Imagina, minha alma, que vês passar Jesus nesse doloroso caminho. Assim como um cordeiro é levado ao matadouro, o amantíssimo Redentor é conduzido à morte. Ele está tão esgotado e enfraquecido pelos tormentos, que apenas pode ter-se em pé. Ei-lo todo dilacerado pelas feridas, com a coroa de espinhos sobre a cabeça, com o pesado madeiro sobre os ombros e com algoz que puxa por uma corda. Caminha com o corpo curvado, com os joelhos trêmulos, gotejando sangue; anda com tanta dificuldade que parece que a cada passo vai exalar a vida. Pergunta-lhe: "Ó cordeiro divino, não estais ainda farto de dores? Se com isso pretendeis conquistar o meu amor, deixai de sofrer que eu quero amar-vos com desejais". "Não", responde-te, "ainda não estou satisfeito: só então estarei contende, quando estiver morto por teu amor". "E agora aonde ides, meu Jesus? "Vou morrer por ti, não mo impeças; uma só coisa eu pelo e recomendo: quando me vires morto sobre a Cruz por ti, recorda-te do amor que te dediquei; lembra-te disso e ama-me".
Ó meu aflito Senhor, quanto vos custou o fazer-me compreender o amor que me consagrastes. Que vantagem vos poderia trazer meu amor, que para conquistá-lo quisestes sacrificar vosso Sangue e a vida? E como pude eu, objeto de tão grande amor, viver tanto tempo sem vos amar, esquecido de vosso afeto? Agradeço-vos a lua que me dais agora e que faz conhecer o quanto me tendes amado. Eu vos amo, bondade infinita sobre todas as coisas; desejaria, se pudesse, sacrificar vos mil vidas, que quisestes sacrificar a vossa vida divina por mim. Concedei-me aqueles auxílios que me haveis merecido com tantas penas para vos amar de todo o coração. Dai-me aquele santo fogo que vieste acender na Terra, morrendo por nós. Recordai-me sempre da vossa morte, para que nunca mais me esqueça de vos amar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário