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terça-feira, 22 de abril de 2025

COM A MORTE DO PAPA FRANCISO, O QUE ACONTECE COM A IGREJA?


Com a morte do papa Francisco começa a chamada sede vacante, período em que a Sé de Pedro está vacante. O período de sede vacante depois da morte do papa traz consigo vários símbolos, tradições e protocolos que existem já a séculos e expressam a essência do papado.

A principal figura da sede vacante é o camerlengo, que atualmente é o cardeal Kevin Farrek da Irlanda, que atualmente também é prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida da Santa Sé e foi bispo de Dallas, no Estado do Texas, nos Estados Unidos.

O papa é quem indica o camerlengo, e o cardeal foi escolhido em 2019, substituindo o cardeal francês Jean-Loius Louis Tauran depois de sua morte aos 75 anos. 

As tarefas e os deveres do camerlengo são regulamentadas pela constituição apostólica Praedicate Evangelium, publicada pelo papa Francisco em 2022, que lida com as funções dos dicastérios da Cúria Romana, e outra constituição apostólica, Universi Dominici Gregis, publicado pela papa joão Paulo II em 1996, que gere a sede vacante e a eleição de um novo papa. 

O camerlengo costumava lidera a Câmara Apostólica, instituição criada no século XII e confiada para gerir os bens da Igreja na sede vacante. Ela era composta pelo camerlengo, o vice-camerlengo, o auditor geral e o colégio de bispos clericais da Câmara.

No entanto, a Câmara Apostólica foi suprimida pela Praedicate Evangelium.

Segundo a nova constituição, o camerlengo é auxiliado por três cardeais assistentes. Um é o cardeal coordenador do Conselho para a Economia da Santa Sé e os outros são "individuados segundo a modalidade prevista pelo normativa sobre a vacância da Sé.

Primeiro, quando o papa morre, ele deve "constatar oficialmente a morte do Pontífice, na presença do Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, dos Prelados Cléricos da Câmara Apostólica e do Secretário e Chanceler da mesma", segundo o Universo Dominici Gregis. O camerlengo também deve destruir o anel do pescador, que a papa usa pela primeira vez em sua missa de posse, anulando o selo do pontificado. O camerlengo vai, em adição, selar o escritório e o quarto do papa. Ninguém vai poder entrar nos apartamentos papais até depois do funeral do papa.

É provável que o processo será ligeiramente diferente com o papa Francisco, que escolheu a Casa Santa Marta em vez do Palácio Apostólico como sua residência depois de sua eleição em 2013. Nesse caso, o camerlengo terá que selar não só os apartamentos papais, que continuaram sem uso neste pontificado, mas também o apartamento do papa na casa de hóspedes do Vaticano.

Depois desses procedimentos, o camerlengo notifica o cardeal vigário geral de Roma da morte do papa. O vigário, atualmente o cardeal Baldassare Reina, deve então informar o povo de Roma por meio de um anúncio especial.

O camerlengo também deve informar o cardeal arcipreste da basílica de São Pedro, cardeal Mauro Gambetti, das notícias. O camerlengo deve então tomar posse do Palácio Apostólico no Vaticano, e dos palácios de Latrão e de Castel Gandolfo. É o dever do camerlengo fazer todos os preparativos para o funeral e o sepultamento do papa depois de ter discutido a questão com os membros do Colégio de Cardeais.

Não há algo como um "vice-papa". O camerlengo, portanto, não assume autoridade papal. Em vez disso, ele gerencia administração comum, com ajuda de três cardeais assistentes, enquanto mantém contato com o Colégio de Cardeais. 

O papa reformou também o rito do funeral papal. Primeiro, a certificação da morte do papa não ocorre no quarto onde ele morre, mas em sua capela particular. O camerlengo chama três vezes o papá morto por seu nome de batismo. O nome de batismo é usado, em vez do nome papal, já que a identidade papal e função do papa morto terminam com sua morte. A tradição de tocar o papa morto três vezes com um pequeno martelo de prata está em desuso há muito tempo.

O corpo do papa é imediatamente colocado num caixão aberto, em vez de um caixão elevado, o chamado cateletto (leito de morte), como ocorreu com são João Paulo II e Bento XVI. Os ritos revistos também eliminam o uso de três caixões - um de cipreste, um de chumbo e um de carvalho. Em vez disso, o corpo é colocado num simples caixão de madeira com um forro de zinco e transferido imediatamente à basílica de São Pedro, sem passar pelo Palácio Apostólico para outra exposição, como era feito anteriormente.

O funeral, chamado de "missa poenitentialis", é celebrado na basílica de São Pedro ou na praça de São Pedro. Delegações de todo o mundo comparecem. O corpo do papa é carregado num caixão de madeira simples, com um véu de seda cobrindo seu rosto.

Ninguém tem permissão de tirar fotos do papa morto a menos que seja especialmente autorizado pelo camerlengo. A imagem, no entanto, deve ser fita com o papa vestido nas vestes pontifícias.

Até a prática se encerrada pelo papa são Pio X, os órgãos internos do papa eram removidos e preservados em ânforas especiais guardadas na Igreja dos Santos Vicente e Anastácio, em Roma, antes do corpo ser embalsamado.

Assim que o papa morre, todos os cardeais da Cúria Romana, como o cardeal secretário de Estado da Santa Sé, deixam suas posições. Os únicos postos que são mantidos no período de sede vacante são os do camerlengo, do penitenciário-mor, do esmoleiro pontifício, dos cardeais vigárias de Roma e do Estado da Cidade do Vaticano, e do decano do Colégio de Cardeais.

O camerlengo vai convocar posteriormente os cardeais para as congregações gerais que precedem a eleição de um novo papa.  Então, dentro de 20 dias depois da morte do papa, os cardeais elegíveis a votar se reúnem na conclave para eleger um sucessor. 

segunda-feira, 21 de abril de 2025

POR MOTIVO DA MORTE DO PAPA FRANCISCO, SANTA SÉ ADIA A CANONIZAÇÃO DE CARLO ACUTIS.

A Santa Sé anunciou hoje (21/4) que a canonização do Beato Carlo Acutis foi adiada por causa da morte do papa Francisco.

"Após a morte do Sumo Pontífice Francisco, informa-se que a celebração eucarística e o rito de canonização do Beato Carlo Acutis, programados para 27 de abril de 2025, II Domingo de Páscoa ou da Divina Misericórdia, por ocasião do Jubileu dos Adolescentes estão suspensos", disse a Sala de Imprensa da Santa Sé.

Esperava-se que mais de 80 mil adolescentes se reunissem em Roma para a canonização de 27 de abril, em meio ao Jubileu dos Adolescentes, de acordo com o Dicastério para a Evangelização, com jovens registrados do Brasil, Estados Unidos, Índia, Espanha, Portugal, França, Ucrânia, Reino Unido, Alemanha, Chile, Venezuela, México, Austrália, Argentina e Nigéria.

A notícia da morte do papa Francisco foi divulgada quando os peregrinos estavam começando a chegar para a canonização, como um grupo de estudantes da paróquia São Joaquim, de Sydney, Austrália, que viajou mais de 16 mil quilômetros para a canonização.

Com a morte do papa, a Igreja Católica entrou em um período de luto. O funeral do papa Francisco está previsto para a próxima semana. Um conclave para eleger seu sucessor normalmente começa aproximadamente 15 dias após a morte do papa. Uma missa para o Jubileu dos Adolescentes ainda deve ser realizada.

Acutis, que morreu de leucemia em 2006 aos 15 anos, é conhecido por sua devoção à presença real de Jesus na Eucaristia. Nascido em 1991 em Londres e criado em Milão, ele é o primeiro santo millenial da Igreja.

Por Courtney Mares.

PAPA FRANCISCO.

O PAPA DAS PERIFERIAS QUE CHACOALHOU A IGREJA.

A morte do papa Francisco marca hoje o fim de um papado de 12 anos. Primeiro latino-americano e primeiro membro da Companhia de Jesus a ser eleito papa, seu legado será marcado pelo esforço de levar o Evangelho às periferias do mundo e às margens da sociedade, e abalar, às vezes vigorosa e desconfortavelmente, o que le via como um status quo católico inaceitavelmente autorreferencial, pouco acolhedor e rígido.

Depois da inesperada renúncia do papa Bento XVI, em fevereiro de 2013, o cardeal Jorge Mario Bergoglio, então arcebispo de Buenos Aires, foi eleito a 13 de março de 2013.

Antes do conclave de 2013, o jesuíta argentino de 76 anos não era um do principais candidatos. No entanto, depois de ter apresentado a sua visão da reforma da Igreja num discurso as cardeais que antecedeu o conclave, a maioria dos eleitores ficou convencida de que ele daria uma  reposta forte aso escândalos e desafios que assolam a Igreja e apresentaria soluções para o colapso da participação dos fiéis na Igreja e das vocações.

No nível institucional, Francisco foi responsável por várias reformas e iniciativas concretas. Mas ele será lembrado menos por isso do que por ser um líder que procurou chacoalhar, às vezes vigorosa e desconfortavelmente, o que considerava um status quo católico inaceitavelmente autorreferencial, pouco acolhedor e rígido.

Tomando o nome de Francisco de Assis, o santo italiano do século XIII fundador da ordem franciscana que adotou uma vida de pobreza radical, o novo papa pretendia promover uma Igreja que fosse ao encontro dos pobres, marginalizados e esquecidos e capaz de lidar com as complexidades da fé e das relações humanas no mundo de hoje.

“Prefiro uma Igreja magoada, ferida e suja, porque esteve nas ruas, do que uma Igreja que não é saudável por estar confinada e por se agarrar à sua própria segurança”, disse Francisco na Evangelii gaudium (A Alegria do Evangelho), sua exortação apostólica, de 2013, que pedia envolvimento pastoral nas favelas e cortiços.

Evangelii gaudium foi um manifesto do novo pontificado. No entanto, o verdadeiro projeto do seu pontificado é anterior à sua eleição e é claramente latino-americano: O documento conclusivo de 2007 da Quinta Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizada em Aparecida de que o Cardeal Bergoglio foi o redator principal.

O “Documento de Aparecida” introduziu muitas das estratégias de evangelização mais tarde retomadas na Evangelii gaudium e reiteradas em Querida Amazônia, a exortação apostólica pós-sinodal de 2020, escrita em resposta ao Sínodo dos Bispos de 2019 para a região Pan-Amazônica.

Aparecida pediu uma “grande missão continental”, uma Igreja voltada para fora, humilde, com uma preocupação preferencial com a criação, entendida especialmente como o meio ambiente, a piedade popular, os pobres e as periferias. “Será um novo Pentecostes que nos impulsione a ir, de um modo especial, em busca dos católicos afastados e daqueles que pouco ou nada conhecem de Jesus Cristo, para formarmos com alegria a comunidade de amor de Deus nosso Pai. Uma missão que deve chegar a todos, ser permanente e profunda”, escreveu Bergoglio em Aparecida.

Uma vez papa, Francisco fez da "grande missão continental" um empreendimento para a Igreja Universal.

Falando em 2013 na Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, ele exortou o seu público jovem a não ter medo de agitar as coisas para evangelizar de forma mais eficaz.

“O que é que eu espero como consequência da Jornada Mundial da Juventude?”, perguntou-lhes. “Eu quero uma bagunça. ... Quero ver-me livre do clericalismo, do mundano, deste fechamento em nós próprios, nas nossas paróquias, escolas ou estruturas.”

Em busca dessa evangelização “bagunçada”, Francisco propôs uma visão ampla de descentralização, escuta e acompanhamento, uma Igreja de engajamento pastoral e misericordioso em detrimento do que enxergava como uma precisão doutrinária rígida e do clericalismo. O Papa declarou frequentemente: “Todos, todos, todos” como uma expressão de como a Igreja deve ser um lugar acolhedor de misericórdia.

Em dezembro de 2015, o papa Francisco deu início a um Jubileu Extraordinário da Misericórdia, um tempo especial para a Igreja “redescobrir e tornar fecunda a misericórdia de Deus, com a qual todos nós somos chamados a consolar cada homem e mulher do nosso tempo”. Missionários da Misericórdia foram incumbidos em 2016 de pregar o Evangelho da Misericórdia e concretizar essa pregação através do sacramento da Confissão.

A ponto central dos últimos anos do pontificado de Francisco foi a sinodalidade, tema do sínodo de três anos (2021-2024) que visava reformar permanentemente a Igreja para que todos os batizados, o Povo de Deus, “caminhem juntos, se reúnam em assembleia e participem ativamente de sua missão evangelizadora”.

Desde cedo o início, porém, pontificado trouxe à tona tensões existentes na Igreja há muito tempo, começando com tumultuosos sínodos de 2014 e 2015 sobre o Matrimônio e a Família, em que os bispos debateram a acabar com a proibição da Igreja de comunhão para divorciados em segunda união. A exortação apostólica pós-sinodal de Francisco, Amoris laetitia (A Alegria do Amor), com uma posição pouco clara, não atenuou a controvérsia.

A divisão aprofundou-se nos anos seguintes, quando alguns líderes da Igreja, especialmente na Alemanha, aproveitaram o que foi visto como ambiguidade doutrinal de Francisco para pressionar no sentido de alterar a doutrina da Igreja sobre celibato sacerdotal, uniões homossexuais e ordenação de mulheres. As tensões aumentaram na reação em toda a Igreja ao decreto de 2021 Traditionis custodes (Guardiões da tradição) que restringiu drasticamente o acesso à liturgia tradicional anterior à reforma do Concílio Vaticano II (1962-1965), e o decreto de 2023 Fiducia supplicans (Com confiança suplicante) que permitiu formas de bênçãos não-litúrgicas para uniões homossexuais e casais em situações irregulares.

O papa, por outro lado, traçou linhas claras em áreas-chave da doutrina. Com o documento de 2024 Dignitas infinita (Dignidade infinita) do Dicastério para a Doutrina da Fé, a Igreja reafirmou sua oposição perene ao aborto, à eutanásia e à ideologia de género. Francisco em uma entrevista ao programa “60 Minutes” da rede de TV americana CBS, em maio de 2024, voltou a afirmar categoricamente que a ordenação de mulheres ao sacerdócio e ao diaconato estava fora de questão.

No fim, decepcionou os progressistas católicos e meios seculares que esperavam uma revolução doutrinal, em vez do processo de reforma pastoral do papa.

domingo, 20 de abril de 2025

CRISTO NÃO PODE SER REDUZIDO A UM HERÓI DO PASSADO.


O papa Francisco pediu para buscar Cristo "em todo lado", acompanhado como Ele "as lágrimas de quem sofre", porque a Ressurreição torna impossível reduzi-lo a "um herói do passado" ou ser indiferente ao sofrimento.

"Ele está vivo e permanece sempre conosco, chorando as lágrimas de quem sofre e multiplicando a beleza da vida nos pequenos gestos de amor de cada um de nós, disse o papa no texto da homilia que preparou para a solene missa do Domingo de Páscoa, que celebrada pelo cardeal Angelo Comastri.

O rito começou com o tradicional Resurrexit, com o qual todos os presentes na Praça de São Pedro e aqueles que acompanharam a celebração ao vivo foram convidados a se juntar ao júbilo da vitória de Jesus Cristo sobre a morte.

O papa, que surpreendeu um grupo de peregrinos ontem (19/4), Sábado Santo, quando fez uma aparição surpresa na basílica de São Pedro para rezar, disse que o anúncio da Páscoa é que a "morte" não foi capaz de segurar Cristo, que ele "já não está envolvido pelo sudário e, por isso, não podemos encerrá-lo numa bonita história para contar".

"Não podemos fazer dele um herói do passado ou pensar nele como uma estátua colocada na sala de um museu", disse.

Em sua homilia, o papa Francisco refletiu sobre a atitude dos discípulos que, a receberem "aquela surpreendente notícia, saíram e - diz o Evangelho - 'corriam os dois juntos". 

"Os protagonistas dos relatos pascais correm todos! E este correr exprime, por um lado, a preocupação de que tivessem levado o corpo do Senhor, mas, por outro lado, a corrida de Maria Madalena, de Pedro e de João fala do desejo, do impulso do coração, da atitude interior de quem se põe à procura de Jesus", disse Francisco, observando que os cristãos não podem permanecer imóveis.

"Porque se Ele ressuscitou, então está presente em toda a parte, habita no meio de nós, esconde-se e revela-se ainda hoje nas irmãs e nos irmãos que encontramos pelo caminho, nas situações mais anônimas e imprevisíveis da nossa vida" disse. 

É por isso que a fé pascal, enfatizou, "é tudo menos uma acomodação estática ou um pacífico conforma-se numa segurança religiosa qualquer".

Pelo contrário, o papa disse que a Páscoa "põe-se em movimento" e a ter olhos capazes de "ver mais além, para vislumbrar Jesus, o Vivente, como o Deus que se revela e ainda hoje se torna presente, nos fala, nos precede, nos surpreende".

"Aqui está a maior esperança da nossa vida: Podemos viver esta existência pobre, frágil e ferida agarrados a Cristo, porque Ele venceu a morte, vence a nossa escuridão e vencerá as trevas do mundo, para nos faze viver com Ele na alegria, para sempre", disse, enfatizando que o Jubileu da Esperança 2025 chama os fiéis a renovar sua esperança e compartilhá-la com a humanidade.

Ele acrescentou: "Não podemos estacionar o nosso coração nas ilusões deste mundo, nem fechá-lo na tristeza; temos de correr, cheios de alegria. Corramos ao encontro de Jesus, redescubramos a graça inestimável de ser seus amigos". 

Finalmente, o cardeal Comastri agradeceu ao papa Francisco por seus esforços na preparação da homilia: "Obrigado, papa Francisco, por este forte convite para despertar nossa fé em Jesus, ressuscitado e vivo e sempre presente ao nosso lado", disse ele depois de desejar uma boa Páscoa a todos os presentes; 

REFLEXÃOS DOS SANTOS SOBRE A PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO.


Ao longo dos séculos, vários santos da Igreja enviaram mensagens para celebrar a Páscoa da Ressurreição do Senhor.

SANTO AGOSTINHO
"Na Páscoa, nome hebreu que significa 'passagem', não só recordamos a morte e ressurreição do Senhor, mas também nós passamos da morte à vida... A Igreja, corpo de Cristo, espera participar definitivamente na vitória sobre a morte, triunfo já manifestado na ressurreição corporal de nosso Senhor, Jesus Cristo". (Sermão 55,2).

"Foi a carne a que morreu, a que ressuscitou, a que foi pendurada no madeiro, a que jazia no túmulo e agora está sentada no céu". (Sermão 238,2).

"Pois Ele não teria ressuscitado se não tivesse morrido, e Ele não teria morrido se não tivesse nascido; por isso, o fato de nascer e morrer existiu em função da ressurreição (...). Cristo, o Senhor, no fato de nascer e morrer, tinha seu olhar posto na ressurreição; nela Ele estabeleceu os limites de nossa fé. Nossa raça, ou seja, a raça humana, conhecia duas coisas: o nascer e o morrer. Para nos ensinar o que nós não conhecíamos, Ele pegou o que nós conhecíamos". (Sermão 229 H, 1).

SÃO JOÃO PAULO II
"Se às vezes esta missão vos aparecer difícil, recordai as palavras do Ressuscitado: "Eu estarei sempre convosco, até o fim do mundo" (Mt 28,20). Assim, na certeza da sua presença, não temereis qualquer dificuldade nem obstáculo. A sua Palavra vos iluminará; o seu Corpo e o seu Sangue servirão de alimento e amparo no caminho quotidiano para a eternidade".

"Maria é-nos guia no conhecimento dos mistérios do Senhor: e como n'Ela e com Ela compreendemos o sentido da Cruz, assim também n'Ela e com Ela chegamos a colher o significado da Ressurreição, saboreando a alegria, que promana desta experiência".

SANTO TOMÁS DE AQUINO
"Cristo provou sua ressurreição de três maneiras: pela vista: 'Vede minhas mãos e meus pés' ((Lc 24,39); pelo toque, para o qual ele continua: 'Apalpai e vede: um espírito não tem carne; pelo paladar: 'Mas, vacilando eles ainda e estando transportados de alegria, perguntou: 'Tendes aqui alguma coisa para comer?

SÃO PAULO VI
"A ressurreição de Cristo não é apenas seu triunfo pessoal, mas também o início de nosso salvação e, portanto, de nossa ressurreição. É assim agora, como libertação da primeira e fatal causa de nossa morte, que é o pecado, desapego da única verdadeira fonte de vida, que é Deus (cf. Rm 4,25; 6,11); é como penhor de nossa futura ressurreição corporal, salvos como somos, na esperança que não decepciona (Rm 8,24), para o último dia, para a vida que não conhecer fim (I. 6,49 ss). (30 de março de 1975). 

SÃO JOÃO XXIII
"Nossa Páscoa é, portanto, para todos uma morte ao pecado, às paixões, ao ódio, às inimizades, a tudo aquilo que é fonte de desequilíbrio, amargura e tormento na ordem espiritual e material. Esta morte é, na verdade, apenas o primeiro passo para um objetivo maior: pois nossa Páscoa é também um mistério de vida". (Homilia de 1959).  

COMEÇA HOJE A OITAVA DE PÁSCOA.


No domingo da Ressurreição (hoje) começam os cinquenta dias do tempo pascal, que termina com a solenidade de Pentecostes. A Oitava de Páscoa é a primeira semana destes cinquenta dias; é considerada como se fosse um só dia, ou seja, o júbilo do Domingo de Páscoa é prolongado durante oito dias.

As leituras evangélicas estão centralizadas nos relatos das aparições de Cristo Ressuscitado e nas experiências que os apóstolos tiveram com Ele.

Neste tempo litúrgico, a primeira leitura, normalmente tirada do Antigo Testamento, é trocada por uma leitura dos Atos dos Apóstolos.

O segundo Domingo de Páscoa também é chamado Domingo da Divino Misericórdia, segundo a disposição de São João Paulo II durante seu pontificado, depois da canonização da sua compatriota Faustina Kowalska.

O decreto foi emitido no dia 23 de maio de 2000 pela Sagrada Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, detalhando que esta seria comemorada no segundo domingo de Páscoa. A denominação oficial deste dia litúrgico será "segundo domingo de Páscoa ou Domingo da Divina Misericórdia". 

CRISTO RESSUSCITOU! ALELUIA.


A manhã de pascoa rompeu as trevas da morte com a luz de uma nova esperança: CRISTO RESSUSCITOU ALELUIA! esta é a grande verdade que enche de alegria o coração dos cristãos e ilumina o caminho da humanidade.

A pedra foi removida do sepulcro e, com ela, caíram também o medo, o desespero e a escuridão. Jesus venceu a morte e nos ofereceu a vida nova, aquela que não conhecer o fim. Sua ressurreição não é apenas uma memória do passado, mas uma certeza viva que ecoa todos os dias: o amor é mais forte que a dor, a lua é mais poderosa que qualquer treva.

Cada vez que olhamos ao nosso redor e enxergamos sinais de bondade, de reconciliação, de esperança, de perdão e de paz, ali está a presença do Cristo ressuscitado, ele caminha conosco, fortalece nossa fé e nos convida a ser testemunhas vivas do seu amor no mundo.

Que neste tempo de pascoa, e em todos os dias de nossa vida possamos proclamar com alegria e convicção:
CRISTO RESSUSCITOU! ALELUIA!
E que essa verdade transforme nossos corações em nossas ações, para que sejamos luz no mundo, assim com ele é luz para nós. 

Por: Clemildo Galdino                                                                                                                                                

O QUE SIGNIFICAM OS SÍMBOLOS GRAVADOS NO CÍRIO PASCAL.

Durante as celebrações da vigília do Sábado Santo, é aceso a Círio Pascal, que irá acompanhar as celebrações do Batismo, Exéquias durante o ano. O círio pascal é desde os primeiros séculos do cristianismo, um dos elementos mais expressivos da Vigília do Sábado Santo. A seguir, apresentamos o significado de cada um dos símbolos gravados nele:

1.Luz
O círio pascal representa Cristo ressuscitado, "a verdadeira luz que ilumina todo homem que vem a este mundo" e que dissipa as trevas (a morte).

2. Chama
No início, na procissão de entrada da Vigília, a única lua é a do círio pascal. Então, com essa chama, a pequena vela levada pelos fiéis é acesa, o que significa a fé que todos nós recebemos e compartilhamos.

Através deste ato, os batizados são lembrados de que devem ser portadores da lua de Cristo, testemunhas de seu amor, que como uma chama acende e aquece os corações.

3. A Cruz
A cruz é sempre o símbolo central, é o caminho que deve ser tomado, como Cristo, para chegar ao Pai.

4. Cravos
São cinco grãos de incenso, muitas vezes vermelhos, que são cravados no círio e simbolizam as cinco chagas de Jesus, os três pregos que perfuram suas mãos e pés, a lança no lado direito do corpo e os espinhos em sua cabeça.

5. Fogo
O fogo da chama também representa uma imagem viva da ressurreição, do homem que abandona o pecado e nasce para um nova vida. Enquanto o círio está aceso, o sacerdotes pode dizer palavras semelhantes a: "A luz de Cristo, elevando-se em Glória, dissipa as trevas de nossas mentes e de nossos corações".

6. Alfa e Ômega
As letras Alva e Ômega, a primeira e a última do alfabeto grego, indicam que a Páscoa de Cristo, o início e o fim do tempo e da eternidade, chega até nós sempre com nova força no ano especial em que vivemos.

7. Ano
O ano atual representa Deus no presente e como Mestre e Senhor de toda a eternidade.

8. O Cordeiro
Cristo é representado pela figura de um cordeiro.

MEDITAÇÃO DE HOJE


DO JUÍZO UNIVERSAL
Assim que os mortos ressuscitarem, farão os anjos que se reúnam todos no vale de Josafá para serem julgados (cf. Jl 3,14) e separarão ali os justos dos réprobos (cf. Mt 13,49). Os primeiros ficarão à direita; os condenados, à esquerda... Profunda mágoa sente quem se vê separado da sociedade ou da Igreja. Quanto maior será a dor de ver-se banido da companhia dos santos! Que confusão experimentaram os ímpios, quando, apartados dos justos, se sentirem abandonados! Disse São João Crisóstomo que, se condenados não tivessem de sofrer outras penas, essa confusão bastaria para dar-lhes os tomentos do inferno. Haverá filhos separados de suas pais; esposos, de suas esposas; amos, de seus servos... (cf. Mt 24,40). Dize-me, meu irmão, em que lugar crês que te acharás então? Queres estar à direita? Abandona, portando, o caminho que conduz à esquerda. Neste mundo, têm-se por felizes os príncipes e os ricaços, e se desprezam os santos, os pobres e os humildes. Ó cristãos fiéis, que amais a Deus! Não vos aflijas por viverdes tão atribulados e vilipendiados neste mundo. "Vossa tristeza  se converterá em gozo" (Jo 16,20). Então verdadeiramente series chamados bem-aventurados e tereis a honra de ser admitidos à corte de Cristo. Em que celestial formosura resplandecerá um São Pedro de Alcântara, que foi injuriado como apóstata; um São João de Deus, escarnecido como louco; Um São Pedro Celestino, que, renunciando ao Pontificado, morreu nu cárcere! Que glória alcançarão tantos mártires entregues outrora à crueza dos verdugos! (cf. I Cor 4,5). Que horrível figura, pelo contrário, fará um Herodes, um Pilatos, um Nero e outros poderosos da Terra, condenados para sempre! Ó amigos e cortejadores deste mundo! Ide para o vale, naquele vale vos espero. Ali, sem dúvida, mudareis de parecer; ali, chorareis vossa loucura. Infelizes! Tendes de representar um brevíssimo papel no palco deste mundo e preferis o de réprobos na tragédia do juízo universal! Os eleitos serão colocados à direita, e para maior glória - segundo afirma o Apóstolo - serão elevados aos ares, acima das nuvens, e esperarão com os anjos a Jesus Cristo, que deve descer do Céu (cf. I Ts 4,17). Os réprobos, à esquerda, como reses destinadas ao matadouro, aguardarão o Supremo Juiz, que há de tornar pública a condenação de todos os seus inimigos.

Abrem-se, enfim, os Céus e aparecem os anjos para assistir ao juízo, trazendo os sinais da Paixão de Cristo, disse Santo Tomás. Singularmente resplandecerá a Santa Cruz. "E então aparecerá o sinal do Filho do homem no céu; e todos os povos da terra chorarão" (Mt 24,30). "Como, à vista da Cruz", exclama Cornélio a Lápide, "hão de gemer os pecadores que desprezaram sua salvação eterna, que tanto custou ao Filho de Deus". "Então", diz São João Crisóstomo, "os cravos se queixarão de ti; as chagas contra ti falarão; a Cruz de Cristo clamará contra ti". Os Santos Apóstolos serão assessores deste julgamento e todos aqueles que os imitaram. E com Jesus Cristo julgarão os povos. Ali também assistirá a Rainha dos Anjos e dos homens, Maria Santíssima. Aparecerá, enfim, o Eterno Juiz em luminoso trono de majestade. "E verão o Filho do homem, que virá nas nuvens do céu, com grande poder e majestade. "E verão o Filho do homem, que virá nas nuvens do céu, com grande poder e majestade" (Mt 24,30). "À sua presença chorarão os povos" (ibid.). A presença de Cristo trará aos eleitos inefável consolo, e aos réprobos aflições maiores que as do próprio inferno - disse São Jerônimo. Dai-me o castigo que quiserdes, mas não me mostreis naquele dia o vosso rosto indignado. São Basílio disse: "Estas confusão excede toda a pena". Cumprir-se-á então a profecia de São João: os condenados pedirão às montanhas que caiam sobre eles e os ocultem à vista do Juiz irritado (cf. 6,16).

sábado, 19 de abril de 2025

OS SÍMBOLOS DO SÁBADO SANTO.

Hoje, Sábado Santo, a Igreja celebra a Vigília Pascal, considerada a mãe de todas as vigílias por ser celebrada na noite em que Cristo passou da morte à vida. Esta celebração possui quatro partes: a liturgia da luz; a liturgia da palavra; a liturgia batismal; e a liturgia eucarística. Conheça os símbolos presentes nessa missa.

A LUZ E O FOGO
Desde sempre, a luz existe em estreita relação com a escuridão: na história pessoal ou social, uma época sombria vai seguida de uma época luminosa; na natureza é das escuridões da terra de onde brota à luz a nova planta, assim como à noite lhe sucede o dia.

A luz também se associa ao conhecimento, ao tomar consciência de algo novo, frente à escuridão da ignorância. E porque sem lua não poderíamos viver, a lua, sempre, mas sobretudo nas Escrituras, simboliza a vida, a salvação, que é Ele mesmo (Sl 27,1; Is 60,19-20).

A luz de Deus é uma luz no caminho dos homens (Sl 119, 105), assim como sua Palavra (Is 2,3-5). O Messias traz também a lua e Ele mesmo é luz (Is 42.6; Lc 2,32).

As trevas, então, são símbolo do mal, a desgraça, o castigo, a perdição e a morte (Jó 18,6.18; Am 5.18). Mas é Deus quem penetra e dissipa as trevas (Is 60,1-2) e chama os homens à luz (Is 42,7).

Jesus é a luz do mundo (Jo 8, 12; 9,5) e, por isso, seus discípulos também devem sê-lo para outros (Mt 5,14), convertendo-se em reflexos da luz de Cristo (2 Cor 4,6). Uma conduta inspirada no amor é o sinal de que se está na luz (1 Jo 2,8-11).

Durante a primeira parte da Vigília Pascal, chamada “lucenário”, a fonte de luz é o fogo. Este, além de iluminar, queima e, ao queimar, purifica. Como o sol por seus raios, o fogo simboliza a ação fecundante, purificadora e iluminadora. Por isso, na liturgia, os simbolismos da luz–chama e iluminar–arder se encontram quase sempre juntos.

O CÍRIO PASCAL
Entre todos os simbolismos derivados da lua e do fogo, o círio pascal é a expressão mais forte, porque reúne ambos.

O Círio pascal representa Cristo ressuscitado, vencedor das trevas e da morte, sol que não tem acaso. Acende-se com fogo novo, produzido em completa escuridão, porque, na Páscoa, tudo se renova: dele se acendem as demais luzes.

As características da luz são descritas no exultet e formam uma unidade indissolúvel com o anúncio da libertação pascal. O círio aceso é, pois, um memorial da Páscoa. Durante todo o tempo pascal o círio estará aceso para indicar a presença do Ressuscitado entre os seus.

OS SÍMBOLOS DO BATISMO

1. A água
Embora o rito do Batismo esteja repleto de símbolos, a água é o elemento central, o símbolo por excelência. Em quase todas as religiões e culturas, a água possui um duplo significado: é fonte de vida e meio de purificação.

Nas Escrituras, encontramos as águas da Criação sobre as quais pairava o Espírito de Deus (Gn 1,2). A água é vida no regaço, na seiva, no líquido amniótico que nos envolve antes de nascer. No dilúvio universal, as águas torrenciais purificam a face da terra e dão lugar a nova criação a partir de Noé.

No deserto, os poços e os mananciais se oferecem aos nômades como fonte de alegria e de assombro. Perto deles, têm lugar os encontros sociais e sagrados, preparam-se os matrimônios, etc.

Os rios são fontes de fertilização de origem divina; as chuvas e o orvalho contribuem com sua fecundidade como benevolência de Deus. Sem a água, o nômade seria imediatamente condenado à morte e queimado pelo sol palestino. Por isso, pede-se a água na oração.

Deus se compara com uma chuva de primavera (Os 6,3), ao orvalho que faz crescer as flores (Os 14.6). O justo é semelhante à árvore plantada ao borde das águas que correm (Nm 24,6); a água é sinal de bênção.

Segundo Jeremias (2, 13), o povo de Israel, ao ser infiel, esquece Yahvé como fonte viva, querendo escavar suas próprias cisternas. A alma procura Deus como o cervo sedento procura a presença da água viva (Sl 42,2-3). A alma aparece assim como uma terra seca e sedenta, orientada para a água.

Jesus emprega também este simbolismo em sua conversa com a samaritana (Jo 4.1-14), a quem se revela como “água viva” que pode saciar sua sede de Deus. Ele mesmo se revela como a fonte dessa água: “Se alguém tiver sede, que venha para Mim e beba” (Jo 7,37-38). Como da rocha de Moisés, a água surge do flanco transpassado pela lança, símbolo de sua natureza divina e do Batismo (cf Jo 19,34).

Por este motivo, a água se converteu no elemento natural do primeiro sacramento da iniciação cristã.  Desde os primeiros séculos do cristianismo, os cristãos adultos eram batizados em uma espécie de pia cheia de água que tinha duas escadas: por uma descia e por outra saía. A imagem de “descer” às águas representava o momento da purificação dos pecados e estava associada à morte de Cristo.

A saída, subindo pelo lado oposto, representava o renascer à nova vida, como se estivesse saindo do ventre materno e era associado à ressurreição. No centro se fazia a profissão de fé pública. E isto significa que a água do batismo não é algo “mágico” – como pensam muitos – que protege ou transforma por si só, mas sim a expressão deste duplo compromisso: o de mudar de vida morrendo ao pecado e o de renovar a escala de valores, iluminados por Cristo, ressuscitados com Ele.

2. A veste branca
A cor branca sempre foi identificada com a pureza, com o inocente. Parece lógico que, desde os primeiros séculos do cristianismo, os catecúmenos fossem ao Batismo vestidos com túnicas brancas. Poderíamos considerá-lo, inclusive, como inspirado na imagem reiterada do Apocalipse, em que os seguidores fiéis do Cordeiro mereceram vestir-se de branco (cf 3,4-5.18; 4,4;7,9.13-14; 19,14; 22,14).

Entretanto, os textos bíblicos dependeriam do que nos diz a tradição cultural dos primeiros séculos, anterior aos mesmos. Em todo o Império Romano, só os membros do Senado se vestiam com túnicas brancas, por isso os chamavam candidatus, do latim “cândido”, branco. Desta maneira, manifestava publicamente sua dignidade, a de servir ao Imperador, o qual se apresentava como o filho de deus.

Os cristãos, então, a irem vestidos de branco a receber o Batismo, tentaram mostrar que a verdadeira dignidade do homem não consiste em trabalhar para nenhum poder político, mas em servir a Jesus Cristo, o verdadeiro Filho de Deus. Portanto, mais que símbolo de pureza, era símbolo de dignidade, de vida nova, de compromisso com um estilo de vida e com o esforço cotidiano por conservá-la sem mancha, para ser considerados dignos de participar do banquete do Reino (cf. Mt 22, 12).

Em uma sociedade consumista como a nossa, em que a dignidade das pessoas depende de como vão vestidas, da moda que seguem, das marcas que usam, os cristãos deveriam nos perguntar o que fizemos de nossa “veste branca” batismal e verificar se, como diz São Paulo, “tendo-nos revestido de Cristo” (cf. Gl 3.27).