANTA

PREPARAÇÃO DE CRISTO AO LAVA-PÉS.

"levantou-se da ceia e depôs o seu manto, e, pegando numa toalha, cingiu-se com ela." (Jo 13,4).

I. Cristo mostra-se servidor, abraçando uma tarefa humilde, conforme aquilo do Evangelho (Mt 20,28): "o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir".

Três coisas fazem o bom servidor:

1. Que seja circunspeto, para enxergar tudo o que seu serviço demanda. Isso certamente não se daria se o servidor estivesse sentado ou deitado. A atitude própria do servidor é a de permanecer de pé, por isso Cristo "levantou-se da ceia". "Qual é o maior, o que está à mesa, ou o que serve?" (Lc 22, 27).

2. Que se desembarace de tudo, afim de poder cumprir apropriadamente o seu serviço, o que seria muito dificultado pela multidão do vestuário. É por isso que o Senhor depôs o seu manto. Isso está figurado no livro do Gênesis (17) quando Abraão escolhe os escravos mais desimpedidos.

3. Que esteja pronto a servir, ou seja, que tenha tudo o que é necessário para o seu serviço. De Marta lemos no Evangelho (Lc 10, 40), afadigava-se muito na continua lida da casa. Por isso o Senhor pegando numa toalha, cingiu-se com ela, para estar pronto, não somente para lavar os pés, mas para secá-los. Que nós saibamos calcar os pés sobre nosso orgulho, pois aquele que veio de Deus e a ele vai, lavou os pés.

II. "Depois lançou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos".

Eis o serviço do Cristo, no qual de três modos sobressalta a sua humildade;

1. Quanto ao gênero do serviço, que é bastante humilde: é o Deus de Majestade que se inclina para lavar os pés aos servidores.

2. Quanto à multidão dos serviços, pois ele derrama a água, lava os pés, seca etc.

3. Quanto à maneira de proceder, pois não o fez por meio de outros, nem com assistentes, mas sozinho. "Quanto maior és, mais te deves humilhar em todas as coisas" (Ecl 3,20). 

segunda-feira, 14 de abril de 2025

ESTAMOS DISPOSTOS A SEGUIR JESUS NO CAMINHO DA CRUZ?

Seguir Jesus é mais do que pronunciar Seu nome, mais do que levantar os olhos ao céu em momentos de necessidade. Seguir Jesus é um compromisso de amor, de entrega e de fidelidade — principalmente quando o caminho se torna estreito e difícil.

Muitos o aclamaram em Jerusalém, agitando ramos e cantando “Hosana ao Filho de Davi!” quando tudo parecia festa. Mas poucos permaneceram firmes quando a cruz apareceu, quando o sofrimento, a rejeição e a entrega total se tornaram reais.

Hoje, a pergunta ressoa forte para cada um de nós: estamos dispostos a seguir Jesus no caminho da cruz?

Seguir Cristo é aceitar os desafios da vida com fé, é não desviar o olhar diante das dificuldades, é amar e perdoar mesmo quando somos feridos, é manter a esperança acesa mesmo quando o mundo parece desabar. A cruz de Cristo não é sinal de derrota, mas de vitória sobre o pecado e a morte. E a nossa cruz, quando unida à d’Ele, se transforma em caminho de redenção e de vida nova.

Que neste tempo de oração e reflexão, especialmente durante a Semana Santa, tenhamos a coragem de dizer:

“Sim, Senhor, eu Te seguirei, mesmo no caminho da cruz!”

Pois quem caminha com Cristo, mesmo que passe pelo Calvário, chegará à alegria da Ressurreição.
Por: Clemildo Galdino

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA

SEGUNDA-FEIRA DA SEMANA SANTA.

NECESSIDADE DE UMA PERFEITA PURIFICAÇÃO.

I. - "Se eu não os lavar, não terás parte comigo". Ninguém pode ser co-herdeiro de Cristo e participar da herança eterna sem se purificar espiritualmente, como está dito na Escrituras: (Ap 21,27), "não entrará nela coisa alguma contaminada" e "quem estará no seu lugar santo? O inocente de mãos e limpo de coração" (Sl 23,3-4). É como se Nosso Senhor dissesse: Se eu não os lavar, não estarás puro, e se não estiveres puro, não terás parte comigo.

II. - "Disse-lhes Simão Pedro: Senhor, não somente os meus pés, mas também as mãos e cabeça". Conturbado, Pedro oferece-se todo para a ablução, cheio de amor e temor. Como se lê no Itinerário de S. Clemente, Pedro estava a tal ponto ligado à presença corporal de Cristo, que com tanto fervor amava, que, após a Ascensão, ao lembrar-se da doçura extrema da sua presença e da santidade de sua vida, arrebentava em lágrimas, ao ponto de suas pálpebras parecerem queimadas.

Todo homem possui três coisas: a cabeça, no topo; os pés, embaixo; as mãos, no meio. Do mesmo modo, o homem interior, ou a alma: a cabeça é a razão superior, pela qual o homem adere a Deus; as mãos são a razão inferior, com a qual o homem se dedica à vida ativa; os pés são a sensualidade. O Senhor, porém, sabia que os discípulos estavam puros quanto à cabeça, pois estavam unidos a Deus pela fé e caridade; puros também quanto às mãos, pois suas obras eram santas. Quanto aos pés, tinham alguns apegos terrestres, por sensualidade.

Pedro, porém, temendo a ameaça de Cristo, consente, não apenas na ablução dos pés, mas ainda das mãos e da cabeça: "Senhor, não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça". É como se dissesse: ignoro se estão sujas minhas mãos e cabeça; de nada me sinto culpado, mas nem por isso me dou por justificado (1 Cor 4, 4). Por isso, estou pronto para purificar não somente os meus pés, i. é, dos apegos inferiores, mas também as mãos, i. é, as obras e a cabeça, i. é, a razão superior.

III.- Jesus lhe diz: Aquele que se lavou não tem necessidade de lavar senão os pés, pois todo ele está limpo. Diz Orígenes que eles estavam limpos, mas que ainda precisavam de uma purificação maior, pois a razão deve sempre aspirar aos dons mais perfeitos, subir ao cume das virtudes e resplender com o alvor da justiça. "aquele que é santo, santifique-se mais" (Ap 22, 11).

domingo, 13 de abril de 2025

DOMINGO DE RAMOS: O INÍCIO DA SEMANA SANTA.


O domingo de Ramos é muito mais do que o simples começo de mais uma semana no calendário litúrgico. Ele marca o ponto de partida da Semana Santa, o tempo mais profundo e sagrado da vida cristã, no qual revivemos os últimos passos de Jesus, desde sua entrada triunfal em Jerusalém até sua paixão, morte e ressurreição.

Neste dia, A Igreja recorda o momento em que Jesus montado em um jumentinho (sinal de humildade e paz), foi recebido pelo povo que, com ramos de palmeiras nas mãos, o aclamava como rei e Messias: "Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor!" (Mateus 21,9). Aqueles ramos não era apenas adorno, mas expressavam esperança e reconhecimento de que, naquele homem simples, estava o Salvador prometido.

Porém, o mesmo povo que exalta com cantos de alegria no Domingo de Ramos, poucos dias depois, guiado pela decepção e manipulado pelas autoridades religiosas, gritará: "Crucifica-o!" Esse contraste revela o coração humano inconstante, que muitas vezes se encanta pela novidade, mas se afasta quando é confrontado com a verdade do amor e da cruz.

O Domingo de Ramos, por isso, não é apenas uma comemoração exterior, mas um convite a refletimos sobre nossa fidelidade a Cristo. Estamos disposto a acolhê-lo em nossa vida não só nos momentos de festa, mas também nos tempos de dor e sacrifício. Estamos prontos para acompanhá-lo até a cruz, confiando que a ressurreição nos espera?

Este dia também inaugura um caminho de preparação interior, de conversão e contemplação. A liturgia nos conduz da alegria da acolhida è meditação da Paixão do Senhor, mostrando que o seguimento de Cristo não se resume a momentos de glória, mas passa necessariamente pelo mistério da cruz, pelo sofrimento redentor e pela entrega total de amor.

Na procissão dos ramos, quando carregamos nossos galhos abençoados, carregamos também a esperança de uma vida nova, a decisão de seguir Jesus com sinceridade e a coragem de permanecer firmes, mesmo nas dificuldades. E o início de uma jornada espiritual que culminará no Domingo da Ressurreição, onda a vida vende definitivamente a morte.

Que neste Domingo de Ramos, possamos abrir nossos corações para acolher o Cristo, não apenas com ramos e palavras, mas com gestos concretos de amor, perdão e humildade. Que seja um verdadeiro recomeço para cada um de nós, um tempo de renovação da fé e da certeza de que, apesar das cruzes da vida, o amor de Deus sempre triunfa.
Por: Clemildo Galdino

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA

 DOMINGO DE RAMOS

UTILIDADE DA PAIXÃO DE CRISTO COMO EXEMPLO.

Como disse S. Agostinho: A Paixão de Cristo é suficiente para ser modelo de toda a nossa Vida". Quem quer que queira ser perfeito na vida, nada mais é necessário fazer senão desprezar o que Cristo desprezou na cruz, e desejar o que nela Ele desejou. Nenhum exemplo de virtude deixar de estar presente na cruz.

Se nelas buscas um exemplo de caridade, "ninguém tem maior caridade do que aquele que dá sua vida pelos amigos" (Jo 15, 13). Ora, foi o que Cristo fez na cruz. Por isso, já que Cristo entregou a sua vida por nós, não nos deve ser pesado suportar toda espécie de males por amor a Ele. "O que retribuirei ao Senhor, por todas as coisas que Ele me deu?" (Ps. 115, 12).

Se procuras na cruz um exemplo de paciência, nela encontrarás uma imensa paciência. A paciência manifesta-se extraordinária de dois modos: ou quando alguém suporta grandes males pacientemente, ou quando suporta aquilo que poderia ser evitado e não quis evitar. Cristo na cruz suportou grandes sofrimentos: "Ó vós todos que passais pelo caminho parai e vede se há dor igual à minha!" (Lm 1, 17), e os suportou pacientemente, "como a ovelha levada para o matadouro e como o cordeiro silencioso na tosquia" (1 Pd 2, 23). Cristo na cruz suportou também os males que poderia ter evitado, mas não os evitou: "Julgais que não posso rogar a meu Pai e que Ele logo não me envie mais que doze legiões de Anjos?" (Mt 26, 53). Realmente, a paciência de Cristo na cruz foi imensa! "Corramos com paciência para o combate que nos espera, com os olhos fitos em Jesus, o autor da nossa fé, que a levará ao termo: Ele que, lhe tendo sido oferecida a alegria, suportou a cruz sem levar em consideração a sua humilhação" (Heb 36, 17).

Se desejares ver na cruz um exemplo de humildade, basta-te olhar para o crucifixo. Deus quis ser julgado sob Pôncio Pilatos e morrer: "A vossa causa, Senhor, foi julgada como a de um ímpio" (Jo 36, 17). Sim, de um ímpio, porque disseram: "Condenemo-lo a uma morte muito vergonhosa" (Sb 2, 20). O Senhor quis morrer pelo seu servo, e Aquele que dá a vida aos Anjos, pelo homem: "Fez-se obediente até à morte" (Fl 2, 8).

Se queres na cruz um exemplo de obediência, segue Àquele que se fez obediente ao pai, até à morte: "Assim como pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores; também pela obediência de um só homem, muitos se tornaram justos" (Rm 5, 19).

Se na cruz estás procurando um exemplo de desprezo das coisas terrenas, segue Àquele que é o Rei e o Senhor dos Senhores no qual estão os tesouros da sabedoria, mas que na cruz aparece nu, ridicularizado, escarrado, flagelado, coroado de espinhos, na sede saciado com fel e vinagre e morto. Não deves te apegar às vestes e às riquezas, "porque dividiram entre si as minhas vestes" (Sl 29, 19); nem às honras, porque "Eu suportei as zombarias e os açoites"; nem às dignidades, porque "puseram em minha cabeça uma coroa de espinhos que trançaram"; nem às delícias, porque "na minha sede deram me vinagre para beber" (Sl 68, 22).

sábado, 12 de abril de 2025

MEDITAÇÕES PARA A QUARESMA.

SÁBADO DA 5ª SEMANA DA QUARESMA.

DE QUE MODO DEVEMOS LAVAR OS PÉS UNS DOS OUTROS?

"Seu eu, pois Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros" (Jo 13,14).

Nosso Senhor quer que seu exemplo seja imitado pelos discípulos. Ele diz: "Se eu", que sou maior que vós, pois sou Senhor e Mestre, "vos lavei os pés, também vós", por muito maior razão, pois sois discípulos e servos, "deveis lavar os pés uns aos outros". Noutra parte, lemos (Mt 20, 26): "todo o que quiser ser entre vós o maior, seja vosso servo... assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir".

Segundo Agostinho, todo homem deve lavar os pés aos outros já corporalmente, já espiritualmente. É muito melhor e sem dúvida mais verdadeiro lavar os pés realmente; que os cristãos não desdenhem fazer o que o próprio Cristo fez: quando o corpo se inclina para os pés de um irmão, o sentimento de benevolência se ascende em seu coração. E se já se possuía este sentimento, ele é confirmado. Porém, se não lavamos realmente os pés uns aos outros, façamo-lo ao menos no coração. Ora, pelo lava-pés devemos entender a limpeza das faltas. Assim, portanto, lavemos espiritualmente os pés de nossos irmãos e, de todo coração, lavemos suas manchas.

Ora, isto se faz de três modos:

1. Perdoando suas ofensas, segundo aquilo do Apóstolo (Cl 3,13): "se algum tem razão de queixa contra o outros: Assim como o Senhor vos perdoou a vós, assim também vos deveis perdoar aos outros".

2. Rezando pelos seus pecados, "orai uns pelos outros, para serdes salvos" (Tg 5,16)

3. O terceiro modo diz respeito aos prelados, que devem lavar os pés perdoando os pecados com a autoridade das chaves, conforme o Evangelho (Jo 20, 22): "Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados."

Podemos ainda dizer que, pelo lava-pés, o Senhor nos mostra todas as obras de misericórdia. Pois, quem dá o pão a quem tem fome, lava-lhe os pés; do mesmo modo, quem acolhe os viajantes, veste os nus e assim por diante, "tomando parte nas necessidades dos santos" (Rm 12, 13).

MEDITAÇÃO DE HOJE.

 

AS DORES DO SENHOR NA CRUZ.

Diz Santo Agostinho não haver morte mais acerba que a morte da cruz, pois, como nota São Tomás, os crucificados têm os pés e as mãos transpassados, partes essas que sendo compotas de nervos, músculos e veias, são extremamente sensíveis à dor, e o só peso do corpo pendido faz que a dor seja contínua e se aumente sempre mais até à morte. Mas as dores de Jesus ultrapassavam todas as outras dores, pois, como diz o Angélico, o corpo de Jesus Cristo, sendo de delicadíssima compleição, era mais sensíveis e sujeito às dores: corpo que foi expressamente preparado pelo Espírito Santo para sofrer como Ele predissera e conforme o atesta o Apóstolo: Formaste-me um corpo (Hb 10,5). Além disso, São Tomaz diz que Jesus Cristo suportou uma dor tamanha que só ele seria suficiente para satisfazer a pena que mereciam temporariamente os pecados de todos os homens. Afirma Tiepoli que na crucifixão deram 28 marteladas sobre suas mãos e 26 sobre seus pés.

Minha alma, contempla o teu Senhor, contempla tua vida que pende desse madeiro: E a tua vida estará como suspensa diante de ti (Dt 28,66). Vê como naquela patíbulo doloroso, suspenso desses cravos cruéis, não encontra posição nem repouso. Ora se apoia sobre as mãos, ora sobre os pés, mas onde se firma aumenta a dor. Ora volve a dolorosa cabeça para uma parte, ora para outra, se a deixar cair sobre o peito, as mãos e os pés rasgam-se mais com o peso, se a deita sobre os ombros, estes ficam feridos pelos espinhos; se a apoia sobre a Cruz, enterram-se os espinhos ainda mais na sua cabeça. Ah, meu Jesus, que morte horrível é a que sofreis! Meu Redentor crucificado, e vos adoro nesse trono de ignomínia e de dores. Leio que está escrito nessa cruz que sois Rei: Jesus Nazareno, rei do judeus (Jo 19,19). Mas afora este título de escárnio, qual outro sinal de vossa realeza? Ah, essas mãos cravadas, essa cabeça coroada de espinhos, esse trono de dores, essas carnes dilaceradas vos fazem conhecer por Rei, mas Rei de Amor. Aproximo-me, pois humilhado e contrito, para beijar vossos pés sagrados trespassados por meu amor, abraço essa cruz, na qual, vítima de amor, quisestes sacrificar-vos à justiça divina por mim, feito obediente até à morte, e morte de cruz (Fl 2,8). Ó feliz obediência, que no obtém o perdão dos pecados. E que seria de mim, ó meu Salvador, se Vós não tivésseis pago por mim? Agradeço-vos, meu amor, e pelos merecimentos dessa sublime obediência vos peço que me concedais a graça de obedecer em tudo à vossa divina vontade. Desejo o Paraíso unicamente para sempre Vos amar e com todas as minhas forças.