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quinta-feira, 10 de abril de 2025

MEDITAÇÃO DE HOJE.


"AMA E FAZE O QUE QUERES"

Diz Santo Agostinho: "Ama e faze o que queres", ama a Deus e faze o que quiseres. Quem ama verdadeiramente a Deus, não anda à procura de outra coisa senão o gosto de Deus, e só nisto acha o seu contendo, em fazer gosto a Deus. Escreve Santa Teresa: "Quem busca somente o contentamento do seu dileto, contenta-se com tudo o que satisfaz ao dileto. Esta força o amor tem quando é perfeito, de fazer a pessoa esquecer-se de toda satisfação e vantagem própria e faz que todo o seu pensamento se dirija a fazer gosto ao seu dileto e a buscar um modo para honrá-lo perante se e perante os outros. Ó Senhor, todo o dano provém de não mantermos os olhos fixos em vós! Se olhássemos somente para o caminho, logo chagaríamos. mas caímos e tropeçamos mil vezes, e também nos desviamos da rota, por não olharmos atentamente para o verdadeiro caminho". Eis, portanto, qual dever ser o único objetivo de todos os nosso pensamentos, das ações, dos desejos e das nossas orações, o gosto de Deus. e este dever ser o nosso caminho para a perfeição, o caminhar de acordo com a vontade de Deus.

Deus quer que cada um de nós o ame de todo o coração: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração. (MT 22,37). A alma que ama a Jesus Cristo de todo o coração, e que lhe diz de coração sincero aquilo que lhe disse o Apóstolo: Senhor, o que queres que eu faça? (At 9,6): Senhor, mostrai-me o que quereis de mim, que eu o quero fazer por completo. E entendamos que, quando queremos aquilo que Deus quer, queremos o nosso maior bem: porque certamente Deus só que o melhor para nós. Dizia São Vicente de Paula: "A conformidade com a vontade divina é o tesouro do cristão e o remédio para todos os males; pois ela contém a negação de si e a união com Deus e com todas as virtudes". Eis, em suma, onde se encontra toda a perfeição: Senhor, o que queres que eu faça? Promete-nos Jesus Cristo: Mas não se perderá um cabelo da vossa cabeça (Lc 21,18). Quer dizer que o Senhor nos repaga todo o bom pensamento que temos de fazer-lhe gosto a toda a tributação que abraçamos com paz, conformando-nos à Sua santa vontade. Dizia Santa Teresa: "O Senhor nunca manda uma tribulação sem recompensá-la com algum favor, sempre que a aceitamos com resignação".

Mas a nossa conformidade com a vontade divina tem de ser inteira, sem reservas, e constantes, sem hesitação. Nisso consiste o cúmulo da perfeição, e para isso, repito, devem-se voltar todas as nossas orações. Algumas almas de oração, ao ler sobre os êxtases e raptos de Santa Teresa, de São Filipe Néri e de outros santos, são induzidas a alcançar essas uniões sobrenaturais. Tais desejos devem ser eliminados, porque são contrários à humildade; se quisermos fazer-nos santos, devemos desejar a verdadeira união com Deus, que consiste em unir totalmente a nossa vontade com a de Deus. Escreve Santa Teresa: "Enganam-se os que creem que a união com Deus consiste em êxtases, raptos e gozos junto a Ele. Não consiste noutra coisa senão no assujeitamneto da nossa vontade à vontade de Deus; e então essa sujeição será perfeita quando a nossa vontade estiver despegada de tudo, e unicamente unida à de Deus, de forma que todo o seu movimento seja somente o querer divino. Essa é a verdadeira e essencial união que sempre desejei e peço continuamente ao Senhor". E depois acrescenta: "Oh, quantos de nós não dizemos isso e nos parece que desejamos apenas isso; mas, pobre de nós, quão poucos somos os que aí chegamos!". E essa é a verdade: muitos dizemos: Senhor, dou-vos toda a minha vontade, não quero nada além do que quereis vós; mas, quando depois nos acontecem as contrariedades, não sabemos aquietar-nos com a vontade divina. E aqui nasce aquele queixar-se de ter má sorte neste mundo, e o dizer que todas as desgraças são as nossas, e a levar uma vida infeliz.  

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